Dono do blog "Satélite Assassino", Alan Raspante mais uma vez vem ao Literatura e Cinema como convidado e nos presenteia com seu texto bastante crítico sobre um filme do qual devemos fugir. Aproveito e agradeço-o de novo por ter aceitado participar.
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por Alan Raspante
Megan Fox era notícia após ser demitida da franquia "Transformers". Seu gênio forte acabou criando o mito em volta da bela atriz que, aparentemente, se viu vangloriada com o sucesso. Definitivamente, Megan Fox era um sucesso. Porém, a atriz esqueceu que não tinha talento para sustentar isso. Não só talento como também não tinha bom senso. Passion Play (2010) comprova isso. Megan Fox estava à procura do projeto de sua vida. Aquele que ajudaria a alavancar a sua carreira e assim fazer dela uma grande atriz. O tiro, claro, saiu pela culatra. Não restou nada de Megan Fox após Passion Play. Tanto que a atriz até mudou a sua postura: resolveu ficar quietinha e esperar pelos próximos projetos. Sabiamente, Megan Fox vem optando por comédias. Nicho no qual ela encontrará sossego. Agora, paralelamente, não é difícil falar de Passion Play. Muito pelo contrário.
Megan Fox e Rhys Ifans
Situação proposta
Não sei ao certo, mas creio que Mitch Glazer tentou fazer mais uma versão açucarada do filme "Asas do Desejo" (1987). O plot é praticamente o mesmo, só que aqui acontece o inverso. Nate (Mickey Rourke) já foi famoso, mas atualmente é apenas mais um bêbado que luta pelo pão de cada dia. O mocinho transa com a esposa de um importante mafioso, Happy (Bill Murray) e com isso acaba sendo caçado de morte. Ele é levado para um deserto artificial, mas é salvo por alguns índios vestidos de ninja que aparecem do nada no local (???). Próximo dali, Nate acaba encontrando um circo e descobrimos que ele, na verdade, foi parar no México. Mas, opa, todo mundo fala inglês... Sabiamente, o roteiro afirma que o inglês de todo mundo é bom por conta de um jovem londrino. Significa que o tal jovem de Londres ensinou todo mexicano que está no meio do deserto a falar inglês? Eles conseguem até conjugar bem os verbos, viu? Enfim, Nate está apenas procurando um telefone, mas se depara com um anjo, Lily (Megan Fox), e ambos fogem para os Estados Unidos. Nate meio que vendo a garota, mas os dois acabam se apaixonando. É isso.
Personagens
Acredite: Nate é um dos personagens mais chatos da estória do cinema. Não só ele, como também Happy e a mulher pombo da Lily. O trio é basicamente uma pedância sem tamanho. O roteiro não desenvolve nenhum com dignidade e ainda temos que aguentar frases de efeito que surgem a toda hora no filme. Lily só quer tirar as asas de pombo (que não prestam para nada!), porém, Nate tenta fazê-la acreditar que sim, ter asas é bacana e ser diferente é ser normal. Em uma das cenas, Lily reclama que as asas são pesadas e fica difícil conviver com elas. Claro, Nate não leva isso em consideração. Creio que ele já pensa que no final, elas serão úteis. Antes que eu me esqueça, Lily chora bastante também. Não me pergunte aonde Megan Fox arranjou tanta lágrima para o mesmo filme. Enfim, nesta categoria o filme é totalmente inútil. Como avaliar os personagens se eles são apenas caricaturas de vilões e mocinhas de um gibi qualquer? Assim fica difícil!
