Ridley Scott, muito antes de ter o seu talento como diretor merecidamente reconhecido, dirigiu bons filmes no cinema. Talvez um grande destaque da sua filmografia seja o hoje clássico da ficção científica Alien, que, no ano de 1980, recebeu duas nomeações ao Academy Awards. Como todo bom filme de sucesso relativo recebe uma continuação, "Alien" também veio a se tornar uma série.
Ao voltarem de uma viagem espacial, sete cientistas descobrem que a nave mudara sua trajetória a fim de atender a um sinal compreendido como SOS. A contragosto de alguns, a nave se dirige para o local, de onde são recolhidas amostras de suposta vida extraterrestre. Lá, no entanto, acontece um acidente que traz um perigo iminente para toda a tripulação.
Confesso que a história do filme é bem simples. Não há muito que contar, tudo o que vemos praticamente é uma versão mais cult (e melhor dirigida) de um assassino midiático, como, por exemplo, Freddy ou Jason. Para mim, o Alien é isso: uma criatura que pode atacar – e provavelmente vai atacar – a qualquer momento, numa fúria implacável. A narrativa toda se desenvolve com a tripulação cercada pelo alienígena. Gosto principalmente do modo como souberam aproveitar a idéia da nave: rapidamente pensamos em um espaço confinado – e realmente é, já que os tripulantes estão presos, sem chances de sair –, no entanto, o espaço dentro da nave é realmente grande, de maneira que podemos ver a movimentação dos atores o tempo todo. Por haver muitos lugares para onde correr, e também pelo fato de que a nave não nos é um ambiente familiar, a tensão criada fica ainda maior.
Ridley Scott soube bem como dosar as suas cenas. Não há exageros nelas, não há excessos nas cenas. Outro diretor facilmente se ocuparia em mostrar o alienígena o tempo todo, tornando-o um freak show, do qual o espectador potencialmente se cansaria rápido. A opção por reduzir a participação da criatura no filme tornou a obra mais charmosa – ele é uma ameaça silenciosa e quase invisível. Vale ressaltar que o uso das cores favorece muito isso: na escuridão da nave, qualquer elemento negro aparece pouco e causa espanto. E temos também que considerar as personagens humanas, pois todos usam roupas claras, o que os coloca num plano de visibilidade anterior ao do alienígena. Os efeitos visuais são realmente bons e impressionam, principalmente se considerarmos a época em que o filme foi feito. Não fico surpreso com o fato de que o filme tenha conquistado a estatueta dourada de Melhores Efeitos Visuais.
A respeito das atuações, não creio que haja grande destaque. Os grandes nomes são os de Sigourney Weaver e de John Hurt, já que os outros são atores pouco lembrados. Como a função evidente de protagonista, Weaver tem destaque notável como a líder dos tripulantes. Sua atuação, devo dizer, não é maravilhosa e está bem longe de ser impressionável. Está apenas correta, sem surpreender, sem, porém, decepcionar. A grande cena de John Hurt, mais conhecido por "O Homem-Elefante" (1980), é aquela famosa, na qual um alienígena-bebê sai de dentro dele, rasgando-lhe a barriga e explodindo sangue por todos os lados. Decerto, uma das cenas mais lembradas do cinema. Tom Skerritt, Verônica Cartwright, Ian Holm – são todos bastante coadjuvantes no filme, tornando-se, por vezes, quase figurantes, já que o grande foco do filme é a relação nada saudável entre Ripley e o Alien.
Honestamente, acho que se trata de um filme divertido, mas não consigo vê-lo como muitos cinéfilos fazem. Para mim, é uma obra capaz de entreter, mas está longe de ser um marco do cinema. Decerto, um marco na carreira de Ridley Scott, o diretor, que mais tarde dirigia outros bons filmes, como "Thelma e Louise" (1991) e "Gladiador" (2000). Não posso deixar de acrescentar que para Weaver, a Tenente Ripley foi uma personagem marcante – tanto que, pela continuação de "Alien", lançada sete anos depois, a atriz recebeu a sua primeira indicação ao Oscar. Enfim, um filme que merece ser visto com atenção e que merece ser curtido, porque vale a pena.
5 opiniões:
tá aí um filme que ainda não vi.. pela sua descrição, parece o que senti quando vi Exterminador do Futuro (acho que foi ano passado).. fiquei pensado: "Mas é isso?!".. causou furor na época em que foi lançado, mas hoje não tem nada demais e não causou o mínimo impacto em mim..
O filme é marcante pelo clima claustrofóbico que mistura tensão e violência, também por ter sido o primeiro que misturou estes elementos num local confinado(ficção, terror, suspense, paranoia).
Como o filme gerou um monte de imitações, quem assiste hoje imagina estar vendo um longa comum, pois com certeza viu outros semelhantes, que nada realidade eram as cópias.
Abraço
Isso mesmo. Tudo o que veio desde então (inclusive as continuações, e apenas o segundo filme é realmente bom) certamente dilui o impacto de Alien. Mas é importantíssimo sobretudo para o gênero: praticamente TODAS as personagens femininas fortes em filmes de ação/ficção/terror que vieram depois devem algo à Ripley. E o mais incrível é que ela é uma personagem muito real e que se torna heroína pela força das circunstâncias. Não é glamourizada nem uma mera "heroína gostosa" e irreal como temos visto desde então.
Ah, e eu recomendo assistir a "Alien" com todas as luzes do quarto apagadas, escuro como no cinema... E com o som bem alto...
Ótimo texto! "Alien - O Oitavo Passageiro" é uma obra extremamente bem construída pelo Ridley Scott, com o clima certo, o suspense certo e os personagens certos. Não gosto de ficção científica, mas esse filme eu aprovo. rsrsrs
Assisti Alien quando foi lançado no cinema, hehe. Naquela época fiquei muito, muito impressionada.
Revi recentemente e fiquei decepcionada. Tem filmes que envelhecem..
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