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Ouvi sobre esse filme quando um colega comentou o quão bom ele [o filme] era. Esboçou um resumo rápido a respeito do assunto abordado; eu achei um pouco vago demais, mas, depois de um ano, decidi assisti-lo. E, diferentemente do que eu pensava, o filme me surpreendeu com a sua trama, que fala a respeito do ano de 2027, no qual a pessoa mais jovem tem 18 anos, isto é: o último parto ocorreu em 2009! Então, um ex-ativista é chamado por Julian, líder de um grupo de protestantes radicais, para que a ajude num transporte que é extremamente importante. Primeiro ele nega ajuda, mas depois se depara a situação que tem de lidar: há uma garota grávida, que precisa ser movida a fim de que não seja raptada ou morta.
O primeiro comentário que quero fazer quanto às características do filme é a maneira de destruição que é mostrada. Já assistimos a muitos eventos que tratam do fim de humanidade; vimos as sociedade submergir, em O Dia Depois de Amanhã; presenciamos ao quase choque entre um meteoro e a Terra, em Armageddon; soubemos da marginalização dos humanos pelo macacos, em O Planeta dos Macacos. Pela primeira vez, no entanto, os humanos não foram atacados ou mortos: simplesmente deixaram de nascer, embora continuem morrendo das mesmas causas que morriam, seja morte natural, guerras ou acidentes. De tal forma, a expectativa pelo fim parece bem mais cruel do que nos outros filmes e o tom pessimista que Alfonso Cuarón deu ao fim faz parecer com que quaisquer atitudes dos personagens seja irremediavelmente inútil, o que sustenta ainda mais a expectativa dos espectadores. Dentre as cenas que mostram de maneira mais efusiva essa sensação de fracasso, presente no contexto do filme, está aquela em que várias pessoas observam tristemente à notícia de que o "Bebê Diego", a pessoa mais jovem do mundo, morreu aos 18 anos após recusar a dar um autógrafo e ser esfaqueado, o que o levou à morte.
Dentro da rígida estrutura política estadunidense, na qual ou todos os imigrantes são retiradas à força do país ou são mortos, Theo, personagem de Clive Owen, atira-se obstinadamente à tentativa hercúlea de levar Kee, a jovem grávida, até o local onde ela será tratada com todos os cuidados necessários e ainda poderá dar chance para as esperanças de que o mundo simplesmente não acabe. Eu tenho a impressão de que Clive Owen vem interpretando o mesmo personagem - apenas o nome que muda - há um longo tempo, salvo em Closer, em que enão precisa correr para salvar alguém. O ator é bastante convincente nesse papel, mas certamente lhe falta alguma versatilidade; acho que seria interessante vê-lo de outra maneira, talvez mais submisso à situação, menos herói. Mas enquanto continuar convencendo assim, melhor para nós. Julianne Morre poderia ter sido bem mais aproveitada. Sua participação resume-se a poucas falas e um tiro que logo nos primeiro trintas minutos de filme a mata. Se Clive Owen combinou bem com Natalie Portman e Julia Roberts, por que não haveria de combinar também com Julianne Morre a fim de desenvolver melhor o reatar da relação entre os personagens? Mas, mesmo que tenham optado por fazer de outro jeito, a atriz marca presença e garante boas, porém pequenas, cenas.
O ápice do filme está numa das cenas finais, quando há aquele momento fotográfico no qual todos param. Quem assistiu ou quem for assistir sabe (ou saberá) a qual cena me refiro. É nesse momento que percebemos que valeu a pena ter-lhe visto. Então, eu recomendo que assistam a esse filme. Não o façam, porém, se quiserem bastante diversão, pois este é um filme para ser observado com atenção, registrando alguns momentos (que certamente virão a ser copiados daqui a alguns anos).