31 de out. de 2010

Filhos da Esperança

Children of Men. EUA, 2006, 109 minutos. Drama/Ficção Científica.

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Ouvi sobre esse filme quando um colega comentou o quão bom ele [o filme] era. Esboçou um resumo rápido a respeito do assunto abordado; eu achei um pouco vago demais, mas, depois de um ano, decidi assisti-lo. E, diferentemente do que eu pensava, o filme me surpreendeu com a sua trama, que fala a respeito do ano de 2027, no qual a pessoa mais jovem tem 18 anos, isto é: o último parto ocorreu em 2009! Então, um ex-ativista é chamado por Julian, líder de um grupo de protestantes radicais, para que a ajude num transporte que é extremamente importante. Primeiro ele nega ajuda, mas depois se depara a situação que tem de lidar: há uma garota grávida, que precisa ser movida a fim de que não seja raptada ou morta.

O primeiro comentário que quero fazer quanto às características do filme é a maneira de destruição que é mostrada. Já assistimos a muitos eventos que tratam do fim de humanidade; vimos as sociedade submergir, em O Dia Depois de Amanhã; presenciamos ao quase choque entre um meteoro e a Terra, em Armageddon; soubemos da marginalização dos humanos pelo macacos, em O Planeta dos Macacos. Pela primeira vez, no entanto, os humanos não foram atacados ou mortos: simplesmente deixaram de nascer, embora continuem morrendo das mesmas causas que morriam, seja morte natural, guerras ou acidentes. De tal forma, a expectativa pelo fim parece bem mais cruel do que nos outros filmes e o tom pessimista que Alfonso Cuarón deu ao fim faz parecer com que quaisquer atitudes dos personagens seja irremediavelmente inútil, o que sustenta ainda mais a expectativa dos espectadores. Dentre as cenas que mostram de maneira mais efusiva essa sensação de fracasso, presente no contexto do filme, está aquela em que várias pessoas observam tristemente à notícia de que o "Bebê Diego", a pessoa mais jovem do mundo, morreu aos 18 anos após recusar a dar um autógrafo e ser esfaqueado, o que o levou à morte.

Dentro da rígida estrutura política estadunidense, na qual ou todos os imigrantes são retiradas à força do país ou são mortos, Theo, personagem de Clive Owen, atira-se obstinadamente à tentativa hercúlea de levar Kee, a jovem grávida, até o local onde ela será tratada com todos os cuidados necessários e ainda poderá dar chance para as esperanças de que o mundo simplesmente não acabe. Eu tenho a impressão de que Clive Owen vem interpretando o mesmo personagem - apenas o nome que muda - há um longo tempo, salvo em Closer, em que enão precisa correr para salvar alguém. O ator é bastante convincente nesse papel, mas certamente lhe falta alguma versatilidade; acho que seria interessante vê-lo de outra maneira, talvez mais submisso à situação, menos herói. Mas enquanto continuar convencendo assim, melhor para nós. Julianne Morre poderia ter sido bem mais aproveitada. Sua participação resume-se a poucas falas e um tiro que logo nos primeiro trintas minutos de filme a mata. Se Clive Owen combinou bem com Natalie Portman e Julia Roberts, por que não haveria de combinar também com Julianne Morre a fim de desenvolver melhor o reatar da relação entre os personagens? Mas, mesmo que tenham optado por fazer de outro jeito, a atriz marca presença e garante boas, porém pequenas, cenas.

O ápice do filme está numa das cenas finais, quando há aquele momento fotográfico no qual todos param. Quem assistiu ou quem for assistir sabe (ou saberá) a qual cena me refiro. É nesse momento que percebemos que valeu a pena ter-lhe visto. Então, eu recomendo que assistam a esse filme. Não o façam, porém, se quiserem bastante diversão, pois este é um filme para ser observado com atenção, registrando alguns momentos (que certamente virão a ser copiados daqui a alguns anos).

28 de out. de 2010

A Última Estação


The Last Station. Alemanha / Reino Unido / Rússia, 2009, 112 minutos. Drama.
Indicado a 2 Oscar: Melhor Atriz (Helen Mirren) e Melhor Ator Coadjuvante (Christopher Plummer)
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Cinebiografias são muito comuns e anualmente muitas delas são lançadas; algumas passam despercebidas enquanto outras chamam muito atenção. The Last Station nos conta sobre o último ano de vida de Lev Tolstoi e a forma como a sua doutrina influenciava sua própria vida e a vida de seus familiares, inclusive sua esposa, Sofia. Paralelamente, a história de Valentin contada: a forma como se torna um tolstoiano e como isso interferiu em sua construção psicológica.

A Última Estação parece ser um daqueles filmes em que uma incursão sócio-política acontece em meio às características fílmicas principais de uma produção cinematográfica. E isso de certo modo acontece, mas numa intensidade bem menor do que eu imaginei. Até porque, como filme, A Última Estação não me surpreendeu muito, haja vista que só me atraíram as atuações – as de Hellen Mirren e de James McAvoy –, porque o roteiro, a direção, a fotografia e todo o resto não me agradaram totalmente. Muito do filme está embasado nos pensamentos de Tolstoi e na sua corrente filosófica e isso é discutido do começo ao fim, uma vez que é esse o mote do filme, é esse aspecto do roteiro que interliga todos os eventos. Creio que seja necessário compreender um pouco dessa filosofia para que as coisas façam mais sentido ao longo da obra.

Como cinema, acho difícil dizer que esse filme me agradou. Consegui ver neles alguns bons aspectos, mas não houve nada que me fizesse querer vê-lo de novo ou mesmo querer recomendá-lo a alguém. A história abordada pelo roteiro é muito maçante, poucas coisas parecem acontecer e os acontecimentos sempre são circunstantes às crises de histeria de Sofia. Assim, parece mesmo que as quase duas horas de filme servem apenas para mostrar os dramas (às vezes, aparentemente superficiais) da personagem feminina principal. O filme se torna bastante monótono por causa disso, parece que não há o que mostrar além do que descrevi acima. Se por um lado o roteiro é falho, por outro, as atuações são muito boas. Hellen Mirren, indicada ao Oscar como Lead Actress, realmente concebe uma interpretação elogiável. Como a esposa de Tolstoi, Mirren se mostra exemplar, mesmo que, em alguns momentos, sua atuação pareça um pouco exagerada – isso, no entanto, se deve à direção estranha de Michael Hoffman, que peca um pouco ao dirigir. James McAvoy, que co-protagoniza a obra, também se mostra igualmente eficiente em sua atuação. Quanto a esse ator, devo mesmo dizer que gosto dele e penso que ele seja um potencial grande nome, porque se envolve em boas obras e se revelou um bom ator. Creio que ele apenas não foi tão reconhecido pelo seu desempenho porque dos nomes consideravelmente mais fortes de Mirren e de Plummer. Caso isso não tive acontecido, ele decerto teria conquistado um espaço entre os indicados. Christopher Plummer, como Tolstoi, não me convenceu muito e penso honestamente que sua indicação seja por motivos políticos – a Academia simplesmente queria se sentir bem por nunca tê-lo indicado anteriormente.

