Larry Crowne. EUA, 2011, 98 minutos, comédia. Diretor: Tom Hanks.
Estamos diante de um filme sem foco, aparentemente sem roteiro, com atuações medianas e que só se mantém pelo carisma de Julia Roberts, que está bonita, mesmo quando se mostra extremamente amarga.
O que motivou a assistir a esse foi justamente a presença de Julia Roberts, que, mesmo em filmes medianos, consegue cativar a minha atenção. E é justamente assim com esse filme, dirigido por Tom Hanks e também co-protagonizado por ele. Conhecemos a história de Larry Crowne, que é despedido após trabalhar muitos anos numa rede de supermercados. O motivo: não possuir ensino superior - o que, segundo os chefes, prejudica a empresa, já que impossibilita o seu crescimento. Larry então decide matricular-se na universidade local, onde, no curso de Oratória 217, conhece Mercedes, uma professora desmotivada com a profissão e com seu casamento.
A primeira dificuldade básica nesse filme é encontrar o seu foco. São muitas histórias acontecendo e todas elas buscam intensificar a história de Larry, mas, como vemos, dificilmente percebemos o desenvolvimento delas, já que elas, por serem muitas, não encontram espaço para se mostrarem vívidas na trama. A começar, temos aquilo que parece ser o tema do filme: o romance entre Mercedes e Larry. Percebemos essa relação de afeto pelo modo como ele sutilmente modifica a personalidade brusca dela e pelo modo como ele faz com que ela, pouco a pouco, passe a querer estar em sala de aula ou, até mesmo, queira ser mais gentil com os outros. Isso, no entanto, não se desenvolve bem e cabe apenas ao espectador compreender essas mudanças - na verdade, o máximo que vemos são mudanças mínimas no comportamento dela e isso é repetido exacerbadamente ao longo da história.
Ainda, além do que parece ser o plot principal, temos ainda outras três temáticas que são apresentados: a vida pessoal de Mercedes e o seu relacionamento conturbado com seu marido, que parece não lhe dedicar a atenção que ela requer, o que, por conseqüência, cria uma série de desencontros entre eles, culminando na reprovação da atitude de um por parte do outro e vice-versa; também conhecemos a relação estabelecida entre Larry e Tália, que o nomeia Lance Corona, já que, segundo ela, “Larry” não é um nome que faz jus à pessoa que ele é; ainda há o problema entre Larry e ele mesmo, que passa por um processo de autoreconhecimento, no qual percebe que a sua vida havia sido bastante limitada e reduzida às coisas que ele acreditava ser “perfeitas” como o emprego aparentemente interessante que tinha na rede de supermercados.
Penso que seja essa série de desencontros que fazem com que o filme perca a sua potência. Não quero dizer que ele tivesse os elementos necessários para torná-lo uma grande, mas decerto há comédias românticas bem mais interessantes, que chamam bem mais a atenção do que esse título, justamente por se focarem em algo mais específico em vez de “atirar para todos os lados” como forma de tentar transformar a história em algo mais complexo. Isso evidentemente falha, porque faz com que a narrativa disperse e, a somar, os personagens se tornem mais superficiais do que eles seriam se seu enredo seguisse simplesmente a fórmula clássica dos filmes do gênero. Tália, Lala, Mercedes, Lance Corona e Larry Crowne são inferiorizados por um roteiro que não consegue adaptá-los ao espaço temporal de que o filme dispõe - uma hora e meia não suficiente para discorrer a respeito de tantos assuntos como Tom Hanks, o diretor e roteirista, e Nia Vardalos, co-roteirista, supuseram.
E entre tantos problemas que o filme apresenta, a sua quase salvação está no elenco. Não me refiro especificamente à atuação de Tom Hanks, que, embora simpático, parecer ter perdido aquele charme delicado que havia nas épocas de Sleepless in Seattle e You’ve Got Mail, filmes que co-protagonizou ao lado de Meg Ryan. Eu falava mesmo a respeito de Gugu Mbatha-Raw, intérprete de Tália, e Julia Roberts, que dá vida à Mercedes Tainot - T-A-I-N-O-T, não Tainá, Tina ou Terry, como ela mesma diz. As duas atrizes carregam consigo tanta simpatia que vê-las em cena ajuda o filme, pois realmente nos sentimentos confortáveis ao vê-las. Em especial, adoro as cenas em que Mercedes Tainot demonstra a sua irritação com a vida, parecendo não haver nada que a agradasse.
Basicamente, é uma comédia sem muitos momentos de riso, que não apresenta nada novo, que não oferece ao espectador o carisma ilusório de pensar que no final tudo dá certo, mesmo que nesse filme tudo dê certo - percebamos: nem sequer somos convencidos por aquilo que o filme parece defender - a magia do amor. O único momento crítico da obra - e que não é mostrado com o tom crítico que lhe cabia - é justamente o fato de Mercedes dar nota A+ a Larry quando percebemos que isso evidentemente só aconteceu por causa da relação de carinho que ela tinha por ele. Ou seja, ela é uma professora desiludida, irritada, hostil que, quando se livra dessas características ruins, se torna antiética! Mas, enfim, acho que essa crítica não cabe ao enredo. Enfim, Larry Crowne é um filme que não surpreende nem entretém muito, mas vale a pena por Julia Roberts - que, como Julianne Moore, parece sempre fazer um filme se tornar assistível somente pela sua presença.
4 opiniões:
Concordo com você sobre o filme. Parece-me uma guerra feita contra ele próprio atirando sobre sua própria história. Mas confesso em na maior parte do tempe me entreteve sim. Gosto muito de Tom Hanks e Julia Roberts, mas nesse filme, destaco a atuação e o papel dela. Boa abordagem, amigo!
Abraços
O que me chama a atenção para ver este filme é, assim como você, a presença de Julia Roberts. Gosto bastante dela e já gostei de vê-la no trailer. Portanto, espero ver em breve!
P.S.: Ficou massa tua nova maneira de postar com as imagens e tals...
Gostei da forma que colore a fonte do subtítulo para que orne com a cor predominante na capa do filme. Acho de muito bom gosto o contraste que há entre o layout bem estruturado e organizado do seu blog com a sua imagem do perfil. Sem falar nas resenhas. Você deve ser, no mínimo, interessante. Gostaria de conhecê-lo pessoalmente para que conheçamos um os interesses e gostos do outro, em várias aspectos, inclusive filmes, obviamente.
Abraços, campeão.
Tb achei q a historia não congruem e atrapalham o andamento do filme, mas enfim, passa sem muitos problemas.
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