The Social Network. EUA, 2010, 121 minutos, comédia. Diretor: David Fincher.
Provavelmente, um dos piores filmes de Fincher. A Rede Social peca pela falta de ousadia e distanciamento com o espectador, que não reage ao que o filme mostra. Ainda que não seja ruim, também não é bom - é apenas mediano e totalmente sobrevalorizado.
Há apenas três anos, David Fincher nos trouxe à história – muito bem contada, aliás – de Benjamin Button, um garoto cuja vida aconteceu invertida: primeiro a velhice, depois a juventude. Agora, em 2010, ele retorna com uma nova produção, que conta a história da criação de uma das maiores redes sociais existentes atualmente: o facebook. Juntando um pouco de ficção – afinal, mesmo filmes baseados em fatos reais têm a sua carga fictícia – e bastante realidade, o novo filme de Fincher relata desde o primeiro momento, aquele em Mark Zuckerberg e Eduardo Saverin decidem criar o site, até a batalha judicial envolvendo os dois amigos.
Uma característica interessante do filme é a sua falta de linearidade. As idas e vindas no tempo, mostrando um pouco de cada momento da vida dos personagens é bastante válida, registrando-se como um dos melhores aspectos do filme. Vale ressaltar que o roteiro escrito por Aaron Sorkin e Ben Mezrich é o primeiro enredo não-linear dirigido por Fincher, haja vista que seus filmes anteriores – cito aqui especialmente os bons Seven e Clube da Luta – seguem um trajeto linear, e isso se verifica como uma boa característica. Não posso, porém, dizer que esse é um grande filme de Fincher. Realmente achei a obra mediana e percebo que ela tem sido enormemente elogiada pela mídia e pelos críticos e admito não saber de onde provêm todas essas características fantásticas que as pessoas têm visto nesse filme.
Sinceramente, penso que seja o filme mais sem graça que Fincher já dirigiu. Falta nele a emoção e beleza estética de O Curioso Caso de Benjamin Button, falta também a dinâmica de O Clube da Luta, falta o elemento que prende a atenção e que pode ser encontrado em Seven – falta até mesmo um elenco que chame a atenção, característica que nem mesmo O Quarto do Pânico, também mediano, possui. Enfim, com exceção da não-linearidade do roteiro, tudo parece comum demais e tive a impressão de que já história semelhantes antes, mesmo tendo certeza de que nenhum outro filme sobre o Facebook foi lançado anteriormente. Tenho a impressão de que Fincher se limitou a uma cartilha intitulada “como filmar bem” e se ateve a ela, temendo ousar mais e compor uma obra que trouxesse uma sensação de novidade.
O elenco também não me parece muito atrativo. Ao conferir o filme, fiquei pasmo que Jesse Eisenberg tenha conquistado indicações a alguns importantes prêmios, como o Globo de Ouro. Sua atuação é tão terrivelmente apática que ele some diante do charme pop de Justin Timberlake, intérprete de Sean Parker, o criador do Napster, e também diante do co-protagonista Andrew Garfield, que compõe um personagem muito mais interessante, expressivo e atrativo do que Eisenberg. Não vejo por que tantos elogios a Eisenberg enquanto Garfield permanece às escuras. Ainda assim, diria que o elenco está em sintonia, mesmo que haja algumas grandes falhas em suas interpretações. Esse pequeno defeito nas interpretações somado à direção sem afeto de Fincher fazem com que esse conjunto artístico não seja muito elogiável ao longo do filme.
Repito: não sei de onde vieram tantos elogios a esse filme. Admito que entretém se você o conferir sem grandes expectativas, mas definitivamente está longe de ser um grande filme. Faltam-lhe um elenco disposto, uma direção mais ousada, uma direção de arte menos acomodada. Ainda que se esforce muito, o filme fica no nível mediano e também aquém de filmes concorrentes, como Cisne Negro, de Darren Aronofsky. Enfim, mais uma obra sobrevalorizada.
1 opiniões:
Eu sou defensor do filme. As pessoas que têm "A Rede Social" como um filme frio, que como você citou "não provoca reação" no espectador, na minha opinião simplesmente não se deixaram levar por um filme que conta sobre o nascimento do Facebook, sim, mas é essencialmente sobre o isolamento, as escolhas erradas e a própria condição humana, onde ela nos leva. O fato de o filme não expor essa sua reflexão em diálogos "pop-espertos" como fez O Clube da Luta (um grande filme, não me entenda mal) parece ter afastado uma parte do público.
Eu vi o filme e senti muita coisa enquanto ele passava. O fato de Zuckenberg ser um protagonista extremamente ambíguo, que divide-se o tempo inteiro entre a simpatia e a repulsão para o público, só faz do trabalho (contido, é verdade) de Jesse Eisenberg algo mais louvável. Achei a construção de personagem dele impecável. E apesar de Justin Timberlake estar carismático como sempre e Andrew Garfield fazer um ótimo trabalho como Saverin, para mim Jesse dominou a cena.
E não acho que Fincher tenha se acomodado, não, ao "manual de como filmar bem". Pelo contrário. Ele só encontrou uma maneira de expressar uma reflexão sobre a sociedade (o que sempre foi o forte dos seus filmes, tirando "Benjamin Button", que eu particularmente acho longo e massante, apesar de ter muitas virtudes) sem artifícios de choque, de uma forma mais elegante e precisa. Não é desmerecer seus outros trabalhos, classificá-los como "populares" ou algo assim. É só reconhecer um trabalho sutil e competente como pouco se vê hoje em dia.
Enfim, achei A Rede Social um filme cheio de virtudes técnicas, que tem uma história atual, relevante e interessante para contar, que contou com os nomes certos, nas posições certas, na hora certa. E acho mesmo que deveria ter sido coroado como o Melhor Filme do ano.
Mas, claro, respeito sua opinião.
Abraços! ;D
Postar um comentário