De um modo geral, penso que haja pouco que tenha me feito querer assistir a esse filme. Pouco mesmo, confesso. Fora as atuações de Mirren e de McAvoy, o resto é muito mediano. Como eu disse no começo, não tenho vontade de recomendá-lo mesmo, então deixo que vocês decidam se querem ou não vê-lo.

26 de out. de 2010

Heróis

Push. EUA, 2009, 111 minutos. Ficção Científica.
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Não sei exatamente o que me motivou a ver esse filme, mas com muita boa vontade eu o peguei na locadora e, com certo entusiamo, me sentei para conferi-lo. Não demorou muito para que eu percebesse que o filme não é exatamente aquilo que ele promete ser e que, se visto com olhar crítico, torna-se aquilo que se pode chamar de abominação cinematográfica. Eu, no entanto, não fui tão crítico ao vê-lo; dessa forma, penso que seja apenas mais um filme que é dispersivo e que engana o espectador com efeitos especiais exagerados.
Nick e Cassie Holmes se unem por acaso para encontrar uma terceira pessoa que é igual a eles: possui poderes especiais. Porém, há uma organização secreta estadunidense que os persegue, a fim de fazer experiências neles e estão justamente atrás daquela que os dois jovens desejam ajudar, pois ela é a única a ter sobrevividos às doses de injeções que lhe foram aplicadas.

Se leram esse resumo que fiz, certamente se lembraram de uma série de TV que estreou há algum tempo atrás cuja abordagem é semelhante à desse filme. Os nomes em português, inclusive, são os mesmos. Heroes mostra praticamente as mesmas coisas que esse filme mostra - a única diferena é que os eventos são um pouco mais coerentes e mais divertidos. O roteiro de Heróis se ocupa em mostra bastantes coisas que nós não queremos ver, como relacionamento românticos chatos, guerra entre gangues rivais, etc. Mas acho que o pior problema é a incapacidade de definir com exatidão aquilo que quer mostrar. Ora os personagens estão juntos, ora estão discutindo; ora o gênero se assemelha à ação, ora se torna romance. E acaba não sendo nem um nem outro. Para um filme que ficção científica que envolve perseguições, esperamos no mínimo um roteiro ágil e fácil. Queremos ver bastante ação, não explicações compridas e complexas. Com isso, não quero dizer que basta jogar uma ou duas informações toscas; quero apenas dizer que quanto maior a simplicidade e a agilidade mostradas, maior é o entretenimento do espectador que procura por filmes desse gênero.

Para mim, os destaques do filme são Dakota Fanning e Chris Evans. Não penso isso porque eles estejam talentosos nesse filme; definitivamente não estão.Mas ela é charmosa e ele é bonito. Isso fez com que eu tivesse um pouco de interesse pelas cenas em que aparecem.  Os outros atores, bem medíocres, limitam-se a expressões faciais estranhas - alguns nem apresentação variação de expressão - e uns movimentos comporais que são modificados graças aos muitos efeitos desalojados. Sobre os efeitos, atenção especial para os sujeitos berradores. Ao gritarem, eles conseguem destruir quaisquer coisas às suas frentes - inclusive os ouvidos de uma pessoa. As cenas com eles são extremamente irritantes, primeiro por causa do volume do áudio, que é horrível de tão alto e quem quase fica surdo é o espectador, e segundo por causa da infâmia provinda da inserção desses seres patéticos à história. Não sei se alguém já viu o filme, mas se já viram, por favor, me expliquem o que foi aquele ideia que o personagem Nick teve. Ele escreveu vários envelope indicando o que cada um deveria fazer, mas a explicação para a cena é tão confusa que eu me perdi no meio de tanto vai-e-volta. Aliás, expliquem-me também o significado do título original...

De um modo geral, o filme tem uma variação bem grande no entretenimento. Às vezes, tudo está legal, de repente fica ruim. Depois, o inverso acontece. Não é um filme totalmente ruim, porque é óbvio que poderia ser bem pior. Não é, no entanto, nenhum filme interessante de pessoas com super-poderes. Parece que esse filme é uma coletânea mal sucedida de narrativas com esse tópico: tive a impressão de ver um pouco de Heroes, um pouco de Carrie e A Incendiária (livros de Stephen King), um pouco de Matrix, etc. Enfim, não sei o que dizer... recomendo que, se realmente acharem que vale a pena, arrisquem-se a vê-lo.

24 de out. de 2010

Coração Louco

Crazy Heart. EUA, 2009, 111 minutos. Drama. Dirigido por Scott Cooper.
Vencedor do Oscar de Melhor Ator. Indicado em Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Canção Original.
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Crazy Heart é a obra que concedeu, em 2010, a estatueta dourada de Melhor Ator a Jeff Bridges, cujo histórico de indicações incluía quatro indicações anteriores, tanto como Lead Actor quanto como Supporting Actor. Sendo indicado também em outras categorias, como Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Canção Original, o filme parecia aqueles “pequenos grandes filmes” que, embora não caiam imediatamente no gosto popular, têm uma vertente artística muito apurada.

Eu penso que seja exatamente esse o caso de Coração Louco. Há nele uma simplicidade dramática que não o torna pesado, mas também não atenua as dificuldades e o desequilíbrio apresentados. Não posso deixar de dizer que o roteiro, de certa forma, me remete ao igualmente “pequeno grande filme” O Lutador. Bad Blake é um cantor de música country frustrado porque sua carreira está em declínio e tudo o que ele faz é ser comparado a Tommy Sweet, que fora seu “aprendiz” e que hoje faz muito sucesso. Ao conceder uma entrevista a uma repórter, acaba se envolvendo com ela emocionalmente e fica dividido entre as várias opções que têm em relação a como lidar com a sua vida.

Antes de começar a falar efetivamente sobre o filme, gostaria apenas de sustentar um pouco mais a minha opinião de que esses dois filmes se parecem. Ao analisarmos as obras, perceberemos inúmeras semelhanças, a começar pelo perfil psicológico dos personagens. Tanto Bad Blake, de Coração Louco, quanto Randy, de O Lutador, são pessoas fracassadas na vida e acometidas por algum tipo de vício e problemas familiares. Os dois não se relacionam bem com os seus filhos e tentam compensar isso de outro modo – os dois, por exemplo, adquirem extrema simpatia pelos filhos das mulheres de quem gostam, a fim de compensar a ausência de afeto que seus filhos próprios lhes deram. Os dois envolvem-se com mulheres que ficam em dúvida em relação ao quanto é adequado se envolverem numa relação mais séria. E, entre idas e vindas, os dois acabam por perdê-las. E talvez os momentos finais dos filmes dos quais são protagonistas confirmem ainda mais a semelhança entre eles: ambos escolhem viver intensamente. De modos diferentes, isso fica evidente, já que Bad Blake decide se desintoxicar e ficar sóbrio e Randy opta por desrespeitar as recomendações do seu médico, o que poderia levá-lo à morte – ainda assim, os dois optam pela mesma coisa: fazer o que querem, independentemente das conseqüências disso. Não há realmente nenhum motivo que intensifique o que Coração Louco é por causa da comparação que fiz; apenas quis fazê-la, porque para mim há muito em comum entre essas obras.

