Brasil, 1984, 74 minutos, comédia pornochanchada. Diretor: Cláudio Cunha.
Confesso que esperava pouco do filme, mas ele tem cenas geniais além de ótimos diálogos que me fizeram rir bastante.
Confesso que a minha primeira incursão no subgênero pornochanchada foi com esse filme de Cláudio Cunha, que já havia lançado anteriormente outros títulos que seguiam o mesmo modelo de humor. Fiquei verdadeiramente surpreso por ver sexo explícito bem explícito - de um jeito que eu não imaginava que fosse nesses filmes olha que ingênuo que eu sou - mas também fiquei interessado pela história, que aborda um grupo de atores liderados por um diretor que pretende oferecer a peça “Rebuceteio” ao grande público.
Nenê impressionado com o desempenho (sexual) dos seus atores, ainda inexperientes. |
Basicamente o enredo se foca nos bastidores, quando os atores estão ensaiando sob a coordenação de Nenê Garcia, o responsável pela peça de teatro; mas o conteúdo é também expandido para outros ambientes, como a casa de Letícia, cuja mãe a incentiva querer o papel principal da peça, e também algumas tomadas externas nas quais vemos, por exemplo, conversas do diretor com o produtor e o arranjador da peça bem como diálogos entre ele e Letícia, por exemplo, no zoológico. Cabe ressaltar, no entanto, que a maior parte desse filme acontece nos palcos, onde todo o sexo acontece.
Num primeiro momento tive a impressão de que o sexo seria o protagonista do filme - e pode-se dizer, de certo modo, que é mesmo. Existe, porém, toda a relação dos atores com a situação na qual estão e ao filme é, sobretudo, a respeito de atores em processo de aquisição da essência experimental daquele projeto. E isso resulta em cenas incríveis, como quando o diretor os divide em grupos e pede que eles improvisem, mostrando aquilo que quiserem: o primeiro grupo apresenta uma dona de casa cuja casa foi invadida por dois bandidos que a renderam e a estupraram, tendo ela, no final, gostado da brincadeira; o segundo grupo apresentou uma dominatrix a castigar o seu escravo; o terceiro grupo apresenta um padre e uma freira seduzidos por uma fiel que vai se confessar; por fim, o melhor grupo, dono da melhor pérola de diálogo, apresenta três crianças muito sensualizadas que estão brincando no quintal - uma amamentando uma boneca, outra pulando amarelinha e a terceira chupando o pênis de um jumento - até que chega um urso que as observa e se masturba, atraindo a atenção das garotas, que decidem “brincar” com ele.
Letícia, a estrela da peça, nos intervalos do ensaio fotográfico que estava fazendo. |
O mais interessante é que o filme não disfarça o seu tom sério debochado. Ao longo dele, vemos atuações horríveis muito ridículas, e outras que até nos convencem, como a do diretor, Nenê, que, na verdade, é o diretor Cláudio Cunha. - um dos únicos a não aparecer nu ou numa cena de sexo. Adoro os vários diálogos nos quais ele reforça a importância da metapraxis, que envolve o desenvolvimento dos processos criativos - e devo dizer: que criatividade! O humor do filme se vê nas dicas geniais do diretor, inclusive para o espectador - numa cena, ele nos olha nos olhos e diz firmemente: masturbe-se, gozem gostoso. E o que dizer da mãe de Letícia, que insiste o tempo todo para que a filha dê o melhor de si, inclusive indo aos ensaios dela, convidando os seus amigos para irem à sua casa - é, no mínimo, engraçado, até mesmo quando a vemos na primeira fileira do teatro, batendo palmas para a filha.
Moralistas devem fugir desse filme, decerto não os agradará, tem muitas cenas de pau buceta chupação esporrada lambida no cu nu frontal, ereções, sexo explícito - oral, vaginal, anal. E essas cenas ocupam boa parte do filme, acredito que pelo menos 60% dele. E ainda assim é bastante engraçado, artístico, divertido e inevitavelmente uma obra brasileira que vale a pena ser conferida. E eu digo sem medos: vou procurar mais filmes desse diretor para vê-los.
4 opiniões:
Meu caro Luis, começou por um dos mais interessantes do genêro. Rebuceteio é um clássico! Como pude esquecer de mencionar esse naquele dia? Claudio Cunha era bem criativo mesmo. Não deixe de assistir TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA. Abs!
Nossa nunca tinha ouvido falar nesse filme. Pelo que escreveu e o comentário acima deve ser bom, mas confesso que pelo título já rotularia como lixão nacional. Quem sabe assistirei ainda.
Quanto ao blog que indicou sobre o Oscar eu já o conheço e sou seguidor. Achei a idéia bem legal, ainda mais para quem fica buscando informações sobre as premiações antigas (sou viciado). Abs!
Iae Luís!
Que achado este teu blog para mim, também estudante de letras e que pretende se especializar futuramente nas artes literárias. Gostei muito do blog, embora eu seja mais tradicional, tentando acompanhar os calendários anuais enquanto aqui encontramos raridades. O que assim se torna excelente para mim. Me completa.
Confesso que nunca vi filme deste gênero, mas digo também que já procuro o filme para baixar, rs. Dae verei o grau do meu moralismo, se é que ele existe. Cinema ta ai para despertar coisas escondidas em nós, não é? Andei olhando suas demais postagens até chegar em "Carnage", filme que temos em comum em nosso currículo, mas também na apreciação pelo mesmo. Curto Polanski demais! Aquele senso de humor me cativa.
Continuarei passando por aqui. Parabéns pelo blog! Grande abraço!
Gostei da análise... Afirmar que esse filme é apenas putaria é um erro crasso. O diretor conseguiu realmente fazer algo ousado, criativo e sem se levar muito a sério.
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