6 de jan. de 2012

Os Melhores e os Piores Vistos em 2011

Devo dizer que 2011 foi um ano bastante produtivo quanto aos filmes, porque eu realmente assisti a muitos títulos - bastantes dos quais eu queria ver há algum tempo, alguns que eu queria rever, e, ainda, muitos títulos novos que me surpreenderam pela sua qualidade. No começo do ano passado, eu dividi o post dos melhores e dos piores em dois: em um, eu abordei apenas os filmes, no outro, apenas os livros. Mas devo dizer que o campo literário ficou a desejar, porque li pouquíssimo, mesmo tendo tido quatro matérias de literatura no ano anterior que, pelo menos, me obrigaram - na teoria, é claro - a ler uns 20 títulos literários além de livros teóricos. Assim, farei apenas um esse ano: sobre os melhores e piores filmes vistos em 2011.


Assisti a uma média de 0,84 filme por dia - o que totaliza 307 filmes no ano. Conferi filmes de Billy Wilder, William Wyler, Elia Kazan, Alfred Hitchcock - além de ter feito uma linda “Maratona Bette Davis” com direito a cinco filmes pelos quais ela recebeu indicações ao Oscar (“Vitória Amarga” [1939], “A Carta” [1940], “Vaidosa” [1944], “A Malvada” [1950] e “Lágrimas Amargas” [1952]), além de mais tarde ter podido conferir outros filmes dela, como “Dama por Um Dia” (1961) e “As Baleias de Agosto” (1987). Devo dizer que houve um aumento na quantidade de filmes vistos em 2011 em relação ao anterior, no qual assisti a “apenas” 128 títulos. Em relação à média do ano anterior (7,17), a média de 2011 caiu 3,1%, chegando, pois, a 6,95. Só como curiosidade: o primeiro filme visto no ano passado foi “Amor Pervertido” (Trage Liefde, 2007), um média-metragem neerlandês, e o último filme do ano foi “O Escritório” (Urzad, 1966), curta-metragem de Krzysztof Kieslowski; e o filme mais antigo visto no ano foi “Monstros” (1932), de Tod Browning. Sem me prolongar mais, vamos ao que interessa: a lista dos melhores e dos piores, com explicações básicas, além de alguns extras (lembrando que só entram na lista os filmes vistos pela primeira vez; os filmes revistos não valem).

OS MELHORES

10ª posição: A Bela da Tarde (Belle de Jour, 1967)
A história de Sévérine nos é contada de forma muito delicada por Luis Buñuel. A mulher frígida com o marido, mas com desejos sexuais pulsantes, decide se tornar prostituta para testar-se e satisfazer-se. Misturando realidade e ficção, além de excelentes cenas nas quais presenciamos os sonhos d’A Bela da Tarde (codinome adotado por Séverine), o filme se revela uma trama excelente, dessas que prendem o espectador devido à direção exemplar e uma atuação inesquecível de Catherine Deneuve.

9ª posição: Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas (Big Fish, 2003)
Esse filme simplesmente me encantou com a sua magia. Tudo nele é lindo: as cores da fotografia, a direção correta, as atuações simpáticas (mesmo que não grandiosas) - com destaque à excelente participação de Helena Bonham Carter -, além de um enredo extremamente charmoso e encantador, que traz consigo uma mensagem de ternura, da qual o espectador não pode fugir e, inevitavelmente, acaba preso ao que vê em cena.

8ª posição: Se Meu Apartamento Falasse (The Apartment, 1960)
Jack Lemmon e Shirley MacLaine encabeçam esse filme no qual conhecemos a história de Baxter, um rapaz que cede seu apartamento aos seus chefes e amigos do escritório para que levem suas amantes lá e de Fran, uma moça que, abandonada pelo amante, tenta se suicidar justamente no apartamento de Baxter. “O Apartamento” - esse é o título original - nos mostra justamente as relações humanas que podem surgir num espaço confinado: do amor ao ódio, do romance à grosseria. Billy Wilder nos presenteia com esse filme, que é, sobretudo, guiado com maestria pela simpatia de Jack Lemmon.