A linearidade do roteiro me agrada e me desagrada. Ao mesmo tempo em que ela favorece, tornando a obra mais fácil de ser vista, já que tudo acontece numa cadeia crescente de eventos, ela também o torna um pouco previsível, nos permitindo saber antecipadamente algumas coisas que acontecerão. Cito, por exemplo, a cena em que Jean confia a Blake o seu filho e ele se perde da criança – o roteiro, pela sua cadência, dá a entender que aquele seria o momento dramático e que o dano seria evidenciado em breve. A história de Bad Blake não é muito nova, aposto que todos já vimos personagens como ele no cinema e situações semelhantes acontecendo – para provar isso, até usei um parágrafo para compará-lo a outro personagem de um filme do ano anterior. O que torna Bad Blake um bom personagem é o carisma que ele nos causa – sua personalidade forte o impulsiona a agir conforme quer e isso também é causado pela bebida, haja vista que seu café da manhã é uma dose de uísque McClures. O contraponto de sua vida aparentemente arruinada é Jean Craddock, a repórter por quem Blade se apaixona e por quem decide mudar sua vida.

Talvez o melhor do filme sejam as atuações, eu realmente gostei de todas, inclusive Colin Farrell, que nem sequer foi creditado pelo seu personagem, Tommy Sweet. É claro que o destaque é o casal: Jeff Bridges e Maggie Gyllhenhaal estão muito bem em cena e mostram que são verdadeiramente bons atores. A princípio, não achei que os dois combinassem em cena, mas não demorou muito para que eu constatasse que eu estava errado e que eles têm química juntos. Não me surpreende que ambos tenham conseguido indicações ao Oscar, afinal, ambos estão mesmo bem. Maggie Gyllenhaal, por quem eu tinha simpatia, se mostrou talentosa e provou que sua capacidade dramática é notável. Dentre as indicadas à categoria, excluindo-se a vencedora, Maggie é a minha preferida. Quanto aos atores, creio que o prêmio concedido a Bridges tenha sido mesmo válido, pois o ator realmente concebe uma interpretação elogiável. Penso que apenas Colin Firth competia verdadeiramente com Jeff Bridges, porque Morgan Freeman atua apenas corretamente e George Clooney se mostra correto também. E o histórico de indicações de Bridges auxiliou-o a ficar na frente. Não posso também deixar de elogiar Scott Cooper pelo filme que dirigiu. Poucos diretores debutantes conseguem criar algo tão condensado em sua primeira vez.

Coração Louco é ainda ilustrado pela canção Weary Kind – a qual mostra um pouco mais do quão bom o filme é. Não posso me esquecer de comentar sobre a trilha sonora, afinal ela embasa o filme e o intensifica. Decerto, Coração Louco pode parecer um filme chato para algumas pessoas, mas eu o recomendo e afirmo com bastante segurança: é um filme denso, com as doses certas de drama, de alegria, de tudo. Bastante equilibrado, e totalmente válido.

22 de out. de 2010

Invictus

Invictus. EUA, 2009, 121 minutos. Drama. Dirigido por Clint Eastwood.
Indicado a dois Oscar: Melhor Ator (Morgan Freeman) e Melhor Ator Coadjuvante (Matt Damon)
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Quem acompanha o blog sabe que eu sou fã de Clint Eastwood. O simples fato de haver o nome dele como diretor do filme faz com que eu me interesse por vê-lo e, muitas vezes – em quase todas, na verdade –, me surpreendi com as suas produções. A junção Eastwood-Freeman, que já havia acontecido no emocional Menina de Ouro, me motivou ainda mais a ver essa produção, que aborda a vida pós-prisão de Nelson Mandela e as suas tentativas, como presidente eleito na África do Sul, de unir o país usando como instrumento o rúgbi.

Não tardou para que eu descobrisse algo realmente triste: eu não estava me identificando com aquela obra. Eu realmente não consegui entrar no clima daquilo que fora proposto; todo o filme pareceu simplesmente passar, sem que eu visse nele algo por que me apegar. Assim, rapidamente concluí tratar-se de uma obra mediano, cujo único destaque é o nome forte do ator principal e do diretor. Não sei bem o que falta em Invictus, mas definitivamente há nele alguma coisa que não se encaixa nas minhas expectativas.

As atuações dos atores são corretas, o que potencialmente os elimina como motivo do meu desapego pelo filme. Vi tanto em Damon quanto em Freeman uma linearidade de interpretação – não os vi brilhantes, tampouco os enxerguei com menos destaque do que mereciam. Não compreendi muito bem o que levou a Academia a nomear ambos – Damon, como coadjuvante, Freeman, como ator principal – nas categorias de atuação masculina, porque realmente não há muito que lhes permita expor todo o seu potencial artístico e, caso haja, eu não percebi essa totalidade quando eles estão em cena. Como disse: corretos, mas não brilhantes. Os poucos atores secundários não têm grande espaço na tela, e a eles é limitada a participação; logo, não me aterei a eles. A direção de Clint Eastwood parece distante, não sei bem se o diretor pretendia mesmo causar esse efeito com o intuito de mostrar-se imparcial em relação à figura de Mandela. Talvez não quisesse expor-se, colocando-se do lado dos personagens que retrata, causando então um efeito diferente de outros filmes, como As Pontes de Madison e Menina de Ouro. O grande problema é que, com isso, o diretor provocou um afastamento do espectador com os personagens. Os ângulos de câmera, a edição de cenas, a trilha sonora – nada parece criar uma dinâmica ou uma aproximação.

Tudo é tão sóbrio e etéreo, sem qualquer drama, sem qualquer mudança, tão rigorosamente linear, que a história acaba parecendo sem graça. Definitivamente, uma das coisas que eu já aprendi é: vida equilibrada não dá história. E é exatamente assim que tudo se desenvolve no filme: nenhum anseio por parte do espectador, nenhum conflito no plano fictício dos personagens. Nem mesmo o plano da realidade – não podemos nos esquecer de que os personagens são reais – consegue inferir na continuidade do filme e lhe dar um ar mais renovado e menos pesado. Penso que possamos defini-lo como um filme pesado, porque seu desenvolvimento lento e sem inovações deixam-no um pouco cansativo. Ainda assim, é possível assisti-lo e vê-lo pode ser válido, até porque não se pode simplesmente ignorar uma obra de Clint Eastwood, mesmo que ela não seja exatamente uma das suas melhores.

