Depois dos italianos Sophia Loren e Roberto Benigni, respectivamente em 1962 e 1999, e da francesa Marion Cotillard, em 2008, Jean Dujardin tornou-se o primeiro ator francês a levar um Oscar pra casa por uma interpretação em língua não-inglesa – aliás, aqui cabe o adendo de que ele também foi o primeiro ator a sagrar-se vencer por uma película sem falas. Falando em atores de outras nacionalidades que não a estadunidense ou inglesa, nessa categoria houve um mexicano e um francês, acontecimento não muito comum, principalmente em se tratando de atores naturalmente de língua não-inglesa. Dois atores são veteranos nessa lista: Brad Pitt, na sua terceira indicação como ator, e George Clooney, já tendo concorrido outras cinco vezes, que foram divididas entre atuação (Siryana, 2005; Michael Cleyton, 2007; e Up in the Air, 2009), roteiro e direção (Good Night and Good Luck, 2005), além de ter também concorrido em 2012 na categoria de roteiro adaptado por The Ides of March, dividindo a cena com Ryan Gosling, um dos esnobados da categoria. Gary Oldman foi a surpresa entre os indicados, já que todos esperavam Gosling em seu lugar, seja pelo filme no qual atua com Clooney, seja por sua atuação no filme de Nicolas Winding Refn, já bastante cult. Sobre a indicação de Oldman, a pergunta inevitável é: mérito do ator ou reconhecimento tardio pela Academia?
Brad Pitt, por “O Homem que Mudou o Jogo”
Brad Pitt teve o desempenho mais mediano dentre os atores indicados nessa categoria. Embora eu tenha gostado da atuação de Jonah Hill e do resultado do filme como um todo, não vi nada demais em Pitt. Sua atuação em The Tree of Life, por exemplo, é muito mais significativa. Por muitas vezes, falta carisma na forma que os dramas pelos quais seu personagem passa fazendo que sintamos apenas empatia por ele. (por Renan)
Demian Bichir, por “Uma Vida Melhor”
Bichir, pra mim, foi a grande revelação da noite. Digo revelação, pois esperava dele – e do filme como um todo – algo mediano e insosso (acho que a temática do filme me remetia muito a The Visitor, 2007), porém, sua atuação não é nada disso. Apreciei muito a naturalidade com que o ator deixa transpassar os aspectos psicológicos do seu personagem. Apesar de, à primeira vista, sua atuação parecer um pouco rasa, com o passar do longa vamos nos acostumando ao ritmo que seu personagem foi construído e vamos simpatizando, e muito, com a sua atuação. (por Renan)
Gary Oldman, por “O Espião que Sabia Demais”
Existem filmes que são bastante estranhos, às vezes ruins, mas que cabe ao seu ator principal, ou ao elenco, dar vida a uma obra que passaria despercebida. Jonh le Carré é o autor de muitos títulos interessantes e Tinker Tailor Soldier Spy é um dos livros que, adequados à transposição, seria uma grande obra fílmica. Infelizmente, Gary Oldman, apesar de bastante satisfatório, não salva o filme nem atrai a atenção. A cara fechada, a voz baixa, os gestos cronometrados e sempre seguros não se destacam e sua indicação se deve principalmente a uma sensação de dívida que a Academia tem com o ator, que nunca havia sido indicado. (por Luís)
George Clooney, por “Os Descendentes”
Apesar de achar o filme cansativo e monótono, considero a atuação do Clooney a segunda melhor entre os indicados (perdendo apenas para Jean Dujardin). O veterano foi capaz de passar toda a dor de um pai que tem que lidar com a esposa em coma, com os filhos que passam por problemas emocionais e com os negócios da família. O estado que o ator repassa para o público é um ar cansado, quase catatônico pelos pesos de todas as circunstâncias que estão acontecendo em sua vida. Se Dujardin não estivesse concorrendo, ou se o Oscar, assim como o Globo de Ouro fosse divido por gênero, eu facilmente o consideraria vencedor. (por Renan)
Jean Dujardin, por “O Artista”
Uma voz silente absurdamente expressiva. Um sorriso que enaltece seu rosto bonito. E Jean Dujardin não é apenas um rosto bonito, mas muito mais do que isso: o ator consegue inclusive apresentar a característica canastrona dos atores das décadas de 1930-1940. Isso só mostra o quanto ele estava inserido no seu personagem, um ator que vive nos anos 1920 e que fazia bastante uso das expressões exagerados. A interpretação do ator é um misto de carisma, eficiência e, inevitável à composição do personagem, decepção, dado o fato de que George Valentin vive às mínguas a partir da ascensão do cinema falado. (por Luís)
CONCLUSÕES:
Renan
Concordo com a Academia: Sim
Quem deveria ter vencido: Jean Dujardin por "O Artista".
O ator francês trouxe, com êxito, todo o charme e classe dos filmes P&B e mudos. Nessas condições Dujardin foi espetacular nos presenteando com um personagem carismático, charmoso que nos fazem querer assistir mais obras que contenham a sua participação. Sua atuação magistral, com certeza ficará marcada na nossa mente como uma das melhores que já conferimos.
Luís
Concorda com a Academia: sim.
Quem deveria ter vencido: Jean Dujardin. Acredito que haja apenas dois vencedores dessa noite que inequivocadamente já eram vencedores antes mesmo de sabermos efetivamente o resultado. E, sem me prolongar, não vejo como qualquer outro indicado pudesse vencer o carisma e potência do ator francês, que merecidamente arrebatou o seu primeiro Oscar.
5 opiniões:
As indicações de melhor ator neste ano foram enormemente comerciais e burocráticas. Não concordo com absolutamente nada dela e vou mandar minha lista para discussão aqui por ordem de preferência: Michael Shannon (O Abrigo), Gary Oldman (Espião que sabia demais), Michael Fassbender (Shame), Ryan Gosling (Drive) e Brendan Gleeson (O Guarda).
Nem posso opinar. Ainda não vi nenhum dos filmes indicados neste categoria... Enfim...
Dos cinco indicados só assisti às atuações de George Clooney e Jean Dujardin. Não me surpreende que a briga pelo Oscar 2012 de Melhor Ator tenha ficado entre eles. Os dois são muito carismáticos, charmosos e talentosos. Monopolizaram as atenções nessa temporada de premiações. Por mais que eu goste da vulnerabilidade emocional que George Clooney demonstrou, pela primeira vez como ator, em “Os Descendentes”, não dá pra discordar da escolha final da AMPAS. O trabalho do Dujardin era mais difícil e mais complexo. Uma vitória merecida!
E ae, rapaz. Obrigado pela visita e comentários no Poses. Por conta do SBBC, eu cheguei a conhecer o seu blog e gostei do que vi.
Espero mais atualizações!
Grande abraço.
Osha, Goldman por reconhecimento da obra? Não, não. Infelizmente, o estilo da atuação de Oldman em O espião que Sabia Demais é um dos mais subestimados. Carece, talvez, de uma revisão para apreciar sua atuação, de tão delicada, cuidadosa, minuciosa e detalhada ela é. De longe, ele é o meu favorito da lista: pisa, cospe e peida em todos os outros indicados. Quando ao Dujardin, não achei merecido. Pra mim, sua atuação rivaliza de pau a pau com a do Clooney, com uma leve vantagem para o quarentão de Os Descentes. Já o Pitt, achei a atuação merecida e excelente - não fica triste com sua vitória. Mas faltou um Fassbender aí, pelo fabuloso Shame!
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