Particularmente, desde que eu comecei a analisar o Oscar, essa é sempre a categoria que eu espero pra ver, tanto os indicados, quanto os vencedores. Em um aspecto que não sei dizer qual é, essas mulheres nos encantam com atuações sempre muito boas que nos fazem torcer por elas e defende-las até o fim. Em 2012, tivemos quatro veteranas e uma novata que mostraram o melhor da sua atuação. Nessa categoria, há apenas uma estreante: Rooney Mara; todas as outras já haviam conquistado indicações anteriormente, Michelle Williams inclusive tem seu nome na lista pelo segundo ano consecutivo. As grandes veteranas são Glenn Close e Meryl Streep – a primeira concorreu em cinco oportunidades anteriores e a segunda concorreu dezesseis vezes antes; como é de se imaginar, as duas já competiram – não apenas uma, mas duas vezes, fazendo com que esse seja o terceiro encontro das duas como concorrentes. A 17ª indicação de Meryl Streep marcou uma vitória que, desde o começo, era bastante questionada: primeiro veio a ameaça da Marilyn Monroe de Williams, depois a interpretação político-social de Viola Davis – no fim, a premiada foi a atriz americana interpretando um ícone do Reino Unido.
Glenn Close, por “Albert Nobbs”
Se “Albert Nobbs” é uma obra pouco contundente, a interpretação de Glenn Close é simplesmente magnífica. Toda composta em pequenas sutilezas – o mover, o olhar, o falar –, sua atuação realmente merece destaque e atrai a atenção para si. Houvesse menos dispersão no roteiro, decerto seu desempenho seria um dos mais merecedores, já que Close realmente parece empenhada em transformar sua personagem em uma criatura memorável, que só não atinge esse objetivo devido à falta de força do filme. (por Luís)
Meryl Streep, por “A Dama de Ferro”
Acho que não há muito que falar de Meryl Streep. Parece que essa mulher consegue passar a impressão que ela pertence à família de cada pessoa – qualquer que seja a pessoa – devido ao tanto que torcemos por ela. Em The Iron Lady, vimos uma atuação fantástica merecedora do prêmio. Meryl nos mostra uma Margareth Thatcher tanto jovial quanto senil e em ambas as épocas ela, a atriz, está maravilhosa. Deve-se destacar a atuação dela como a velha Margareth com todos os trejeitos e uma leve tremedeira e como isso se contrapõe a Margareth nova e toda enérgica. As expressões e os trejeitos da personagem adicionados pela atriz fazem com que o enredo do filme fique totalmente apagado ao lado de sua atuação. (por Renan)
Michelle Williams, por “Sete Dias com Marilyn”
Interpretar uma pessoa real tem suas vantagens e também suas dificuldades. Michelle Williams conseguiu dar vida à personagem Marilyn Monroe sem se mostrar caricata e sem se apoiar na já conhecidíssima figura de Monroe. Ainda que esteja interpretando alguém verídico, Williams não se limitou a nada e mostrou extremo talento ao fazer-nos amá-la e odiá-la, a fazer-nos querê-la próxima e mantê-la distante. Michelle Williams conseguiu algo incomum: tornou-se Marilyn, mas, ao mesmo tempo, soube expor sua própria personalidade em cena. (por Luís)
Rooney Mara, por “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”
Rooney era a ilustre desconhecida da noite. Mesmo tendo participado (em pequenas cenas) de obras famosas como The Social Network, o grande público não conhecia o seu trabalho. Em Millenium – The Girl with the Dragon Tattoo (título porcamente traduzido, diga-se de passagem) Rooney nos presenteia com uma indicação ímpar que a difere muito das outras nominadas. Pessoalmente, achei que a atuação de Rooney muito satisfatória, repassando bem para a grande tela o caráter forte e determinado de sua personagem. Aspectos técnicos como maquiagem e fotografia do longa, são exemplos de fatores externos que só ajudam em sua interpretação. (por Renan)
Viola Davis, por “Histórias Cruzadas”
Viola mais uma vez se recosta numa personagem dramática cuja força reside na própria composição artística, deixando ao ator pouco espaço para trabalhá-la. E Viola faz o satisfatório, aquilo que era esperado, já que por si só Aibeleen é extremamente chamativa. A atriz a conduz de modo satisfatório, aproveitando bem os vários momentos emocionais para dar-lhe um tom mais pluridimensional, ainda que a personagem persista numa única linha. Mais uma vez, Viola conquista a simpatia do público mais pela personagem que interpreta do que pela sua interpretação – e foi justamente esse carinho por Aibeleen que rendeu a Viola outra indicação. (por Luís)
CONCLUSÕES:
Renan
Concordo com a Academia: sim.
Quem deveria ter vencido: Meryl Streep, por 'A Dama de Ferro'
Se há alguma categoria que não precisa de discussão, essa é 'Melhor Atriz'. Nenhuma das quatro indicadas não passaram nem perto do trabalho que a veterana mostra em ''A Dama de Ferro'. Meryl, em sua 17º indicação, talvez nos presenteie com seu melhor trabalho, estando ele maduro, controlado e - utilizando o adjetivo que melhor cabe - perfeito. O filme por si só não é lá grande coisa, e é aí que Meryl entra e se torna o filme.
Luís
Concorda com a Academia: sim.
Quem deveria ter vencido: Meryl Streep. A meu ver, sua concorrente por merecimento era Glenn Close, que infelizmente sucumbiu à fraqueza do roteiro do filme em que atuou. Michelle Williams vinha depois, numa interpretação espontânea que realmente me impressionou, principalmente porque ela soube fazer-se presente sem jamais perder a essência de sua personagem. Mas Meryl Streep, mesmo num filme de caráter biográfico bastante incomum (muitos preferiram o termo duvidoso), conseguiu apresentar uma interpretação devastadora e monstruosamente boa, que nem mesmo o apelo social da personagem de Viola Davis foi capaz de perturbar. Meryl Streep fez por merecer e não há o que me convença de que essa filme comporta uma das melhores interpretações da carreira dessa atriz.
1 opiniões:
Pra mim, a verdadeira merecedora era Rooney Mara. Sua atuação exprime perfeitamente o sentimento de desolação sentido por sua personagem, tendo passagens ainda de extrema confiança e outras de perversão extrema. Se não ela, votaria na Glenn Close, uma atuação repleta de nuances e detalhes. Meryl Streep, pra mim, foi só Meryl Streep. Não que seja ruim, mas vi ela na personagem, não a personagem. Muito disso, na verdade, se deve ao roteiro que a sabota o tempo todo. Mas, ainda sim, infelizmente, recai na sua atuação. Além disso, não achei nada de mais mesmo, pra mim, levou por conjunto da obra e pela caracterização ótima - que vale lembrar: muito se vale de maquiagem. A Viola Davis está bem, mas, pra mim, nada de sobrenatural também. Quando à Michelle, estou esperando o lançamento nacional do filme para conferir seu desempenho!
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