20 de out. de 2010

Férias Frustradas de Verão

Adventureland. EUA, 2009, 107 minutos. Drama / Comédia / Romance.
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Imaginem-se indo à locadora e deparando-se com um filme chamado "Férias Frustradas de Verão". A somar, vocês olham na caixa do DVD e vêem Kristen Stewart - sim, ela mesma, da série Crepúsculo. Sentiram vontade de pegar esse filme para vê-lo? O que motivou a conferi-lo foi uma resenha que o Nespoli, do blog O Cara da Locadora, fez. Se quiserem ver a opinião dele sobre o filme, basta clicar aqui. Então, considerando o quão bem ele falou do filme, precisava saber se minha opinião era semelhante à dele ou não.

James acaba de se formar na faculdade e, em vez de ir para a Europa, como havia planejado, ele é obrigado a encontrar um emprego de verão, já que seus pais estão em problemas financeiros. Assim, ele consegue emprego no parque de diversões Adventureland, onde também trabalham o seu amigo Frigo e Emily, uma garota com problemas familiares que dá em cima de James. Há ainda o mito Connel, o responsável pela manutenção dos brinquedos que tem fama de já ter tocado com Lou Reed.

Diferentemente do que o idiota título nacional sugere, Férias Frustradas de Verão não é um filme típico de sessão-da-tarde. É um drama suave, com boas medidas de comédia e romance, tudo em equilíbrio, sem parecer piegas nem pervertido. Para minha surpresa, eu o considerei uma obra bastante interessante, pois mostra com eficiência os problemas relacionados às relações humanas - sejam entre família, entre amigos ou mesmo num caso amoroso. Os personagens são jovens e vivem conforme vivem os jovens: tentam ser racionais, mas às vezes são impulsivos e imprudentes, cedem com facilidade e questionam-se a respeito de tudo pelo que passam. Assim, um se pergunta o porquê de ser um loser; outro se pergunta o porquê de não conseguir ser objetivo e dizer o que pensa. A temporada que passam no parque serve para que eles possam se firmar, moldar seus pensamentos. O grande acerto do filme é mostrar o amadurecimento gradual dos personagens. Tão logo que o verão acaba, os personagens já não são mais tão suscetíveis como eram antes.

Os atores estão todos bem à vontade, bastante naturais. A minha grande surpresa foi Kristen Stewart, que é tosquíssima apenas em Crepúsculo. Quero dizer, aqui ela está simpática, com algum charme, interpretação interessante - parece ter saído da atuação automática da série mais comentada ultimamente. Como Emily, ela está num papel compelxo: vive um caso com um homem casado, por quem tem afeição, e está prestes a se entregar para o rapaz por quem se sentiu atraído. Em ambos os casos, porém, nos vem a impressão de que seja a carência provocada pela família destruturada... Jesse Eisemberg, tal como Stewart, está bem, sem ser caricato, sem sumir em cena. E o ar tímido do ator confere um ar mais inocente ao seu personagem, que, na minha opinião, é mais superficial que o de sua parceira de cena. Ryan Reynolds interpreta um personagem de pouca grandeza. Acredito que a presença do ator se deve ao fato de que ele é bonito e chama atenção de quem o vê na capa do filme. Dessa maneira, ele foi chamado para um personagem de pequeno porte, que pouco se destaca e que dá suporte principalmente a Emily.

Devem ter percebido que eu gostei mesmo do filme. Assim, me resta recomendá-lo e enfatizar que é uma obra interessante, que entretém o espectador e o mostra um período na vida de alguns jovens no mínimo interessantes. O título ridículo nacional não faz jus à qualidade da obra e vai a ele a minha única crítica. O problema, porém, não é do filme em si, mas dos tradutores infelizes que puseram tão infame nome numa obra bem acima do nível mediano.

18 de out. de 2010

Os Embalos de Sábado À Noite

Saturday Night Fever. EUA, 1977, 118 minutos.
Indicado ao Academy Award de Melhor Ator (John Travolta).
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Vamos a um breve resumo: Tony é um rapaz de 19 anos que gosta de ir à discoteca dançar aos sábados. Trabalha numa loja de ferramentas e vive com sua família, que constantemente o irrita ao compará-lo com seu irmão mais velho, que é padre. Considerado o Rei das Pistas, Tony se vê num dilema ao precisar de uma parceira para o concurso de dança que haverá.

Dois tópicos, sempre que abordados, nos remetem diretamente a esse filme. O primeiro é "filmes de discoteca"; o segundo é a banda Bee Gees. Não se pode pensar num sem que o outro nos venha à mente. Assim, a união desses dois assuntos fez surgir Os Embalos de Sábado À Noite - um filme que retrata bem a adolescência daquela época e que, à sua maneira, traz um intenso sentimento de nostalgia.

Duas perguntas podem vir à cabeça de vocês que estão lendo essa resenha: como diabos ele sabe como era a adolescência naquela época e que saudades ele sentiu, se ele nunca vivenciou aquilo? Pois bem, confesso que imagino que fosse daquele jeito que os jovens se portassem e meu pensamento é reforçado pelos vários filmes que retratam seus comportamentos. A sensação nostálgica a que me refiro não é literal: o filme faz com que queiramos vivenciar aquele momento. Tal como o personagem vivido por John Travolta, o espectador também sente aquela vontade quase incontrolável de dançar em torno daquela multidão que o observa. Digo isso porque o filme apresenta algo que já não acontece mais. Hoje as coreografiazinhas de baladas são bem bregas e na maioria das vezes somente pessoas que vivenciaram as épocas áureas das discotecas se arriscam a ir dançá-las, mas é bem interessante quando vemos várias pessoas dançando a mesma coreografia, ao som de uma música legal e de muitas luzes piscantes. Ao som de Bee Gees e da música Disco Inferno, não pude deixar de pensar que nasci na época errada!

Falando assim, vocês pensam que eu tenha o considerado um grande filme. Na verdade, achei-o um pouco acima de mediano. Quando o vi, buscava ver bastantes cenas na discotecas, muitas danças, etc. Gostaria de chamá-lo de dispersivo e afirmar que ele perde tempo nos mostrando informações incoerentes com o tema proposto, mas não é isso que acontece. É importante ressaltar que esse é um filme sobre um rapaz que gosta de dança e não um filme sobre dança. Logo, o enfoque do filme é correto ao mostrar as situações e emoções pelas quais passa e vive Tony Manero - juventude complicada numa família que não aceita bem suas opções e que insiste em fazer comparações; como se não bastasse, há ainda uma garota que não sai de cima e outra que não lhe sai da mente. Assim, misturando algumas cenas na discoteca, que é o templo de Tony, e a sua vida fora dela, Os Embalos de Sábado À Noite nos traz uma obra interessante, mas definitivamente não era aquilo que eu buscava.

