The Town. EUA, 2011, 125 minutos, policial. Diretor: Ben Affleck.
Uma produção bem dirigida, que é capaz de envolver o espectador na trama. Ben Affleck merece parabéns pela direção.
Algumas personalidades, muito conhecidas numa área, às vezes se arriscam num outro campo e sucedem. Esse é o caso de Clint Eastwood, Tim Robbins, Sean Penn e mais recentemente Ben Affleck. Todos eles começaram como atores e, então, descobriram o gosto por atuar também fora das câmeras – ou melhor, atrás delas. Acabaram nos mostrando bons filmes, que mostram o talento deles como diretor.
Esse filme, The Town, baseado no romance de Chuck Hogan, fala sobre uma cidade – sim, a cidade, como veremos, também é protagonista –, Charlestown, na qual vários assaltos acontecem. Então, o filme se enfoca em Doug McRay e em seu gangue, que usualmente assalta bancos e consegue sempre sair impune, mesmo que os policiais estejam já desconfiando de que sejam eles os responsáveis por uma série de assaltos. Quando uma refém é capturada e depois solta, Doug resolve aproximar-se dela para saber se ela desconfia de que sejam eles os ladrões, mas acaba se apaixonando por ela.
Definitivamente, Ben Affleck me convenceu de que é bom dirigindo um filme. Ele sofre da mesma maldição de Sean Penn: atua mal pra caramba, no entanto é capaz de conceber uma obra bastante concisa, sem exageros e na medida certa para o espectador. Não quero com isso dizer que essa seja uma obra excepcional – ela é correta e capaz de entreter, não há erros muito notáveis, ainda que haja alguns momentos aparentemente deslocados. Affleck conseguiu registrar muitos momentos relevantes e correlacioná-los, principalmente soube como fazer jus ao título: definitivamente, ele tornou a cidade como uma participante ativa da história. Basta ver as cenas de perseguições, nas quais o cenário é sempre bem focado para causar ainda mais tensão em quem assiste, e também na quantidade de bancos que há em Boston – por si só, a cidade já parece fornecer os elementos necessários para que a história se concretize. A própria gangue pode ser considerada uma “cidade”, eles atuam em conjunto sincronizado, num tráfego sempre perfeito e cronometrado, sem espaços para falhas e sempre conectando, como um personagem diz no filme, A a B e B a C.
Acredito que haja bastante funcionalidade na história, que une ação policial e romance, misturando assim, um gênero ao outro através do personagem Doug, que está, ao mesmo tempo, envolvido com Claire, com a sua gangue e ainda sendo perseguindo pela polícia, unindo assim três núcleos separados do filme. Praticamente a força do filme está nas cenas de ação, são três cenas relativamente longas de assalto a bancos, todos elas bem diferentes uma da outra, de modo que elas não soem repetidas, ainda que, como podemos ver num determinado momento, elas parecem embasar todo o filme e “disfarçar” a ausência de outros elementos nele. Mas, enfim, isso não se torna nenhum grande problema na trama, porque, qualquer coisa que falte, acaba mesmo sendo encoberta pelo efeito do entretenimento. Mas penso que o bom desenvolvimento do roteiro e a direção eficiente de Ben Affleck – que muitos até pensavam que conquistaria uma indicação ao Oscar – não são os únicos bons fatores presentes nessa obra. Se os atores não estivessem em sintonia ou corretos, o filme potencialmente sofreria quanto às atuações, mas isso não acontece, graças, principalmente, a Rebecca Hall e Jeremy Renner, que conquistou sua segunda indicação consecutiva ao Oscar, desta vez na categoria Melhor Ator Coadjuvante. Ainda que Ben Affleck seja o protagonista da história, quem verdadeiramente chama a atenção são os atores que eu citei. Aliás, até acho que Rebecca Hall merece um personagem realmente de destaque, num espaço cênico maior – parece sempre que ele nunca pode mostrar tudo de que é capaz.
Acredito que Atração Perigosa não faça feio. A história, a meu ver, não soa absurdamente original, mas não deixa a desejar nem cai numa série insustentável de clichês que usualmente são comuns em filmes policiais. Penso que, mesmo não sendo um filme excepcionalmente marcante, Atração Perigosa consegue pelo menos duas coisas: provar a capacidade de Affleck e entreter o espectador por duas horas. Então, penso que seja válido.
2 opiniões:
Sean Penn actua mal? Não consigo concordar com isso! O Ben Affleck é verdade que a sua actuação deixa muito a desejar, mas o oscarizado Sean Penn já teve interpretações impressionantes!
Gostei muito do "the Town", teve umas cenas diferentes com um toque de humor. Parabéns ao realizador Ben AFfleck!
Gente, Luis tem uma IMPLICÂNCIA absurda com Sean Penn - ninguém entende, rs!
Enfim, nem vou comentar isso, rs.
No mais, concordo integralmente com seu texto. E é bom ver que Affleck tem se encontrado mais, é um bom diretor - já que na interpretação nunca foi seu forte.
abs
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