7ª posição: Rede de Intrigas (Netwrok, 1976)
Peter Finch, William Holden, Beatrice Straight, Faye Dunaway são personagens de uma das maiores críticas ao poder midiático. “Rede de Intrigas” é um filme singular, dotado de grandiosos diálogos e monólogos, sendo eternamente lembrado pela voracidade com a qual agride a indústria da alienação. A meu ver, um excelente filme, desses que entorpecem o espectador com verdades tão brutais que permanecemos boquiabertos mesmo depois que o filme acaba. Provavelmente o melhor filme da década de 1970.

6ª posição: A Pele que Habito (La Piel que Habito, 2011)
O único representante espanhol dessa lista dificilmente seria de outra pessoa que não Pedro Almodóvar. A trama é singular não exatamente pela direção dele, embora ela seja muito precisa e certeira, mas pela sua trama, que nos envolve com o mistério de uma vingança simplesmente medonha, que perturba não apenas o alvo da vingança, como também o que promove a vingança, e, ainda, o espectador, que observa tudo chocado. Uma bela fotografia, boas atuações e um Antonio Banderas como eu jamais vi.

5ª posição: Os Intocáveis (The Untouchables, 1987)
Brian de Palma trouxe às telas um filme que faz o espectador ficar tenso a cada minuto ao longo da exibição desse longa-metragem. A Chicago dos anos 30, cercada por gângsteres e policiais corruptos, é excelentemente representada aqui, antagonizando s figura de Al Capone, magistralmente interpretado por Robert De Niro, à figuras do grupo de policiais decidido a acabar com a ilegalidade que assombra a cidade. Somente a excelente cena final já merece uma posição nessa lista dos dez melhores do ano, mas, felizmente, o filme não são apenas os 15 minutos que encerram a trama, mas é um conjunto de acertos que o tornam inesquecível.

4ª posição: Pacto de Sangue (Double Indemnity, 1944)
Billy Wilder reaparece na lista, mas desta vez dirigindo um filme que aborda a intenção de uma mulher e seu amante de assassinarem o marido dela a fim de conseguir o dobro do valor do seguro de vida que ele, o marido, contratou. Barbara Stanwyck e Fred MacMurray encabeçam o elenco e protagonizam os momentos mais célebres do subgênero noir, com direito a um excelente plano, quase perfeito, e um final marcante, de diálogos sóbrios e ásperos, que nos deixam de olhos virados na tela.

3ª posição: Disque M para Matar (Dial M for Murder, 1954)
Outra trama de assassinato, mas, ao contrário do item anterior, desta vez é o marido, Ray Milland, que planeja o assassinato da esposa, Grace Kelly, a fim de herdar a fortuna dela e poder continuar com os seus próprios negócios comerciais. Alfred Hitchcock dirige esse filme com cuidado especial, tornando cada momento extremamente perigoso, fazendo-nos suspirar pesadamente na cena em que o plano por fim é posto em prática. E Grace Kelly, à época queridinha do diretor, nos oferece uma das mais pungentes interpretações, dessas verdadeiramente inesquecíveis.

2ª posição: A Era do Rádio (Radio Days, 1987)
Confesso que fiquei estarrecido: Woody Allen conseguiu me fazer amá-lo por causa desse filme. Mesmo não sendo um dos meus diretores favoritos e compondo obras que são bastante sobrevalorizadas pelos meus amigos cinéfilos, com essa produção ele simplesmente trouxe o que há de mais charmoso e certo às telas: excelentes interpretações, trilha sonora maravilhosa, fotografia simpaticíssima, roteiro extremamente cativante além de uma abordagem bastante simples - porém corretíssima e inesquecível - de uma das épocas mais interessantes do avanço da tecnologia.

