A categoria Melhor Atriz Coadjuvante reúne aquelas mulheres que, de alguma forma, ajudam a elevar a qualidade de determinado filme, mesmo que o enredo deste não seja, diretamente, inspirado em suas personagens. Muitas vezes, as atuações destas atrizes são tão marcantes que suplantam as atrizes e atores principais, fazendo com que o telespectador espere apenas para vê-las atuando. Dentre as vencedoras desta categoria, já passaram pelo palco do Oscar ícones como Meryl Streep e Judi Dench. Acerca dessa categoria, pode-se apontar dados curiosos, como o fato de haver uma atriz argentina naturalizada francesa e, talvez mais interessante, o fato de que se trata da quarta edição consecutiva na qual duas atrizes são indicadas por suas interpretações em um mesmo filme. Muitos atribuem a vitória de Octavia Spencer à força social de sua personagem e vale comentar que ela é apenas a 5ª atriz afro-americana ser premiada com o Oscar. Numa lista na qual de quatro indicadas pela primeira vez, Janet McTeer é a única a já ter sido indicada e Melissa McCarthy é, evidentemente, o azarão do grupo.
Bérénice Bejo, por “O Artista”
Bérénice é um nome meio dúbio nessa categoria, principalmente porque muitos a consideram atriz principal enquanto outros a enxergam como atriz coadjuvante. Independentemente da categoria, é inegável que ela faz por merecer a sua indicação, já que compôs uma das personagens mais graciosas de 2011 e que, sem nenhuma fala, consegue sorrir e, apenas com isso, expressar toda a sua alegria. Sob a direção do marido, Hazanavicius, Bejo realmente encanta – seja pelo sorriso ou pela tristeza, já que ambos advêm de uma sinceridade interpretativa muito grande. Ao terminar de ver o filme, não pude negar que sua participação foi fundamental para a grandiosidade e carisma da película. (por Luís)
Janet McTeer, por “Albert Nobbs”
Janet McTeer era a veterana na categoria, tendo sido indicada anteriormente na categoria principal por 'Livre para Amar' (1999). Em Albert Nobbs, Janet vive uma mulher que se transveste de homem, que vive perfeitamente bem desse modo e chega a encontrar o amor nessa situação. Janet está muito bem no papel, principalmente quando analisamos suas expressões faciais e a entonação da sua fala, porém, a premiação era pouco provável tendo em vista candidatas com atuações superiores a sua. (por Renan)
Jessica Chanstain, por “Histórias Cruzadas”
Se Melissa McCarthy não estivesse no páreo, eu diria que a atuação de Chanstain é a mais frágil dentre as cinco indicadas, mas credito isso à sua personagem, pois quem viu The Tree of Live sabe do que falo. Sua personagem é meiga e toda desastrada de uma maneira simpática, e é exatamente esse maniqueísmo que deixa sua atuação meio fraca. Falta a ela cenas densas que demonstrem todo seu potencial artístico. (por Renan)
Melissa McCarthy, por “Missão Madrinha de Casamento”
Comédias como Bridesmaids dificilmente não títulos efetivamente elegíveis para uma indicação, mas esse filme é uma exceção: foi lembrado por seu texto e pela interpretação de Melissa McCarthy, que recentemente venceu um Emmy pela sua interpretação no seriado “Mike & Molly”. Inegável que o elenco desse filme é muito bom e todas as atrizes, mesmo as mais medianas, se mostram eficientes e merecedoras de um elogio. Como a cunhada da noiva, a gordinha Megan é uma figura que podemos chamar, pelo menos, de inusitada: ela é chamativa, desengonçada, faladora e, sobretudo, impulsiva e inconveniente – trata-se de uma personagem curiosa e, para defender a atriz, de uma interpretação satisfatória. Mas não vai além disso, e notadamente há outras atrizes que mereciam mais destaque do que McCarthy, que provavelmente tem chamado mais atenção pela sua atuação como Molly, no seriado já citado, do que pela sua interpretação aqui. (por Luís)
Octavia Spencer, por “Histórias Cruzadas”
Num filme de caráter fabular, Octavia Spencer interpreta a personagem humorística Minnie, que é uma das empregadas que vive em Jackson, Mississipi, numa época anterior à luta pelos direitos civis. A personagem de Spencer é estranha, bem como sua interpretação é cômoda: bastou que ela repousasse na aspereza e no desbocamento da personagem para que a conduzisse do começo ao fim. Não se trata de uma má interpretação, mas de um comodismo que não justifica uma posição nessa lista tampouco a vitória. Não é a pior das indicadas, posto que McTeer está na lista, mas com certeza é uma das várias vezes em que personagem e interpretação são confundidas. (por Luís)
Renan
Concordo com a Academia: sim.
