11 de ago. de 2012

Rocky Horror Picture Show

The Rocky Horror Picture Show. EUA / UK, 1975, 100 minutos, musical. Diretor: Jim Sharman.
Tim Curry e Susan Sarandon num musical que cativa exatamente pelo seu tom caricatural e absurdo.

Confesso: nunca tinha ouvido falar desse filme. E o mais surpreendente é que nele constam nomes famosos, como o de Susan Sarandon e Tim Curry. Só fiquei sabendo da sua existência por causa do Pedro, que me falou ser esse um de seus filmes preferidos – e inclusive o recomendou para mim, não sem antes alegar que se tratava de uma obra satírica e que talvez eu pudesse não gostar, exatamente pelo seu caráter caricatural.

A caricatura já pode ser percebida pela sinopse do filme, na qual é dito que um casal, após ter problemas com o carro, busca ajuda numa mansão onde mora o Frank-N-Turner, um alienígena bissexual do planeta Transexual. Basta isso para que o espectador perceba que o filme definitivamente não é sério e nem se levará a sério. Acredito que o grande mérito dos filmes satíricos seja o fato de ele próprio não pretender ser mais do que ele pode ser e é exatamente nisso que Rocky Horror Picture Show sucede – ele é apenas o que é, sem querer ser mais. E isso cativa o espectador, que vê uma obra bem interessante e dá a ela as proporções que ela merece.

Para mim, o detalhe mais importante desse musical são as músicas. Pode parecer redundante o que eu estou falando, mas existe uma característica muito relevante nas canções desse filme. Se o compararmos com outros musicais, como Chicago ou Moulin Rouge, perceberemos que ele se assemelha muito mais na estrutura ao segundo filme, pois tanto esse quanto a obra de Luhrmann possuem um tom cômico muito mais evidente e próximos entre si. Ainda assim, as canções de Moulin Rouge têm uma tendência à harmonia, o que nem sempre acontece nas canções de RHPS. Analisemos por exemplo as canções “Damn it Janet” e “Touch-a, touich-a, touch me”: perceberemos que há muitos momentos que são não-melódicos, como quando os personagens coadjuvantes cantam juntos, destoando as suas vozes das dos personagens principais – criando um efeito engraçado na música. Parece que as próprias canções se autoparodiam, o que é muito engraçado.

RHPS definitivamente tem muito mais a mostrar do que parece. O seu personagem central, o alienígena Frank Turner é realmente fantástico. A sua primeira aparição causa êxtase no espectador, principalmente pelo contraste em sua fala e sua vestimenta. O seu figuro é mesmo muito elogiável, destaque para o seu salto altíssimo, para as suas ligas, a sua meia-calça e o seu corpete – decerto uma roupa inesquecível! As figuras que vivem no castelo também são muito incríveis, meu superelogio vai à personagem Magenta, que é engraçada na medida certa, carregando consigo um humor meio ácido, que se verifica inclusive no seu olhar. A estrutura narrativa do filme também é engraçada, pois um personagem narra a história, dando-lhe um caráter mais verídico aos absurdos a que somos apresentados.

Provavelmente o sucesso do filme se deve aos atores, que souberam se divertir em cena. Todos, sem exceção, parecem estar muito à vontade em seus personagens e durante todo o filme tive a impressão de que houve diversão durante as gravações. Destaque especial para o divertido Tim Curry, que conseguiu criar Frank-N-Turner de modo muito criativo e engraçado, não há como não achar engraçado os trejeitos e aspectos caricatos do personagem, como o seu amor desesperado por Rocky, criatura que ele inventa. Susan Sarandon também está fantástica como Janet e também está linda aos 29 anos de idade! Destaque para os seus números musicais, e para o seu empenho. Sua voz é bastante suave, muito gostosa de ouvir. Como se não bastasse um engraçado Tim Curry, ainda temos Susan Sarandon arrasando como Janet. Outro destaque também vai para Patrícia Quinn, personagem coadjuvante, intérprete de Magenta – uma vez em cena, mesmo falando pouco, a atriz tem uma postura muito segura e positiva, o que a impõe para nós. Vale ressaltar que a boca que aparece no começo do filme cantando “Science Fiction / Double Feature” é dela!

Cabe a mim recomendar esse filme a vocês. Não o vejam esperando coreografias muito elaboradas nem canções com letras extremamente fantásticas. RHPS não é assim, nem foi feito com essa intenção. Adaptem-se ao filme, vejam-no como ele espera ser visto – e então compreenderão o quanto ele é divertido. Atentem para as músicas, que são bem legais, atentem para o sweet transvestite Frank Turner, que quase vale o filme todo. E eu termino agradecendo ao Pedro por ter me recomendado esse filme. A você, um grande abraço.

5 opiniões:

Regi disse...

Realmente filme inesquecível e divertido. O que me chamou a atenção nesse filme é que todos os personagens, em algum momento, usam a meia calça com ligas, como se fosse a marca do planeta Transexual.

Unknown disse...

Eu gosto muito desse filme. Acho engraçado e curto as músicas. E claro que não levo a sério.

beijos,

Carissa
http://artearoundtheworld.blogspot.com

Unknown disse...

Diferente de vc, eu conhecia o filme, mas ainda não vi, apesar de ter sido muito recomendado. Enfim, depois desse seu ótimo texto não tem como priorizar assisti-lo.

http://espectadorvoraz.blogspot.com.br

Hugo disse...

É um clássico cult que ainda não assisti.

Abraço

André Procópio disse...

coisa fina!