18 de set. de 2010

Leões e Cordeiros

Lions for Lambs, 2007, 83 minutos. Drama.

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Assim que vi esse filme, pensei que a presença de Tom Cruise e Meryl Streep fizessem com que ele fosse extremamente interessante, ainda mais com a sinopse que li, na qual o senador interpretado por Cruise tenta convencer uma jornalista a expandir suas estratégias de combate; paralelo a esse evento, um professor tenta auxiliar um de seus alunos a dar um caminho melhor aos estudos, usando para exemplificar dois jovens que um dia tiveram aula com ele e que naquele momento estavam lutando pelo país.

O rumo nos parece muito bom no começo, principalmente porque todos os personagens estão de certa conectados um ao outro ou pelos menos à história do outro. Assim, podemos ver o quão entrelaçados estão os personagens e como as palavras soam esperançosas e ao mesmo tempo falsas diante das adversidades que as situações proporcionam. Isso é eficientemente perceptível nas cenas em que o senador explica passo a passo à jornalista a respeito de suas técnicas, numa tentativa de fazê-la cultuar o seu plano; porém, no Iraque, o espectador vê a forma como o plano falha consideravelmente à medida que o senador o eleva a um nível de infalibidade inexistente. O roteiro na minha opinião não é tão elaborado, pois dispensa bons momentos que poderiam ter sido trabalhados a fim de captar a densidade da emoção de cada personagem. As cenas intercaladas proporcionam certa expectatitva, mas se as considerarmos em sua totalidade, percebemos que elas não mostram nada novo, apenas se repetem incansavelmente.

Não acredito que esse seja um filme que dê chances para os atores, pois as cenas limitam as atuações a meros diálogos, que, tal como as cenas em si, soam sempre repetidos. Isso se torna muito visível nos takes em que Meryl Streep e Tom Cruise estão, pois a mesma fala é dita usando sinônimos. Ainda assim, acho que Cruise se mostrou bem no papel do senador, se diferenciando um pouco da monotonia dos outros personagens. O mais inútil é Todd, já que o ator Andrew Garfield fez o possível para dar um caráter soberbo e irritante ao seu personagem e as suas falas não acrescentam anda ao filme, apenas dispersam o espectador, que pouco a pouco se cansa do que vê. Robert Redford, já experiente na direção de filmes - tendo, inclusive, sido premiado com o Academy Awards em 1981 por Gente Como a Gente -, parece buscar se expressar pouco na linha narrativa pela qual optou, fragmentando tanto o filme que a todo tempo a cena anterior é retomada; ou seja, em uma hora e vinte minutos, vemos o que poderíamos ver em vinte minutos. Não posso deixar de dizer, porém, que alguns diálogos são extremamente fortes, causando no espectador uma sensação de confidência, que soa cruel quando as cenas de guerra seguem siretamente às cenas em que ocorre a entrevista. O auge de Leões e Cordeiros, cujo título é bastante interessante e faz menção a vários eventos do filme, são os momentos em que vemos os jovens na guerra e o rápido flashback no qual eles se mostram obstinados a fazer algo realmente melhor, considerando que isso signifique alitar-se ao exército.

Eu realmente não penso que esse é um filme para não ser visto, mas não tenho bons argumentos para fazê-los vê-lo. De aproveitável nesse filme, são as cenas de guerra, que somam, no máximo, um quarto do tempo total. Meryl Streep, Tom Cruise e até mesmo Robert Redford não são bem aproveitados, mas o filme não é um desastre - nem de longe o é. O título original - cujo sentido se perdeu na tradução - faz ótimas alusões a algumas breves cenas e também expressam bem o significado de algumas passagens; cabe ao espectador analisá-lo.

3 opiniões:

thicarvalho disse...

Curti mto este filme sabe. Concordo q em alguns casos o filme se repete, mas acho q isso não é uma falha. Mas sim uma tentativa de reforçar a ideia, e principalmente, o poder das discussões apresentadas. Não é um filme para o grande público, nem tão pouco um filme de guerra como vc bem disse, mas funciona. Grande abraço.

Hugo disse...

Gostei do filme, a narrativa pode parecer cansativa para alguns, porém os diálogos são ótimos, ligando ética jornalística, governo e propaganda de guerra, tudo no mesmo caldeirão, gerando uma discussão sobre as consequências na cabeça de quem recebe estas informações, ou seja, as pessoas comuns e no caso do filme em específico, dos jovens.

Abraço

Matheus Pannebecker disse...

Eu gosto de "Leões e Cordeiros", mesmo sabendo que o filme é mais uma discussão política do que cinema em si. Destaco a cena da Meryl Streep quando ela volta para a redação do jornal após a entrevista. Ela está fantástica ali!