Quem deveria ter vencido: Octavia Spencer, por “Histórias Cruzadas”.
Esta talvez seja a categoria mais polêmica. Dentre as cinco indicadas, Berénice Bejo e Octavia Spencer se destacam entre as melhores. Apesar de ter me apaixonado por Berénice , realmente acho que a academia fez o correto premiando Ocatvia. Em seu papel que muitos consideram (e com certa razão) maniqueista, Octavia se desdobra pra retirar o máximo de uma personagem limitada. Por isso, e pelo resultado final do filme, considero esta a merecedora da estatueta.
Luís
Concorda com a Academia: não.
Quem deveria ter vencido: Bérénice Bejo. A vitória de Octavia Spencer, a meu ver, advém de uma ferrenha intensão de a Academia “corrigir” a omissão de prêmios a atores negros. Em 1940, Hattie McDaniel sagrou-se melhor atriz em papel secundário; 51 anos depois, em 1991, Whoopi Goldberg conseguiu a mesma coisa – aí, curiosamente, em 2007, 2010 e 2012, num prazo de cinco anos, três atrizes afro-americanas são eleitas as melhores em seus respectivos anos e isso me cheira mal. A atuação cheia de cacoetes de Spencer jamais seria superior à simplicidade cativante de Bérénice Bejo, que realmente trouxe a melhor interpretação, principalmente no que diz respeito à sua espontaneidade em cena: houve momentos em que eu me esquecia de que ela era uma atriz, aabei por vê-la exclusivamente como Peppy Miller, sua personagem, tamanha sua naturalidade. Infelizmente, Octavia Spencer, por políticas dúbias, levou a estatueta.
4 opiniões:
Como estou atrasado em relação aos filmes do Oscar, fica impossível comentar algo.
O único detalhe é a presença de atrizes pouco conhecidas do grande público, com exceção de Melissa McCarthy para quem acompanha séries de tv.
Abraço
Eu não vejo a atuações da McCarthy e da Chanstain como sendo mais frágeis dentre as demais, até acho que pela forma com que você colocou ficou parecendo que elas são menores pelo simples fato de serem cômicas e maniqueístas, vale lembrar que a categoria analisa o desempenho da atriz e não tão somente a construção de seus personagens, na minha opinião ambas estavam ótimas. Gostei da premiação da Spencer, mas gostaria também se a Chanstain tivesse ganho. Gostei muito da atuação da Berenice, mas não acho que merecedora do Oscar, a transformação da Jessica foi bem mais surpreendente!
A Octavia estava ótima, mas é véro que ela não merecia...
Octavia está uma bosta, assim como sua torta no filme. Atuação mais caricata impossível. A Janet McTeer é a grande merecedora, pra mim. De longe, a mais delicada das personagens, num papel dificílimo. Chanstain vale pelos seus peitos enormes. Uma pena que seu personagem seja uma caricatura também, desperdiçando seu incrível talento artístico. Pra mim, em segundo lugar, entra Melissa McCarthy, que está absolutamente impagável. But, sinceramente? Carey Mulligan, por Shame, acaba com todas - e nem foi indicada.
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