Final Destination 5. EUA, 2011, 92 minutos, terror. Diretor: Steve Quale.
Mais uma continuação desnecessária. O único aspecto verdadeiramente positivo desse filme é o seu final, que realmente surpreende o espectador - mas só o final faz valer a pena?
Em 2000, fomos apresentados à histórias de jovens que, tendo sido alertados por um rapaz que teve uma premonição, saem de um avião que, momentos depois, explode, vitimando todos os que estavam lá dentro. A parte boa: os que saíram se salvaram. A parte ruim: como deveriam ter morrido e escaparam, a morte - aqui representada abstratamente - se ocupa de corrigir o curso natural das coisas, impedindo que esses sobreviventes perturbem ainda mais o trajeto esquemático das mortes. Em 2003, na primeira continuação, vemos a mesma história, mas as pessoas dessa vez sobrevivem a um acidente na estrada e elas estão diretamente relacionadas às pessoas do primeiro filme. Em 2006, a mesma história, mas o acidente é numa montanha-russa; em 2009, de novo, desta vez num estádio de corrida de carros.
Os personagens arquetípicos que se nos apresentam ao longo do filme.
Em 2011, onze anos e três continuações depois do primeiro filme, somos apresentados à história de um grupo de jovens que escapa de um acidente numa ponte que, tendo entrado em ressonância (para os que não conhecem o fenômeno, recomendo que procurem vídeos no youtube sobre o acidente com a Ponte de Tacoma), resulta em colapso matando inúmeros trabalhos e transeuntes. O protagonista dessa obra é Sam, um garoto que trabalha num restaurante e que recebe o convite para ir trabalhar como estagiário em Paris, mas que se vê em dúvida entre aceitar ou não a oferta, principalmente por causa do seu envolvimento com Molly, sua namorada, que acredita que eles não estão passando por uma boa fase no relacionamento.
Vemos aqui, no que tange ao relacionamento, proximidade do que vemos no filme original. Enquanto o romance de Alex Browning (Devon Sawa) e Clear Rivers (Ali Larter) se constrói gradualmente a partir do momento em que os rapazes têm a premonição, registrando a diferença de que Sam e Molly já estavam enamorados enquanto Alex e Clear não. A somar, há diversas outras semelhanças entre os personagens, os quais eram extremamente eficientes no primeiro filme e razoavelmente interessantes no segundo filme, mas que a partir de então tornaram-se simplesmente arquétipos mal elaborados e poucos desenvoltos que participam exclusivamente para preencher funções (Propp ia adorar isso!) e depois morrer. O personagem de Peter (Miles Fisher), por exemplo, remete aos revoltados com a morte, incapazes de compreender a situação; Olívia (Jacqueline MacInnes Wood) representa a personagem fútil, extremamente preocupada consigo mesmo, o que rende comentários inoportunos - infelizmente, são todos personagens arquetípicos que não funcionam mais, mas, mesmo assim, continuam reaparecendo nessa trama.
O mocinho e a garota fútil da famosa cena do laser no olho do trailer do filme.
Se o acidente do primeiro filme é extremamente tenso, causando no espectador um arrepio pelo agouro que o personagem sente e se no segundo a maravilhosa execução do acidente na estrada causa extrema aflição, nesse filme o mesmo está muito longe de acontecer - não quero ser chato, mas os acidentes do primeiro, segundo e terceiro filmes soam plausíveis enquanto os do quarto e quinto soam exagerados. Se já é difícil para o espectador mais atento aos fenômenos físicos acreditar aquele efeito de ressonância de dois minutos, mais difícil deve ser para o espectador que nem entende o porquê de a ponte entrar em colapso. E a cena é chata, sem emoção! Tenho reações mais adversas vendo cães e gatos brigando do que vendo aqueles personagens morrendo - morressem um a um ou todos juntos, eu teria me entretido tanto quanto.
[Spoiler] Se essa produção escorre do começo ao fim regada a momentos bem exagerados e longe do cenário sombrio do primeiro filme (lembram-se de Alex e Clear tentando passar por um cabo energizado?), o seu final é extremamente interessante, fazendo uma conexão direta com os personagens do filme de 2000. É maravilhoso quando Sam e Molly estão no avião que os levará a Paris - isso logo depois de estarem no restaurante MIRO81 - e descobrem-se numa situação de tumulto no avião, devido a um rapaz que teve um sonho de que o avião explodiria e precisou ser removido do avião. Isso mesmo: estamos falando de Alex, do primeiro filme! Isso situa todos os acontecimentos do quinto filme como anteriores ao primeiro, adicionando ainda uma informação interessante: quando for a sua vez de morrer, caso você mate alguém no seu lugar, você assume o tempo de vida da pessoa. Isso me soa furo do roteiro, pois, sendo esse filme anterior aos outros e estando o personagem de Tony Todd nas outras produções (com exceção da quarta), me soa estranho que ele não tenha repetido as informações que deu aqui, mas que tenha acabado por mudá-las. [Fim do spoiler]
Com exceção desse final, que é mesmo muito interessante e sugere muitos questionamentos - a destruição do vôo 180 foi, talvez, uma correção das coisas -, o resto do filme é bastante monótono, com cenas bem sem graças e falta de emoção. Para mim, com exceção dos dois primeiros filmes (sem consideração pelo final do segundo, que é ruim), os outros filmes são dispensáveis, então não havia por que esse existir. Mas, uma vez que existe, que entretivesse pelo menos! Ainda bem que só tem 92 minutos...
2 opiniões:
Esse filme tenho vontade de ver apenas por diversão mesmo, por curtir terror, mas na realidade dessa série só acho que o primeira vale a pena. Os outros achei pura palhaçada. A quantidade de mortes em sequência e algumas até em circunstâncias engraçadas não lembram em nada o climão do original. Mesmo assim vou ver o quinto episódio. Se não der medo, pelo menos distrai.
Essa série, pra mim, é péssima, mas teve várias coisas que eu gostei neste filme, especialmente do crossover feito com o primeiro longa da série, que deixou uma ótima sensação de fechamento desta história. No mais, e é horrível dizer isso, o maior chamativo dessa série continua sendo as mortes bizarras e ver de que forma eles irão se superar desta vez.
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