A interpretação de John Travolta lhe rendeu uma indicação ao Oscar e não vi nenhuma injustiça em apenas indicá-lo. Sua performance é boa e bastante correta, mas acredito que os seus concorrentes pudessem estar melhores - só para constar, ele competiu com o elogiado Woody Allen no famosíssimo Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. Karen Lynn Gorney está bem num papel de apoio, mas sua personagem é um pouco complicada e acho que a atriz não encontrou o tom ideal ao compô-la e isso fez com que eu simplesmente não simpatizasse totalmente com Stephanie, a paixão de Tony. Só na última cena que senti a densidade da personagem, que deveria ser assim o tempo todo, já que demonstra com afirmações em todas as cenas que ela não é tão fútil como Tony. Talvez fosse necessário que não parecesse haver química entre os atores para que o tom do relacionamento de seus personagens fosse certo e coerente com a cena final; mas também é possível pensar que os atores não tinham mínima vontade de gravarem juntos, porque dá pra perceber que não estão à vontade totalmente em cena - e isso se mostra um ponto negativo para o filme.

De um modo geral, dá pra ver esse filme sem problemas. É uma obra mediana, apenas. Não há grandes picos nas atuações nem no desenvolvimento da história. Começa e termina como imaginávamos que fosse acontecer e não nos surpreendemos como nada nem nos descontentamos a ponto de considerá-lo de menos do que mediano. Se você busca uma boa obra que retrate a dança, não veja essa. Mas se busca apenas diversão ao som de uma boa trilha sonora  -que inclui as famosas e dançantes Night Fever e How Deep is Your Love - , invista seu tempo em conferir essa produção.

16 de out. de 2010

Busca Implacável

Taken. EUA / França, 2009, 91 minutos. Ação / Suspense.
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Devo admitir que filmes de ação não são o smeus preferidos, mas isso não me impede de encontrar entretenimento enquanto os vejo. Às vezes, eu simplesmente nãoe stou a fim de ver algo muito complexo e nesses dias, filmes como Busca Implacável são boas pedidas. Aproveitando, devo agradecer à Natália, que fez cursinho comigo e que me emprestou o filme.

Talvez uma das melhores características do filme seja a agilidade. Não precisamos de mais do que quinze minutos para entrar no clima de ação que o filme propõe. Liam Neeson interpreta Bryan, um ex-agente da CIA cuja filha é raptada numa viagem que faz à Paris. Com poucas pistas para seguir, Bryan conta com a ajuda de algumas pessoas para encontrar os responsáveis pelo sequestros, mas fica evidente que isso não seja fácil, pois nenhum fator está totalmente ao lado dele: o tempo é curto, os amigos não são tão confiáveis e a única coisa com quem ele pode realmente contar é com o seu instinto. Depois de lerem isso, o que vocês pensaram? "Só mais um filme, como tantos outros". E eu digo desde já: vocês estão certos! Mas só porque é mais um filme de ação não significa que você não deva vê-lo, porque, como disse, ele entretém.

Diferentemente das bostas estreladas por atores (??) como Steven Seagal, Busca Implacável tem um pouco mais de estilo. Há alguns atores potencialmente bons, como Fanke Janssen e Maggie Grace - respectivamente a Fean Grey de X-Men e a Shannon, de Lost -, mas o principal é Liam Neeson, que nunca me agradou totalmente enquanto atua, mas que, nesse filme, devido ao pouco que se espera dos atores, ele funciona bem e nos convence ao viver um ex-agente da Cia. Talvez seja um pouco desanimador vê-lo como um pai, ainda mais de uma personagem de 16 anos vivida por uma atriz com dez anos a mais, mas mesmo assim sua participação é interessante. Assim, não nos sentimentos decepcionados com as atuações - até porque não é necessariamente obras-primas interpretativas que buscamos ao ver um filme como esse.

Ao verem a minha nota do fechamento do mês de novembro, podem se perguntar o porquê de minha nota relativamente alta, já que os atores são pouco explorados e o roteiro é muito forçado. Respondo já que ela se deve ao entretenimento que o filme proporciona. Muitos reclama dos roteiros exagerados e das cenas muito fantasiosas, mas eu até gosto delas e por isso me entretive bastante. Fica bastante claro que o roteiro transforma Bryan num personagem fora do comum, afinal ele é bom o suficiente para estar em todos os lugares em tempo recorde e sempre consegue tudo o que quer de maneira exemplar e invejável. Se por um lado há aquele quê de exagero, por outro há um clichê que eles evitaram: em filmes do gênero, é comum o mocinho bater em todo mundo e no quarto final do filme ser capturado e espancado, conseguindo, no entanto, dar a volta por cima. Aqui não rola isso. Bryan é pego, mas rapidamente lida com quem o prendeu (com aquele mesmo tempor ecorde que citei acima) e sai praticamente ileso da aventura perigosa.

Divaguei bastante, mas vamos finalizar isso. Concluí que esse é um filme que faz o espectador se divertir, desde que ele assista sem grandes expectativas. Possivelmente, numa noite de tédio, vê-lo pode trazer ânimo a quem o vê; esse filme combina com pipoca, refrigerante, pizza e comida... Vejam-no, mas não o coloquem como prioridade na lista de filmes para ver.

8 de out. de 2010

CONVIDADOS

Ao longo de três anos, foi preciso bastante empenho para chegar à quantidade de mais de 400 resenhas já feitas para esse blog. Não posso, no entanto, me esquecer de que contei com a participação de pessoas especiais, que, por algum motivo, se destacaram a ponto de eu convidá-los para participar aqui em algum post. A todas essas pessoas, quero dizer que estou grato por elas terem aceitado o convite de contribuir – garanto que esse blog seria mais pobre se elas, à sua maneira, não tivessem colaborado.


As pessoas são colegas de escola ou universidade, companheiros virtuais, blogueiros, todos eles convidados para abordar algo pertinente com o tema desse blog: falam, então, sobre literatura e cinema, expõem as suas opiniões, apresentam os seus argumentos a favor de ou contra algum tema. Devo dizer que essa lista consta com poucos nomes, e que em breve mais alguns serão inseridos aqui, afinal, há muita gente ainda prestes a receber um convite especial. Seguem abaixo, por ordem cronológica, quem já passou por aqui e o número entre colchetes indica quantas vezes participou: 

1) Antonio [1]: eu estudei com ele no SENAI e, posteriormente, no Ensino Médio. Não é tão fã de livros como eu, mas estreou como convidado especial analisando um livro. Criou uma comunidade no Orkut para o blog e eu lhe adrageço bastante por isso. Futuro professor de Química, adora as Exatas - é aí que divergimos – provavelmente faremos parte do grupo docente de alguma universidade, da qual seremos bons professores.