1ª posição: Amar é Sofrer (The Country Girl, 1954)
E cabe à Grace Kelly a primeira posição, porque ela é toda a essência desse filme de George Seaton. Bing Crosby e William Holden também participam dessa história de um ator alcoólatra e em decadência e de sua esposa, que se esforça o máximo possível para dar suporte ao marido além de conviver com as mentiras dele e agressões verbais por parte do seu produtor, que acreditar ser ela a fonte de todo o problema. Incrível que nem mesmo feia Grace Kelly deixa de ser bonita! Sua atuação é singular e o filme todo cativa, com direito a uma das melhores cenas do cinema: aquela na qual Kelly e Holden discutem, depois de ele descobrir que Crosby é inventivo a ponto de caluniar a própria esposa. Não caberia a outro filme o primeiro lugar.

Outros títulos que merecem destaque:

Janela Indiscreta (Rear Window, 1954) - Essa é decerto a melhor obra de Hitchcock, com direito a uma atuação exemplar de James Stewart e, mais uma vez, Grace Kelly. Todo contido no suspense crescente, o filme extravasa toda a tensão no momento certo e o espectador é presenteado com um excelente filme.

Alta Fidelidade (High Fidelity, 2000) - todo o charme do filme reside, sobretudo, em dois elementos: a atuação carismática de John Cusack e na trilha sonora que apresenta uma coletânea elogiável de canções que embalam o enredo.

Tarde Demais para Esquecer (An Affair to Remember, 1957) - há um dos beijos mais lindos do cinema e nós nem sequer vemos os lábios dos personagens se tocando!

Reencontrando a Felicidade (Rabbit Hole, 2010) - Oh, Nicole Kidman, não sabe há quanto tempo eu esperava por revê-la como uma grande atriz. Tanto o elenco quanto o roteiro, aliás, estão de parabéns.

Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire, 1951) - alguém sabe o porquê de a Stella ter demorado tanto pra descer aquelas escadas depois de Marlon Brando - aquele homem magnífico! - tê-la chamado estando todo molhado e carente?

Sonata de Outono (Höstsonaten, 1978) - um dos melhores filmes que abordam problemas familiares entre mãe e filho.

Os Inocentes (The Innocents, 1960) - Deborah Kerr num dos melhores suspenses já produzidos, tensão psicológica sem fim além de excelentes cenas de terror.

Los Angeles - Cidade Proibida (L.A. Confidential, 1997) - infelizmente, o filme foi “apagado” pela grandiosidade de Titanic, mas devo dizer que ele é tão bom quanto: enredo e atuações excelentes além de uma direção bastante eficiente de Curtis Hanson.

Um Clarão nas Trevas (Wait Until Dark, 1967) - essa é a melhor interpretação de Audrey Hepburn; esqueçam “Bonequinha de Luxo” (1961) e olhem pra esse filme.

A Morte do Demônio (Evil Dead, 1981) - uma das maiores genialidades do cinema, com cenas tão absurdamente toscas que o espectador se diverte com a autoironia do filme.

Pânico 4 (Scream 4, 2011) - excelente filme, roteiro interessantíssimo e bons momentos para nós, espectadores saudosistas.

Red State, 2011 - a obra mais madura de Kevin Smith e mais uma excelente interpretação de Melissa Leo.

Como Enlouquecer seu Chefe (Office Space, 1999) - sugestão do Pedro, que disse que eu ia adorar o filme; e adorei mesmo. Adoro quando a Jennifer Aniston mostra o dedo do meio pro chefe e pros clientes do restaurante.

OS PIORES

5ª posição: Comendo pelas Bordas (Eating Out, 2004)
Gente, o filme não tem densidade nenhuma, é tão raso quanto um pires em qualquer aspecto que se lhe analise. A direção é assombrosa e o roteiro, então, é simplesmente uma das maiores bobagens a que eu já assisti. E ao vê-lo, imaginei que não era possível que houvesse um filme do mesmo gênero que pudesse ser pior, mas me enganei.

