22 de nov. de 2011

Drive

Drive. EUA, 2011, 100 minutos, thriller. Diretor: Nicolas Winding Refn.
Um filme de refinamento que, na sua arte contida, parece oscilar entre o muito bom e o apenas satisfatório.

Mal o filme foi lançado e há diversos rumores a respeito dele: talvez conquiste várias indicações nas próximas temporadas de prêmios, talvez dê a Ryan Gosling a sua segunda indicação ao Oscar, entre outros assuntos. Mas, sobretudo – e não se trata de um boato –, o filme tem sido considerado como um dos melhores lançados recentemente, ocupando, até a data de escrita dessa resenha, a centésima trigésima sétima (137ª) posição entre os 250 melhores filmes listados pelo IMDB.

A história do dublê anônimo de Hollywood nos é contada pouco a pouco: a sua profissão, a sua relação com uma vizinha e com o filho pequeno dela, por quem passa a desenvolver um carinho especial, o seu trabalho nas horas vagas, como mecânico – e principalmente a sua escolha por ajudar o marido ex-prisioneiro de Irene, a vizinha, que, devido às dívidas contraídas na prisão, deve pagar o que deve a fim de manter sua família viva.


Sabemos pouco a respeito desse stunt man – nem sequer conhecemos seu nome. Sabemos que ele é muito bom no que faz, seja como dublê ou como motorista para assaltantes, que é outro trabalho que ele esporadicamente faz. E ele afirma que não carrega armas, logo não mata ninguém. Mas essa é uma afirmação que se mostrará falsa ao longo da trama, já que ele eventualmente acaba sendo obrigado a dar uns tiros ou até mesmo pisotear brutalmente a cabeça de um indivíduo. A história, no entanto, não se foca exclusivamente nessa situação brutal pela qual ele passa; vemos também o desenvolvimento da relação dele com Irene, que, qual ele, se envolve e cria expectativas em relação àquilo que poderão viver juntos.

Não nego que haja no filme algo de requintado. A direção de Refn me parece lenta e cansativa demais, no entanto os elementos presentes em cena, bem como a atuação de Gosling ou a fotografia do filme são realmente impressionantes. Quando penso no filme em fotografias – numa série de quadros sendo apresentados e assim criando a narrativa –, eu o enxergo maravilhoso, decerto uma das melhores obras que o cinema já apresentou. No entanto, vê-lo em movimento, vendo acontecendo linearmente, numa velocidade que, em oposição a si mesma, é antiveloz, me incomodou bastante, principalmente porque isso me deixou em dúvida quanto ao que o filme pretende mostrar.

Não sei exatamente o que me incomodou. O roteiro parece conciso no que diz respeito ao envolvimento entre Irene e o personagem principal, no entanto me pareceu muito desnecessariamente extenso quando se refere àquilo que parece ser o “tema” do filme. Assim, nem o refinamento da câmera de Refn recupera o prolixidade do desenvolvimento da trama, que, pouco a pouco, parece se ensimesmar e mostrar pouquíssima coisa nova ou relevante.

Aí vejo tantos cinéfilos adorando o filme, cultuando-o como uma das mais recentes jóias do cinema. Não sei como me posicionar, já que, como disse, penso que o filme oscile bastante e que, no final, seja simplesmente interessante, mas nada que realmente faça com que você se impressione. No máximo, poderia apontar a atuação de Ryan Gosling como essencial para o que há de marcante nessa obra, mas, mesmo assim, considerá-la como uma promissora candidata ao Oscar 2012 me parece meio precipitado.

2 opiniões:

Alan Raspante disse...

Espero conseguir ver no cinema!

Luiz Santiago (Plano Crítico) disse...

Hahahaha, um dos seus textos mais indecisos quanto ao que pensar sobre o filme. Confesso que não o conhecia, mas me interessei, principalmente pela questão da relatividade da qualidade que você apontou no texto.

Vi que você assistiu BALEIAS DE AGOSTO. Gente do céu, esse filme não é soberbo???