Silkwood. EUA, 1983,
130 minutos, drama. Diretor: Mike Nichols.
Karen Silkwood,
personagem verídica, é retratada numa narrativa intensa e de gênero híbrido –
ora drama, ora thriller, ora romance –, o que a torna mais interessante.
Karen Silkwood era operária numa usina nuclear cujos
métodos de trabalho não eram completamente adequados. A descoberta fez com que
a mulher saísse à procura de quem pudesse oferecer algum tipo de esclarecimento
em relação àquela situação e, mais do que isso, fazer algo em ajuda aos
operários da empresa. Numa tarde, saiu para encontrar um repórter a quem faria
denúncias formais – nunca mais retornou e sua morte foi registrada apenas como
um acidente de trânsito.
A sinopse acima está relacionada à biografia de Karen
Silkwood, personagem verídica que foi uma das primeiras sindicalistas a se
posicionar contra a opressão de uma grande empresa e, mais do que isso, a
atrair a atenção das outras pessoas para o seu trabalho e para as necessidades
que ele demandava. Uma das cenas mais tensas do filme, quando Karen vai sair do
laboratório e o alarme dispara, indicando que seu nível de radiação está
superior ao aceitável, realmente aconteceu, e, de um modo geral, o filme é tido
uma narrativa fiel aos acontecimentos na vida dessa personagem.
E pouco mais de duas horas, Mike Nichols discorre acerca
dessa personagem e da relação dela com tudo ao seu redor. Vemo-la obstinada em
sua causa, não à toa que seu relacionamento com Drew Stephens, seu parceiro com
quem divide a casa e a cama, e também não à toa acaba afastada de Dolly, amiga
com quem também divide a casa e por que muito preza. Acredito que o melhor do
filme sejam as atuações, Nichols conseguiu fazer com que todos os atores
surpreendessem em suas personagens, sobretudo a dupla Meryl-Cher, ambas
nominadas ao Oscar merecidamente. Se há alguma característica ruim na obra – e
mesmo não assim não é verdadeiramente rui – é a sua longa duração, já que tenho
a impressão de que seu conteúdo não justifica demasiada extensão,
principalmente porque alguns aspectos da vida de Silkwood ficam à margem da
narrativa, como é o caso de sua família, os filhos que deixou com o esposo para
poder ir trabalhar na usina nuclear etc.
De um modo geral, a narrativa é bastante eficiente na sua
proposta de mostrar a trajetória da protagonista. trata-se de um filme mais
descritivo do que emocional, então isso pode incomodar alguns espectadores, mas
acredito que o filme sobressaia no campo das biografias, já que se trata de uma
obra bastante sólida no roteiro (apesar de aspectos isolados que não o
favorecem) e extremamente eficaz no conjunto direção-atuação. Não nego que me
surpreendi bastante com Cher, numa interpretação pequena, as extremamente
significativa, especialmente porque ela soube dar o tom certo à sua personagem,
cuja personalidade parece associada àquele clima bucólico no qual mora – a cena
em que Dolly e Silkwood conversam no banco é simplesmente belíssima, mostrando
a proximidade entre as duas.
Existe uma tensão sempre crescente, principalmente depois
da primeira vez que vemos o alarme soar quando Karen vai sair do laboratório.
Daí pra frente, temos sempre a impressão de que a personagem está prestes a
morrer e, mesmo quando visita médicos, há aquela sensação de que ela é objeto
de uma conspiração imensa, mas silenciosa. Nichols cria um clima interessante
que percorre o filme e o torna um bom entretenimento – mais do que isso, as
atrizes o tornam uma boa obra e o seu conteúdo faz com que ele seja um filme
que devamos assistir para conhecer um pouco mais sobre a indústria nuclear e os
perigos que definitivamente nos rondam.
4 opiniões:
O filme tem muita tensão e um tema que na época estava em alta em virtude do perigo nuclear.
As interpretações de Meryl Streep e Cher são ótimas.
Abraço
Lembro muito pouco desse filme...
Adorei a indicação! Vou assistir. =)
õ/ Eu realmente preciso sair por aqui à procura de filmes da Streep, esse infelizmente eu ainda não consegui assisti!
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