4ª posição: Mestre dos Desejos 4 (Wishmaster 4, 2000)
Filmes de terror são usualmente fáceis de aparecer aqui, principalmente quando já estão na sua terceira continuação, como é o caso desse filme cuja série nunca foi tão boa. Mas agüentar um anjo ajudando a mocinha do filme é difícil demais assim como tolerar o sotaque do Djinn, que insiste em pedir que a pessoa “make their wishezzzz”.

3ª posição: Sexta-feira 13, Parte 3 (Friday the 13th Part III, 1982)
Produção em série da franquia Sexta-feira 13. Essa ainda tem a ousadia de copiar o primeiro filme, não respeitar os eventos que aconteceram no filme anterior e, ainda, acontecer num domingo dia 15. Poupe-me.

2ª posição: Entre Lençóis (idem, 2009)
Que filme escroto com historinha escrota. O que são as interpretações de Gianecchini e Paola Oliveira; toda aquela bobagem em relação aos “brinquedinhos” que ela traz na bolsa, toda a bobagem a respeito de ele ser ou não casado; um dos momentos mais ridículos do cinema além de inverossimilhança do começo ao fim.

1ª posição: Qualquer Gato Vira-lata (idem, 2011)
OK, só não é a pior coisa que já vi na vida, porque, infelizmente, eu assisti todas as continuações de “American Pie” (1999) a partir de sua terceira parte. Mas devo dizer que Dudu Azevedo dançando “That’s the Way (I Like it)”, Cleo Pires indignada por ter sido largada e Malvino Salvador fingindo que é um professor elaborando uma tese com uma metodologia tão escrota quanto aquela é demais para qualquer espectador. Mas vejo por aí as pessoas falando que é um filme bacana, uma obra legal, “dá até pra rir” - só se for de desgosto, né.

Outros filmes que merecem destaque:

Toda a série “Halloween” a partir da quarta parte - os filmes de 1988, 1989, 1995, 1998 e 2002 são desesperadores de tão medíocres. Que dó da obra original de John Carpenter!

A Casa dos Sonhos (Dream House, 2011) - uma bobagem sem gênero, que percorre o cômico, o dramático, o thriller, entre outros a fim de se firmar e simplesmente não consegue.

Reféns (Trespass, 2011) - poxa, Nicole Kidman, você fez “Reencontrando a Felicidade” no ano passado e essa bomba esse ano, por quê?

Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2009) - me poupem de opiniões dizendo que esse é grande filme de terror.

Drama (idem, 2010) - uma ofensa ao bovarismo.

5 opiniões:

thicarvalho disse...

Da lista de melhores gosto de muitos. Disque M para Matar é ótimo. Peixe Grande e Os Intocaveis, inclusive, tenho na minha videoteca. Com relação aos piores, confesso que sou um dos que gostam do Atividade. Os outros, sem palavras mesmo. Abs.

Visite

www.cinemaniac2008.blogspot.com

Francisco Cannalonga disse...

Bem interessante a lista, mas na minha opinião "Peixe Grande" jamais deveria ser visto em uma lista com filmes como "Belle Jour", "Se Meu Apartamento Falasse", "Network" entre outros.

Gabriel Monteiro disse...

Gostei da lista dos melhores filmes. Porém, só vi Os intocáveis e realmente é um filme excelente!
E a lista dos piores também...Entre Lençois, putz! heheh

Cristiano Contreiras disse...

Eu acho Entre Lençois básico, mas é assistível, rs, em breve comento sobre ele no Apimentário. Boa lista de preferidos, lembrei que preciso rever PACTO DE SANGUE! até!

Tullio Dias disse...

Como fã do Kevin Smith, tenho o pesar de dizer que RED STATE é tenso. Altamente decepcionante.

E PANICO 4... céus. Só a introdução me agradou. O resto foi um golpe de covardia, enrolação e sei lá o que.

E ATIVIDADE PARANORMAL é incrível. hahahaha

Adoro quando encontro listas completamente diferentes das minhas opiniões. Quer dizer, SE MEU APARTAMENTO FALASSE também foi um dos melhores filmes que assisti esse ano, mas não inclui na minha lista por não ter sido lançado esse ano.

abc e parabens pelo trabalho