2) Nivea [7]: conheci-a no pré, quando éramos bem criancinhas. Estudamos juntos desde a primeira série e após nove anos (do jardim à oitava série) nós nos separamos; porém, nos reencontramos dois anos depois. A Nivea é a nerd, deixa de ir ao cinema para ficar estudando, mas como eu gostgo dela, eu a desculpo por tal blasfêmia. Trocar livros e bons filmes por livros de Biologia? Não me parece racional. Fico feliz que ela tenha aceitado comentar aqui sem ficar irritada, afinal eu costumo deixá-la assim, não sei por que.

3) Joice [3]: irmã do Renan, estudante da UNESP, cursa História e vai ser arqueóloga, se divertindo por aí montando pedaços de vasos de mil e quinhentos anos atrás. Seu gosto por filme diverge do meu em alguns momentos, mas tenho certeza de que ela tenha um bom gosto cinematográfico e literário. E também me divirto muito quando saio com ela, gosto de ter gente mente aberta como companhia.

4) Rene [3]: assim como o Antonio, conheci o Rene no SENAI. Ele tem um humor bastante irônico, tem bom gosto para filmes e é um dos mais devoradores - compreendam também “consumista” - de livros que conheço. Não sei se compra somente para gastar dinheiro, mas o fato é que tem uma coleção bastante charmosa, com vários títulos. Ele é muito teimoso e isso rende boas discussões no msn, mas não nego sua inteligência e bom gosto.

5) Cecília [4]: eu a conheço desde que éramos bem pequenos e ouso dizer que crescemos juntos, rindo de inúmeras bobagens, caindo à toa, viajando por aí. Ela, além de simpática e divertida, é extremamente educacional e gasta seu tempo a me explicar a Constituição. Graças a ela, conheci um dos meus autores preferidos e fiz dos livros dela praticamente meus - quase literalmente; criamos um intercâmbio de mercadoria. Até hoje, quando preciso de ajuda ou opinião, recorro a ela, sempre disposta a ajudar.

6) Camila [1]: fazia parte do grupo, junto com o Antonio e Rene. Tal como as outras pessoas aqui, ela é simpática, divertida, ri bastante e adora falar coisas que aparentam incoerência, muitas vezes interrompendo a si mesma sem concluir o assunto. Ela e a minha bicicleta se conhecem profundamente e acredito que quase se completam; pelo menos, até antes de ela tirar CNH. Amante de vampiros, não pôde escolher momento melhor para estar no Blog.

7) Luiza [1]: somente há pouco comecei realmente a interagir com ela e, para a minha agradável surpresa, ela tem um bom gosto para filme e compreende bastante do universo cinematográfico assim como seu gosto pela literatura é no mínimo adorável. Durante a época do cursinho, nos dedicamos ao nosso clube reservado, de bons - e eventualmente ruins - filmes e comilança. Sua memória musical é fantástica.

8) Ivan [1]: esse teria passado despercebido se não tivéssemos ido a uma mesma festa (justamente a festa de aniversário da convidada acima). Tem um gosto excelente para filmes e conhece grandes obras, embora não se recorde das mais óbvias - Homens de Honra, por exemplo. Terceiro - e último - membro do clube de filmes, passamos boas horas semanais a falar bobagens, rir de cenas absurdas e selecionar filmes para ver.

9) Jean [1]: eu o conheci na época em que era um membro ativo da comunidade do Orkut “Eu Odeio Filme Dublado”, que mais tarde tornou “Filme Dublado é Filme Morto”. Devido ao seu gosto cinematográfico, ele se tornou o nono convidado a ter um texto publicado aqui no blog. Ainda hoje, ele participa como leitor e comenta nos textos.

10) Brean [1]: no começo, eu não gostava dele, então começamos a estudar juntos e eu descobri que ele é uma das pessoas mais legais – e políticas, e críticas, e revoltadas – que eu já tinha conhecido. Sua participação no blog aconteceu de jeito diferente: ele foi o primeiro, e até hoje único, a participar do blog avaliando todos os filmes de um mês.

11) Marcelo Antunes [2]: já faz pouco mais de um ano que vimos conversando, ele é, definitivamente, o meu contato online mais duradouro – e, definitivamente, um dos mais legais. Ele conhece bastante de filme, já viu tudo que é possível ter visto, posso, com ele, até mesmo me referir aos filmes exclusivamente com os seus títulos originais, isso é incrível! Tenho gostos muito parecidos e até já dividimos um blog juntos, Um Oscar por Mês, o qual um dia pode acabar voltando – e eu espero que volte. Ele é, curiosamente, o primeiro blogueiro a participar aqui, o seu blog é o Diz que Fui por Aí..., confiram! E, como o Caio, que também participou como convidado, faz parte do Blog das 30 Pessoas.

12) Luiz Santiago [1]: meu xará perfeito, se não fosse um detalhe ortográfico. Tive o prazer de conhecê-lo quando escrevi um artigo a seu pedido e então descobri nele alguém realmente interessante. Está na lista dos colegas virtuais, situação que logo será mudada. Ele é editor-chefe do Cinebulição, que definitivamente merece ser visto.

13) Caio Coletti [1]: autor do blog O Anagrama, o Caio Coletti possui uma escrita bastante clara, da qual gosto e, exatamente por isso - e pelo modo como ele sempre diz "sim" - eu o convidei para participar escrevendo no Literatura e Cinema. A somar, ele também foi meu parceiro de outro blog, o Blog das 30 Pessoas.

14) Darlan Nascimento [1]: colega de classe da faculdade, bastante altivo e divertido, o Darlan consegue transformar coisas ruins em coisas boas, um bom exemplo disso é o seu antigo blog, Concepções Meteóricas, o qual foi abandonado há algum tempo, mas que ainda registra a criatividade dele em conseguir fazer da cantora Marli alguém séria.

15) Alan Raspante [1]: dono do Satélite Assassino - que mistura vários assunto, inclusive fotos bastante sexualizadas -, o Alan é uma recente descoberta e futuro companheiro de cerveja no Bar Pirata, em Araraquara. Seus textos são divertidos, bem-humorados e cativam o leitor, vale a pena conhecer o trabalho dele e, afirmo, espero trabalharmos juntos mais vezes.

Abaixo, vocês podem conferir os textos publicados pelos convidados.

1. A Sombra do Vento (por Antonio)





6. Celular (por Cecília)

­7. Crepúsculo (por Camila)




11. Valente (por Rene)





16. Kill Bill - volume 2 (por Luiza)

17. Quebrando a Banca (por Ivan)

18. Perfil de Stephen King (co-escrito por Cecília)

19. A Passagem (por Jean)

20. Fechamento de Outubro de 2009 (contribuição de Brean)

21. Saga Harry Potter (co-escrito por Joice)

22. Na Natureza Selvagem (por Cecília)

23. Original e Remake: A Profecia (co-escrito por Marcelo)

24. Original e Remake: Ringu x O Chamado (co-escrito por Luiz)

25. Artigo: Retroalimentação da Violência (por Marcelo Antunes)

26. Biografia Comentada: Audrey Hepburn (por Caio Coletti)

27. O Inverso do Cinema: Legião (por Cecília)

28. Artigo: Mães e filhos - uma relação de conflito (por Darlan)

29. Original e Remake: A Hora do Espanto (por Alan)

7 de out. de 2010

Blade - O Caçador de Vampiros

Blade. EUA, 1998, 120 minutos. Suspense / Ficção Científica.
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Lançado há apenas 11 anos, Blade fez sucesso. Anos depois, esse filme é constantemente repetido nas diversas sessões de filmes presentes nas grades de programação do SBT. O roteiro de David S. Goyer trazia certa originalidade ao mostrar um quase-vampiro que tem como profissão a caça a outros vampiros. O personagem se tornou de tal maneira conhecida que até mesmo esteve rpesente nuam lista dos 100 melhores personagens do cinema de todos os tempos, ocupando a 47ª posição. Enfim, vamos ao que interessa.

