Como fiz anteriormente nesse post, resolvi reunir de novo em uma pequena lista alguns filmes curtas-metragens que abordem a homossexualidade, mesmo que o enfoque do filme não seja diretamente o caráter homossexual. Tal como na lista anterior, os filmes aqui listados receberão mais tarde uma resenha individual, na qual poderei analisá-los mais criticamente, com mais argumentos. Vale ressaltar: a lista é composta exclusivamente por produções nacionais. Sem me prolongar mais, vamos ao que interessa:
Beija-me Se For Capaz – 2006, 21 minutos. Qualidade: ruim.
Eu realmente achei muito desnecessário esse filme. Não somente o roteiro é ruim, como também são ruins as interpretações. Algumas das situações propostas são simplesmente absurdas, como a cena em que um rapaz segue o outro na rua com algum propósito misterioso (e o espectador nem entende o que significa aquilo, um flerte?, uma tentativa de assalto?, loucura?) ou outra cena na qual um rapaz beija enlouquecidamente o espelho, no qual ele enxerga o “príncipe encantado”. Curiosamente, todo o elenco aparece pelado. No final, há uma seleção de beijos recriados: uma homenagem aos beijos mais famosos do cinema, recriados com base numa versão gay – assim, Deborah Kerr e Burt Lancaster viram dois homens que se beijam enquanto a água invade a areia.
Expresso – 2010, 18 minutos. Qualidade: média.
A história de adolescentes descobrindo a sexualidade e passando por uma fase difícil não é nem um pouco original. Então cabia ao diretor saber como dirigi-la de modo a torná-la interessante. E isso não acontece. Não quero dizer que a obra seja totalmente ruim, não é isso – ela até entretém, mas isso se deve à pequena duração. Jamais funcionaria como uma produção de longa-metragem. Há um efeito ruim que torna a voz do protagonista indiscernível e, do começo ao fim ouvimos textos que foram banalizados na Internet; porém, o diretor, por alguma razão, achou interessante inserir isso na obra. Não é marcante nem elogiável – até porque os atores são ruins –, mas é assistível.
O Móbile: Admiração – 2009, 25 minutos. Qualidade: média.
Conhecemos a história de duas mulheres: Nina, uma atriz, e Bárbara, uma artista plástica. Ambas se admiram, mas nunca se viram pessoalmente. Quando por fim se conhecem, vivem uma paixão tórrida. Se não fosse pelo elenco, composto por quatro atores (amadores?), o curta-metragem teria conquistado a minha simpatia. O enredo é interessante porque faz uso da expressão “a vida imitando a arte” e a inverte; o bom gosto estético é impressionante, a fotografia é linda, os enquadramentos de Lílian Werneck são elogiáveis e a edição – bem como a trilha sonora – são outros elementos positivos. Há, no entanto, o elenco – nenhum ator convence, todos são exagerados, fora do tom. Infelizmente.
Professor Godoy – 2009, 16 minutos. Qualidade: muito boa.
De todos os filmes listados aqui, esse é provavelmente o melhor deles. A história de Godoy, professor severo de matemática, é contada a partir do primeiro bimestre do ano letivo, quando um aluno sutilmente começa a se insinuar para ele. Conforme o ano passa, o jogo de sedução fica mais visível e difícil de lidar. Talvez o que mais me tenha atraído nesse curta-metragem tenha sido o modo como a problemática nos é apresentada: Godoy deve respeitar a ética profissional ou deve ceder ao seu próprio desejo? E é esse questionamento desautomatizador que mantém o espectador atento a cada segundo do que é apresentado. Talvez eu também tenha gostado tanto porque Professor Godoy me remeteu ao excelente filme Notes on a Scandal, sendo o professor desse curta-metragem a versão sensata de Sheba, personagem de Cate Blanchett no longa-metragem.
Sargento Garcia – 2000, 16 minutos. Qualidade: boa.
Essa é uma adaptação da obra literária homônima – um conto publicado por Caio Fernando Abreu, que se encontra no livro Morangos Mofados. Devo dizer que, ao ler o conto, não imaginei nem por um momento que ele pudesse ser convertido numa obra cinematográfica sem perder o seu charme literário. Mas Tutti Gragianin captou bem a essência do conto e soube como transpô-lo para a tela. O resultado é esse curta-metragem que conta a história do garoto Hermes e do homem que dá título ao conto e ao filme – os dois se conhecem quando Hermes vai se alistar para o serviço militar e acabam se envolvendo. As figuras masculinas predominam o filme – Hermes representa a masculinidade tranqüila, Garcia é a masculinidade viril e Isadora, dona da casa para onde Garcia leva Hermes, representa a quebra da masculinidade. O único defeito se encontra na qualidade da imagem, que me fez pensar que essa era uma produção da década de oitenta, quando na verdade é de 2000.
2 opiniões:
Não conhecia nenhum dos curtas. Na realidade, assisto a poucos curtas... Dos que você resenhou, fiquei interessada por "Sargento Garcia". Vou ver se confiro!
Com esse tema, meus favoritos são "Eu Não Quero Voltar Sozinho" e "Alguma Coisa Assim" =)
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