Um filme adolescente que não é fantástico, mas consegue ser um pouco mais do que a onda crescente de filmes ruins anualmente lançados.
"Vocês não têm imaginação. Parece que, enquanto vocês jogam damas, eu jogo xadrez" - Dodger.
Anualmente são lançados vários filmes ruins - e eventualmente bons - do gênero terror. Muitos simplesmente nem sequer se esquedram nessa classificação, pois não tem os elementos essenciais para causar o medo das pessoas. Cry Wolf, cujo título permaneceu idêntico ao original, mas teve acrescido um péssimo subtítulo, é um dos filmes que me agradaram, embora seja um pouco limitado pelas atuações e tenha um enredo pouco explorado.
Um grupo de jovens de um colégio interno se vêem motivados a uma brincadeira mais ampla do que aquela à qual já estão acostumado. O incentivo provém de uma afirmação de um recém-chegado, que diz que todos já se conhecem demais e, por causa disso, não há mais emoção nos jogos. Aproveitando o ensejo de uma morte recente ocorrida próximo ao campus do colégio, os jovens decidem criar um assassino falso, que já fez outras vítimas antes e que procura dar continuidade às suas atrocidades. Um e-mail é encaminhado para todo mundo do colégio, mas o que eles não imaginavam é que acabariam se tornando alvos da própria brincadeira.
Os que gostam de filmes de terror/suspense perceberão que essa sinopse é meio batida e que ela pode ser aplicada a tantos outros filmes, como O Jogo dos Espíritos, etc. Porém, achei que o roteiro inicialmente foi feliz se considerarmos as imensas possibilidades com a qual trabalhava, podendo explorar várias situações e várias consequências acerca do ato dos jovens; contudo, talvez se o fizesse, teria se tornado um drama, e o objetivo não é esse. Mas de uma maneira bem interessante, nos fazendo desconfiar de cada personagem e ao mesmo tempo da própria veracidade da história que cada um conta, a história vai seguindo colocando um contra o outro e isso vai se tornando uma bola de neve. Alguns podem considerar o filme repetitivo por causa da insistência - que realmente é perceptível - em manter as brincadeiras, mesmo quando se vê que alguém está prestes a desmoronar ali; no entanto, eu achei justamente interessante por causa do excesso, por não saberem a hora certa de parar e pela continuidade exagerada que dão ao jogo. Também vale a pena ressaltar que, embora vejamos a forma como o essencial foi construído e posto em prática, muitos dos outros acontecimentos estão desconectados da intenção principal e que muitos realmente acreditavam em tudo como uma brincadeira, sem compreender que havia mais por trás daquilo. Lendo dessa maneira, pode parecer confuso, mas assim que assistiram ao filme compreenderão do que festou falando.
O elenco do filme é bem jovem, a única excessão fica por conta de Bon Jovi, que interpreta um professor preparatório do curso de jornalismo. Cantor-ator, como inúmeros outros que hoje estão no mundo cinematográfico, Bon Jovi não deixa a desejar e atua bem; o que quero dizer é que o personagem é pequeno demais na trama para que haja espaço para uma má interpretação. Jared Padalecki, de Supernatural, também integra o elenco e sua função é apenas sorrir e lançar acusações, assim como também recebê-las. Os outros são atores desconhecidos, mas nem por isso são ruins. Enquanto assistia ao filme, não pude deixar de traçar um paralelo entre Dodger, a "rainha do colégio", que certamente é a mais inteligente - também a mais fria e calculista - e Kathryn, de Segundas Intenções. As duas são extremamente objetivas e chegam àquilo que querem sem deixar rastros de que são as responsáveis. Embora Dodger fique absurdamente aquém da belíssima Kathryn, que sabe como dominar as palavras e os homens com mais categoria, gostei do seu personagem e achei-a convincente.
Cry Wolf poderia ter recebido um título mais instigante, talvez a própria tradução literal coubesse melhor ao que vemos do que o título inapropriado, já que muitos nem sequer sabem o que Cry Wolf significa. O filme me rendeu uma agradável surpresa e eu o recomendo para um sábado chuvoso na companhia de alguém interessante, desde que você não esteja realmente a fim de densidade, pois se estiver, sugiro que opte por outro filme, como O Silêncio dos Inocentes. O final também me agradou pois, ainda que vejamos como tudo se desenrolou, sabemos que é apenas uma probabilidade e que não há certeza se tudo fora intencional ou se nada do que o rapaz diz seja coerente com a verdade. Enfim, vejam-no nas condições acima.
1 opiniões:
Ri demais com a parte do Bon Jovi. Sério.
Não gosto de densidade, sou raso que nem um pires; acho que vou adorar Cry Wolf.
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