Abduction. EUA, 2011, 106 minutos, ação. Diretor: John Singleton.
O filme recorre aos clichês do gênero e, infelizmente, nem sequer consegue executá-los satisfatoriamente a ponto de se sustentar minimamente.
Não me restaram dúvidas, assim que comecei a assistir a esse filme, que o que primeiramente chamaria atenção nele seria Taylor Lautner – não como protagonista dessa obra, mas como alusão ao seu personagem mais famoso, Jacob Black. A primeira cena já remete às travessuras que o garoto-lobo faz, junto com os parceiros da alcatéia, no filme Lua Nova. E, estabelecida essa conexão – a que nos remeterá, vez ou outra, à saga Crepúsculo –, o filme finalmente começa a nos apresentar os personagens.
Vemos, primeiramente, um momento de diversão e inconseqüência, regadas a bastante bebida, o que serve para localizar etariamente o personagem principal. Nathan é adolescente, cursa o ensino médio e é filho dedicado de Kevin e Mara, que se preocupam com sua segurança e educação; ensinam-no, inclusive, boxe, sendo ele o esportista da escola. Percebemos a vida do personagem praticamente como bastante linear e enclausurada, até o momento em que ele desconfia que seus pais não são verdadeiramente seus pais, já que há uma foto sua num banco de dados de crianças desaparecidas. Mais tarde, para somar tensão à história, seus pais são subitamente assassinados por invasores que, pelo que parece, querem algo que Nathan precisa proteger – sem mesmo saber exatamente o que é.
Jacob, digo, Nathan, numa cena de ação.
O que primeiro me veio à cabeça logo depois de ter visto essa produção de John Singleton é que o filme realmente poderia ter dado certo. E poderia mesmo. Ele segue à risca todas as características do gênero ação e, por isso mesmo, o máximo que poderia acontecer era ser um filme comum, como muitos outros são e que, se não trazem nada verdadeiramente novo, ao menos entretêm o espectador. Não precisava, de modo algum, chegar à história desinteressante que é, ao desenvolvimento insuportavelmente anti-histriônico, às câmeras cansadas que, por conseguinte, cansam o espectador. Parece haver uma falha em conjunto: direção, roteiro, atuações, efeitos especiais – até o pessoal da mixagem de som parecia preguiçosa. Isso, no entanto, não quer dizer que o filme seja um verdadeiro fracasso – até para isso ele teve preguiça.
Quanto às atuações e personagens, é difícil associar Taylor Lautner e Lily Gollins a seus personagens, respectivamente Nathan e Karen. Isso se deve a dois motivos, não sei qual deles é maior em complicações. O primeiro deles é o fato de que o tempo todo os personagens são apenas projetos, havendo para eles pouquíssimo desenvolvimento. Não quero dizer que filmes clichês de ação requerem personagens complexos, mas requerem que eles mesmos se encaixem na situação em que estão. Por exemplo, em Taken, estrelando Liam Neeson, o personagem principal é um pai extremamente voraz por vingança disposto a tudo para reaver a filha – e isso é tudo que precisamos saber dele. Diferentemente, Nathan, especialmente, e Karen parecem ser personagens inexplorados, como se a tudo momento esperassem uma revelação que lhes daria um sentido maior e, ainda, há entre os dois uma relação aparentemente inacabada, o que divide a ação entre fugir e proteger-se e enamorarem-se, já que, dada a proximidade tanta, cabe que se resolvam também. Assim, vemos os personagens que têm muito escondido em situações que pouco podem informar. Aí, surge o segundo problema: parece que os atores estão mais dispostos a ser ágeis quando a situação – embora demande ação – é mais calma; e depois, verifica-se o inverno: acalmam-se quando a cena implora velocidade. Um paradoxo, uma verdadeira indagação para qual não pude oferecer resposta.
O casal romântico que, evidentemente - olha a carinha deles! - não empolga com sua história.
Como disse, o filme é preguiçoso e acho que nenhum adjetivo o define melhor. Tudo nele parece que foi feito pela metade, nem mesmo alguns pouquíssimos bons jogos de câmera, que dinamizam a situação, conseguem impulsionar a lentidão do filme. Para se ter uma idéia, o ponto de arranque da obra se dá depois dos trinta minutos, ou seja, já no segundo terço, momento no qual a ação já deveria se encaminhar para o seu momento explosivo, que viria no terço final. Mas a obra parece atrasada em relação a si mesma, a direção sempre mais lenta que o roteiro, o roteiro mais lento dos que os atores – enfim, pouco a pouco, vemos um desencontro de recursos técnicos e artísticos.
1 opiniões:
Posso até assistir, mas quando lembro que é protagonizado pelo Taylor me dá uma preguiça enorme. Não vou com a cara dele e acho um péssimo ator.
Enfim, talvez um dia. Mas tem que ser em um momento no qual a minha sanidade esteja bastante "abatida".
Abs.
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