13 de jun. de 2012

Silkwood - Retrato de uma Coragem


Silkwood. EUA, 1983, 130 minutos, drama. Diretor: Mike Nichols.
Karen Silkwood, personagem verídica, é retratada numa narrativa intensa e de gênero híbrido – ora drama, ora thriller, ora romance –, o que a torna mais interessante.

Karen Silkwood era operária numa usina nuclear cujos métodos de trabalho não eram completamente adequados. A descoberta fez com que a mulher saísse à procura de quem pudesse oferecer algum tipo de esclarecimento em relação àquela situação e, mais do que isso, fazer algo em ajuda aos operários da empresa. Numa tarde, saiu para encontrar um repórter a quem faria denúncias formais – nunca mais retornou e sua morte foi registrada apenas como um acidente de trânsito.

A sinopse acima está relacionada à biografia de Karen Silkwood, personagem verídica que foi uma das primeiras sindicalistas a se posicionar contra a opressão de uma grande empresa e, mais do que isso, a atrair a atenção das outras pessoas para o seu trabalho e para as necessidades que ele demandava. Uma das cenas mais tensas do filme, quando Karen vai sair do laboratório e o alarme dispara, indicando que seu nível de radiação está superior ao aceitável, realmente aconteceu, e, de um modo geral, o filme é tido uma narrativa fiel aos acontecimentos na vida dessa personagem.


E pouco mais de duas horas, Mike Nichols discorre acerca dessa personagem e da relação dela com tudo ao seu redor. Vemo-la obstinada em sua causa, não à toa que seu relacionamento com Drew Stephens, seu parceiro com quem divide a casa e a cama, e também não à toa acaba afastada de Dolly, amiga com quem também divide a casa e por que muito preza. Acredito que o melhor do filme sejam as atuações, Nichols conseguiu fazer com que todos os atores surpreendessem em suas personagens, sobretudo a dupla Meryl-Cher, ambas nominadas ao Oscar merecidamente. Se há alguma característica ruim na obra – e mesmo não assim não é verdadeiramente rui – é a sua longa duração, já que tenho a impressão de que seu conteúdo não justifica demasiada extensão, principalmente porque alguns aspectos da vida de Silkwood ficam à margem da narrativa, como é o caso de sua família, os filhos que deixou com o esposo para poder ir trabalhar na usina nuclear etc.

De um modo geral, a narrativa é bastante eficiente na sua proposta de mostrar a trajetória da protagonista. trata-se de um filme mais descritivo do que emocional, então isso pode incomodar alguns espectadores, mas acredito que o filme sobressaia no campo das biografias, já que se trata de uma obra bastante sólida no roteiro (apesar de aspectos isolados que não o favorecem) e extremamente eficaz no conjunto direção-atuação. Não nego que me surpreendi bastante com Cher, numa interpretação pequena, as extremamente significativa, especialmente porque ela soube dar o tom certo à sua personagem, cuja personalidade parece associada àquele clima bucólico no qual mora – a cena em que Dolly e Silkwood conversam no banco é simplesmente belíssima, mostrando a proximidade entre as duas. 

 
Existe uma tensão sempre crescente, principalmente depois da primeira vez que vemos o alarme soar quando Karen vai sair do laboratório. Daí pra frente, temos sempre a impressão de que a personagem está prestes a morrer e, mesmo quando visita médicos, há aquela sensação de que ela é objeto de uma conspiração imensa, mas silenciosa. Nichols cria um clima interessante que percorre o filme e o torna um bom entretenimento – mais do que isso, as atrizes o tornam uma boa obra e o seu conteúdo faz com que ele seja um filme que devamos assistir para conhecer um pouco mais sobre a indústria nuclear e os perigos que definitivamente nos rondam.

4 opiniões:

Hugo disse...

O filme tem muita tensão e um tema que na época estava em alta em virtude do perigo nuclear.

As interpretações de Meryl Streep e Cher são ótimas.

Abraço

Matheus Pannebecker disse...

Lembro muito pouco desse filme...

k. disse...

Adorei a indicação! Vou assistir. =)

cleber eldridge disse...

õ/ Eu realmente preciso sair por aqui à procura de filmes da Streep, esse infelizmente eu ainda não consegui assisti!