Dangerous Minds. EUA, 1995, 99 minutos, drama. Diretor: John N. Smith.
Uma obra mediana, que aborda os problemas reais que um professor pode enfrentar quando se depara com uma classe que não dá o devido valor aos estudos. Encabeçado por Michelle Pfeiffer, o filme propõe um questionamento interessante sobre os problemas atuais do ensino.
Baseado no livro lançado pela ex-oficial da marinha LouAnne Johnson que desistiu do seu cargo para lecionar inglês e, logo na sua primeira tentativa, deparou-se com uma classe de alunos violentos e sem quaisquer perspectivas. Michelle Pfeiffer assumiu o papel principal nessa obra cinematográfica que, como muitos filmes biográficos, a cada instante tenta capturar a tenção do espectador para a bondade do personagem central
Na verdade, acho que Dangerous Minds é uma obra razoável. E o seu nível mediano se deve exatamente à insistência em manter a narrativa morna, sem ousadia e sem nuances capazes de surpreender. Embasado em muitos clichês e estruturado por um roteiro comum, é muito fácil comparar essa obra àquelas que são frequentemente exibidas na Sessão da Tarde e que são feitas para agradar espectadores de todos os níveis - tanto aqueles que gostam de objetividade quanto aqueles que estão aptos a depreender informações importantes dos filmes. Não creio que haja muito o que ser dito sobre o roteiro e as atuações. A história é narrada de modo muito idealizador, transformando LouAnne numa heroína - às vezes, como na cena em que ela impede uma briga, incomoda um pouco, mas de um modo geral o roteiro se ocupa em torná-la mais normal conforme o filme se desenvolve. Michelle Pfeiffer, por sua vez, consegue defender bem a sua personagem. Isso não quer dizer que sua interpretação seja magnífica; ela está apenas correta. Devo ainda acrescentar que, considerando a maneira como a personagem é concebida pelo roteiro, não é mesmo muito difícil compô-la.
Saindo um pouco da esfera cinematográfica, acho interessante comentar o quão importante é esse tipo de análise comportamental. É muito fácil, em sala de aula, para um professor atribuir julgamentos e culpas aos alunos sem compreender a realidades deles. E é também comum aos alunos se agarrarem a princípios deterministas como aquele que define que a pessoa será algo por o meio determina. São várias as passagens que evidenciam esses pensamentos e também há passagens que mostram com eficiência o preconceito existente no âmbito escolar e que é, muitas vezes, difundido pela própria coordenação da escola. E se buscarmos além do que o filme mostra, depreenderemos uma filosofia importante: temos que fazer escolhas, não importa que as opções não nos agradem totalmente. LouAnne, no melhor momento do filme, diz para os seus alunos que ninguém deve se fazer de vítima, porque sempre há possibilidade de escolha e que somos nós quem decidimos. Em sala de aula, o professor deve compreender que há fatores externos que, pelo fato de os alunos estarem inseridos em sua área de ação, acabam afetando os estudantes.
Mentes Perigosas não é um filme surpreendente, mas está longe de ser uma obra ruim. É um filme mediano, que pode ser facilmente previsto do seu início ao seu fim, mas que, se visto com serenidade, pode acabar entretendo o espectador e proporcionando um pouco de questionamentos a respeito de como devem ser portar professor, alunos, coordenadores, diretores, e todo o conjunto escolar. Vale uma conferida, daquelas despretensiosas.
2 opiniões:
Os chamados "filmes pedagógicos" me enervam profundamente. Não todos. Pelo menos a maioria dos documentários são bons. Mas o dramas tem essa tendência que você explorou muito bem. E da fato, para nós professores, essa relação com o exterior não pode ser perdida de vista NUNCA. Sem buscar no Sartre, Heiddeger ou Horkheimer a influência da composição do caráter e escolha do indivíduo, é importante sabermos que o professor lida com humanos, que tem seus desejos, tentações, paixões.
Ótimo texto. Eu gosto da Pfeifer, mas ao que parece ela está medíocre aqui. Ainda não vi esse filme, mas, embora saiba o que vou achar nele, quero vê-lo.
Parabéns!
O filme é fraco mesmo, mas tem seus pontos interessantes - eu acho que a personagem de Pfeiffer convence, não é sempre que o aspecto de 'heroína' se sobressaia assim. E, na época de lançamento, eu vi o filme na escola, ainda era criança, e o filme mexeu bastante comigo. Vi anos depois e reconheci as falhas...
parabéns pelo texto, notei que mudou um pouco sua estrutura. abraço
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