7 de dez. de 2010

Elizabeth

Elizabeth. Inglaterra, 1998, 124 minutos. Drama.
Indicado a 6 Academy Awards, incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz (Cate Blanchett)
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Assisti a esse filme por causa da escolha da equipe do blog Um Oscar por Mês, já que decidimos analisar os premiados do ano de 1999. Confesso que esse filme nunca tinha me chamado a atenção e mesmo depois de vê-lo não senti muita densisdade nesse relato histórico sobre a ascensão de Elizabeth I, também conhecida como A Rainha Virgem.

Para começar, eu preciso dizer que é necessário um mínimo de conhecimento a respeito dos acontecimentos que dominavam a Inglaterra e a Europa naquele momento, que corresponde ao ano de 1554. O filme por si só não é capaz de transmitir tudo o que é preciso saber para compreender o porquê de tanto conflito. Abalada pela cisão religião, a Europa se encontrava em conflitos entre protestantes e católicos. Na Inglaterra, havia tanto uns como outros e, com o domínio de Mary, surgiu uma onda de "caça às bruxas", na qual os protestantes eram perseguidos impiedosamente a fim de "limpar" a Inglaterra. Sem herdeiro legítimo, a morte da Rainha Mary traria ao trono sua meia-irmã - filho do rei Henrique VIII com Ana Bolena -, Elizabeth, que era protestante. O que a Corte temia era que Elizabeth transformasse a Inglaterra numa nação protestante. Como instruções papais determinavam ser heresia quaisquer outras religiões que não a católica, o caos se instalou na Europa, fazendo com que nações se posicionassem contra outras nações, de religiões diferentes.

Óbvio que eu não poderia esperar muita História de um filme, afinal se o fizessem assim, provavelmente ele se tornaria bem maçante e comprido. Ficção foi necessário e omissões a eventos históricos também. Pelo menos, o filme focou-se naquela que foi uma das maiores preocupações dos momentos iniciais do reino elizabeteano: os confrontos religiosos. Outros eventos ainda são mostrados, mas não são bem esclarecidos, deixando o espectador em dúvida do porquê aquilo tem que ser daquele jeito. Um bom exemplo são as várias discussões sobre Elizabeth casar-se e gerar um herdeiro, para garantir o trono. Ainda que lógico, não fica bem explicado no filme o funcionamento disso e creio que fosse necessário maiores esclarecimentos a fim de que o filme atingisse também àqueles que não conhecem esse período da história inglesa. A ascensão da Igreja Anglicana também é mostrada de maneira muito sutil, sem a pompa que merecia. Depois de vermos conflitos religiosos o filme todo, o final apenas mostra Elizabeth intocável, sem esclarecer bem qual a decisão a respeito da religião.

As interpretações são boas, na minha opinião. Todos estão bem, mas não há nenhum grande momento para nenhum personagem. A indicação que Cate Blanchett recebeu certamente se deve às cenas em que ela ri, porque sua risada é o tempo todo muito espontânea. A princípio sutil, a Rainha vai se tornando mais forte - essa é a gradação da interpretação de Blanchett. No começo do filme, ela parece bem bonbinha, com olhares dispersos e imaginativos. Ao longo do filme, Cate deu o tom austero e decisivo à Elizabeth. Honestamente, não sei se eu a indicaria, mas, no máximo, haveria apenas uma indicação mesmo. Vale ressaltar que sua interpretação é mais intensa do que a de Gwyneth Paltrow, que acabou vencendo na categoria em que concorriam. Joseph Fiennes e Geoffrey Rush também estão presentes aqui, tal como estiveram em Shakespeare Apaixonado, e suas interpretações são comuns, sem grandes atrativos. O destaque vai mesmo para Blanchett.

As seis indicações que o filme recebeu não o sobrevalorizam. Mesmo que seja um pouco superficial quando ao roteiro, seus elementos técnicos são realmente impressionantes, como a direção de arte, os figurinos, a direção, fotografia, etc. Eu acho que Elizabeth se trata de um filme mediano, sem alcançar o ápice que merecia. No entanto, é divertido vê-lo e tem alguns momentos legais, principalmente os que se referem à transformação pela qual passa a Rainha. É insteressante criar uma ponte: será que a Elizabeth simpática de Cate Blanchett se tornou a Elizabeth arrogante vivida por Judi Dench, em Shakespeare Apaixonado? Como curiosidade, as duas concorreram na cerimônia de 1999 por essa personagem.

2 opiniões:

Nelson L. Rodrigues disse...

Parabéns pelo blog

Ótimo post, sincero, conciso e inteligente, concordo com você sobre este filme.


abraço

Rafael disse...

Filmes assim me lembram que eu sou flageladinho, que nunca vou ter um passado nobre e que não poderei montar uma banda indie sem atestar minha falta de personalidade.
Eu queria ser inglês.