Blade foi concebido pouco depois de sua mãe ter sido mordida por um vampiro; isso fez com que ele nascesse com as qualidades dos vampiros, como agilidade e força, mas sem os muitos defeitos dele. Dessa maneira, ele pode andar a luz do sol e se praticamente normal. Enraivecido, Blade caça vampiros e os mata, pois quer por fim a maldição dos seres das trevas. Do outro lado, há Frost, um vampiro criado, que tem causado muitos problemas, até mesmo entre a comunidade vampírica. E ele precisa de Blade para que consiga pôr em prática o seu plano.

Alguns não gostam do filme, mas eu não vejo grandes problemas nele. Certamente está longe de ser um grande filme, mas decididamente não se equivale a muitos filmes patéticos de terror, suspense e/ou ficção científica que são lançados anualmente. Acho mediano por causa de uns problemas quanto a criação de certos efeitos especiais e umas bobagenzinhas no roteiro, mas isso não significa que o filme não entretenha quem o vê. Eu particularmente não gostei daquelas bobagens de vampiros alérgicos a alho e prata - isso se assemelha demais a alguns contos infantis e de certa forma faz com que o filme se aproxime de Clube do Terror, aquela série que passava na Rede Record. E também há algumas boas incoerências, como por exemplo a submissão dos vampiros naturais (aqueles que nasceram sobe ssa condição) e os vampiros criados, liderados por Frost. Se todos são fortes como o filme supõe que sejam, por que os vampiros naturais são tão submissos? Parece que não são capazes de fazer nada e essa ideia é reforçada o tempo todo. Outro defeito é a qualidades dos efeitos especiais: os recursos em 1998 já não eram tão escassos, então não haveria por que fazer cenas tão porcas como algumas que vemos. Detalhe para as cenas em que os vampiros explodem por causa de uma solução que a médica insere neles com injeções. Chega a ser triste ver aquele sangue de cor extremamente exagerado, que nem sequer parece estar no mesmo plano que os atores, criando um deslocamento estranho nas cenas. Tais cenas poderiam facilmente ter sido evitadas e, se fossem, aumentaria ainda mais o meu apreço pelo filme.

Quanto à atuação, é um pouco difícil falar, afinal o ator de mais destaque no filme é Kris Kristofferson, intérprete do ajudante de Blade. Wesley Snipes é pouco expressivo e, ainda que o personagem Blade esteja para o ator que o interpreta assim como T-800 está para Schawrzenegger - ou seja, os personagens têm pouca expressividade -, Snipes consegue deixar Blade ainda mais inexpressivo, uma vez que ele não consegue mexer aquela face solidificada. N'Bushe Wright, que deve ter cursado artes dramáticas na mesma escola que Jennifer Lopez, é outro grande empecilho, pois, como devem ter percebido, ela se equipara a Snipes e nenhum dois dois traz uma boa interpretação nem conquista nossa simpatia. Kristofferson, como um velho bastante objetivo, se mostra mais eficiente, mas não muito - ele, pelo menos, nos agrada de certa maneira. Não assistimos a esse filme em busca de excelentes interpretações, porque se fosse isso que quiséssemos, deveríamos procurar por algum filme com Meryl Streep.

Como diversão, dá pra passar o tempo. Não é nenhum grande obra e tem bons efeitos especiais, embora também haja aqueles que fazem com que o filme perca credibilidade. Alguns efeitos ruins cobrindo atuações toscas; história relativamente interessante; para os fãs de vampiros, vampiros. Gosto de pensar que esse não é um filme bom, mas definitivamente poderia ser pior. E isso me motiva a não criticá-lo severamente, considerando-o apenas um filme mediano. E nem consigo imagimar como Blade pode ser melhor do que personagens como Clarice Sterling e Norman Bates, que ocupam respectivamente as posições de número 97 e 80.

Luís
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5 de out. de 2010

O Ilusionista

The Illusionist, 2006, 110 minutos. Drama.

Indicado ao Academy Award na categoria Melhor Fotografia.
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Já tinha lido críticas realmente muito boas sobre esse filme e considerando que talvez estivesse perdendo uma excelente obra, decidi vê-lo; porém permaneci adiando a conferência, até que um sábado cheio de planos frustrados me levou à locadora. Nesse filme, segundo filmes com os atores Edward Norton e Jessica Biel, descobri que, embora pensasse diferente, Norton é um ator bastante apático e Biel é não sabe somente gritar. Edward Norton é Eisenhem, um ilusionista que entretém as pessoas com os seus espetáculos. O Chefe-Inspetor, interpretado por Giamati, começar a fechar o cerco, querendo descobrir o funcionamento dos seus truques ao mesmo tempo em que põe o mágico à análise do príncipe. Numa das atrações, Eisenhem reencontra Sophie (Jessica Alba), com quem teve um relacionamento na adolescência. Então, os dois desejam estar juntos, dispostos a fugir para isso, tendo, no entanto, que enfrentar a ira do príncipe, que está prestes a se casar com ela.

Eu realmente acredito que criei muitas expectatitvas acerca dessa produção, pois nos quarenta minutos finais, eu estava indeciso ainda quanto à minha opinião a respeito do filme. Parecia haver muito o que desenvolver, porém eu não acreditei que fosse possível de a história concluir satisfatoriamente, pois já no meio parece completamente conclusa, esperando, talvez, um rápido desfecho sobre um ou outro personagem. Logo no começo, senti que seria mais de uma hora de completo prazer, pois a introdução à história é bastante interessante, sem exageros ou escassezes. Porém eu realmente não compreendi o veloz reencontrar das emoções; eles não se viam desde adolescentes e ela nem sequer se lembrou imediatamente dele, porém descobriram-se a amar um o outro tal como era antes. Na minha opinião, apressaram demais essa parte, deixando-a muito no início e um tanto forçada. Se tivesse explorado melhor o relacionamento dos dois, incluindo a mudança comportamental dela em relação ao noivo, isso evitaria que o quarto final de filme fosse repetitivo. Quanto ao final, não sei se me deixou feliz ou aborrecido. Eu costumo não gostar de filmes com finais surpreendentes, principalmente se estes forem incoerentes. Ao final de O Ilusionista, tem um daqueles pseudo-finais, que parecem dar conclusão ao filme, mas são somente uma brecha para o final de verdade, que vem a seguir. Se por um lado eu gosteid a ótima relação entre a abordagemd a "ilusão", por outro eu não gostei da maneira como tudo aconteceu. Entre prós e contras, minha opinião quanto ao fim se manteve neutra, sem elogiá-lo e sem, no entanto, desmecerê-lo.