Direção
Consta no filmow que Mitch Glazer trabalhou como ator em "Os fantasmas contra-atacam" (1988) com Bill Murray (isso deve explicar o motivo da participação vergonhosa do ator neste filme). Sim, ele apenas tem este trabalho (Acabei de ver que o diretor possui alguns outros roteiros, mas ainda sim, este é o seu primeiro trabalho solo já que os outros foram em "parcerias"). Mitch deve ter acordado em um dia ensolarado e assim, ter decidido que seria diretor (e roteirista, antes que eu me esqueça...). Assim surgiu Passion Play. Por incrível que pareça, esse filme não possui direção. Seus enquadramentos são horríveis e em certos momentos é perceptível ver as limitações do estúdio no qual o filme foi gravado (principalmente na última cena). Glazer tenta ousar em algumas cenas, mas não obtém sucesso nenhum. O diretor, claro, também não possui direção forte com atores. Todas as atuações são desastrosas. Percebe-se que Megan Fox até tenta se empenhar, mas em algum momento ela joga a toalha. Se Mitch Glazer tivesse um pouco de dignidade, ele teria conseguido realizar até uma boa aventura da "Sessão da Tarde". O problema é que ele se levou a sério demais. Tentou ser um drama no nível de "Asas do Desejo". Ele apenas tentou, mas não conseguiu nem chegar perto.
Roteiro
Sim, Mitch Glazer também assina o roteiro. E, sim, o roteiro consegue ser o pior de tudo neste filme. O plot principal já é constrangedor, porém, do meio para o final o filme acaba se tornando uma verdadeira novela mexicana. Acompanhem: mocinho e mocinha felizes. Vilão toma mocinha pra si, mas o mocinho (arrependido) a quer de volta. Mocinha, que agora está desiludida com a raça humana (com os homens mesmo!) não quer mais saber do cara pálida. Até chegar ao ato final (e que você já sabe o que vai acontecer), você já dormiu umas trinta vezes. O roteiro fica neste vai e volta e se perde em sua lição de moral sobre aceitação. O drama se torna mais risível quando, pasmem, vemos Mickey Rourke e Megan Fox transando. Você não está vendo um filme de John Waters (o mesmo de "Pink Flamingos"). Acredite! O roteiro nem possui tantos clichês. Sabe por quê? Consegue ser pior que isso. Não vou nem questionar as circunstâncias que Mitch Glazer escreveu este roteiro. Sem contar que ele escreveu o roteiro sozinho. Ou seja? Se ao menos ele tivesse chamado um cúmplice...
Conclusão geral
Roteiro, direção e atuação não são, definitivamente, o forte do filme. Se há algo que salva nele? Infelizmente, não. A direção de arte e fotografia são as piores possíveis. Como eu já citei, é perceptível ver em várias cenas que o filme foi gravado em um estúdio. Em uma das cena iniciais, no deserto, Nate está quase morrendo, mas nós espectadores vemos que a areia é meio duvidosa e as pedras acabam entregando tudo. Sério que colocaram aquelas rochas falsas dignas do seriado do "Chapolin"? Sério mesmo? Recuso-me a acreditar que tiveram esta cara de pau. Os efeitos especiais são desastrosos. As asas usadas pela Megan Fox no filme variam de tamanho. Como as asas podem ser pequenas em uma cena e na seguinte ser enorme? O filme não consegue ter coerência nem com as asas da personagem principal. A trilha sonora também é algo inadmissível. Quer dizer, até consegue ser um ponto positivo, mas com tanta coisa ruim, fica até difícil perceber que o filme possui uma trilha sonora. O que há de bom? Pelo menos os cartazes de divulgação foram bem feitos. Mas, óbviamente, Passion play era um filme que nunca deveria ter saído do papel. Nunca. A única coisa válida do filme é que já temos um clássico trash dos anos 2000. Só isso mesmo.
4 opiniões:
Novamente, foi um prazer participar ;)
Na segunda foto, não é "Megan Fox e Mickey Rourke", e sim "Megan Fox e Rhys Ifans". ;)
Sendo curta e grossa, não consigo levar a Megan Fox a sério!
Tem Megan Fox pelada? E ainda Bill Murray? Ainda sim, você não gostou? WHAT'S WRONG WITH YOU, MAN? Brincadeiras a parte, ela vem afundando cada vez mais sua carreira, em papéis terríveis, embora seja um dos poucos que curtam Garota Infernal. Já Bill Murray é mesmo um gênio, mas às vezes escolhe projetos sofríveis. Mickey Rourke já foi um grande ator, e voltou em sua melhor atuação no Lutador, que, injustamente, não garantiu à ele o Oscar. No entanto, escolhe muito mal seus projetos. Quanto ao filme, parece mesmo ser uma bosta. hahaha
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