O único outro filme com Edward Norton a que tinha assistido foi Clube da Luta, no qual eu o considerei bastante comum, sem grandes momentos de atuação, porém satisfatório. Em O Ilusionista, está bastante apático, em nenhum momento se destaca verdadeiramente, fazendo jus à sua posição de protagonista. Acredito que o que lhe engrandece a atuação é o final do filme, que nos faz chegar à falsa conclusão de que ele interpretou - me refiro ao ator, literalmente - tudo muito bem. Já Jessica Biel é bem coadjuvante, talvez aparecendo em pouco mais do que trinta minutos. Como só a tinha visto em O Massacre da Serra Elétrica, aderi ao pensamento de que ela somente fazia filmes de gosto duvidoso e desprovidos de qualidade quanto à interpretação. Não que eu tenha me surpreendido com a sua capacidade interpretativa em O Ilusionista; eu apenas concluí que ela pode ser bem melhor do que é, se escolhesse melhor os roteiros em que atua - para não acabar sendo indicada ao Framboesa de Ouro, como já aconteceu - e caso se entragasse mais à personagem, dando o melhor de si. Rufus Sewell, que já participou do questionável Filha da Luz, limita-se a expressões estranhas para demonstrar suas emoções, sendo facilmente escondido pelos outros atores. De uma maneira geral, eu acho que a atuação é satisfatória e merece uma nota seis, ou talvez seis e meio.

Lembram-se da situação em que eu estava quando assisti ao filme? Sábado de planos falidos. Pois bem, em condições assim, assistam a esse filme. Não o coloque na frente de outras obras - caso você tenha uma lista -, porque eu acho que não vale a pena. Veja-o sem expectativas, acreditando que, no mínimo, encontrarão um filme razoável; assim, quem sabe, tenham uma recepção mais calorosa a O Ilusionista.

3 de out. de 2010

21 Gramas

21 Grams. EUA, 2003, 118 minutos. Drama.

Foi indicado a dois Academy Awards, nas categorias Melhor Atriz (Naomi Watts) e Melhor Ator Coadjuvante (Benício Del Toro).
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Não havia ouvido falar nada sobre esse filme, quando, um dia, na locadora, eu o vi na prateleira e li a sinopse, que me atraiu bastante. Pensei que deveria tratar-se um excelente drama e estava certo: na minha opinião, 21 Gramas é uma das melhores abordagens dramática da década e deve ser visto por todos os fãs do gênero. Fazia tempo que eu me prometia comentá-lo aqui no Blog, mas vinha adiando, sempre em função dos filmes mais novos a que assistia. Ontem, no entanto, tive dois prazeres: revê-lo e estar na companhia da Luiza!

Três pessoas têm suas vidas cruzadas: uma recém-viúva, cujo marido e filhas morreram num acidente de carro; um ex-presidiário que se converteu à religião e continua não sendo bem visto; e um homem que aguarda um transplante imediato de coração. Em um determinado momento, essas três pessoas passam a ter um elo que, a princípio, elas desconhecem, mas que aos poucos, essa conexão vai definindo a atitude de cada um ao longo do filme.

A esse filme, tenho uma série de elogios e apenas uma crítica, mas essa crítica acaba sendo sutil se comparada à grandeza da produção. Vou começar pelo roteiro. Acho que esse é um roteiro muito original, que aborda muito bem três etapas das vidas dos personagens: o antes, quando suas vidas estão na rotina, cada qual acostumado às situações a que parecem "destinados"; o durante, que é o momento em que surge o elo que mais tarde permitirá que todos se conheçam; e o depois, que eu considero o ápice do filme, o encontro furioso e inconsequente dos personagens. Muitos filmes abordam o tema "personagens que se encontram por acaso", mas nenhum certamente fez com a mesma incrível capacidade com a qual esse conseguiu mostrar. Ainda que os resultados das atitudes dos personagens na história sejam imensos e extremamente negativos, o fator que os conecta, a princípio, fora pequeno e muito ordinário; sabemos que sempre acontecem situações como aquelas em todos os lugares. Devo elogiar também a edição. Já vi em alguns blogs comentários sobre a maneira como as cenas nos são mostradas. Alguns dizem tratar-se de retalho de filme, com pedaços jogados de qualquer maneira, a fim de confundir o espectador. Eu, porém, discordo totalmente e digo que é exatamente a absurda ilinearidade que acrescenta maior drama ao filme e dá a ele todo o charme que nós vemos. Não espero que todos que o vejam sejam capazes de colocar os eventos numa linha cronológica, mas definitivamente aqueles que forem atentos - e inteligentes! - poderão compreender com perfeição a ordem das situações e, ao final, saberá exatamente o que pertence ao antes, ao durante e ao depois.

O diretor Alejandro González Iñárritu soube erfeitamente como conduzir seus atores e como mostrar o melhor deles através das cenas e também dos ângulos que escolheu filmar, fazendo uso da luz e da coloração estranha para acrescentar um sentimento maior à expressão dos atores. O destaque, na minha opinião, é a atriz Naomi Watts, numa interpretação magnífica de uma mulher que fica perturbada após a eprda trágica do marido e filhas. A sua interpretação é a mais visível no filme e pertence a elas as melhores cenas do filme. Eu, particularmente, a acho uma atriz muito boa, mas, às vezes, se envolve em produções medíocres, como O Elevador da Morte, que é péssimo. Mas são em filmes como 21 Gramas que se percebe o quão capaz ela é. Benicio del Toro, muito bom também, nos mostra um personagem muito bem construído, cuja fé se mistura com a descrença e esse misto de sentimentos embasa suas atitudes. Sua indicação, assim como a de Naomi, são extremamente justificáveis. No entanto, eu tenho um problema com Sean Penn: acho-o inexpressivo. Em todos os filmes, ele está com a mesma expressão, sempre igual, sempre se repetindo. No entanto, já obteve cinco indicações ao Academy Awards, duas pelas quais venceu. Penso tratar-se de um ator superestimado e que tem toda a admiração por outras motivos que não sua capacidade artística como ator. Ele é a parte falha da produção, juntamente com a atriz que interpreta sua esposa. Ambos são chatos e cansativos, ficam se repetindo e não acrescentam drama à história. A substituição de Penn por outro ator talvez surtisse um efeito bem melhor. Ainda assim, Watts e del Toro conseguem manter o filme no topo.

Como disse, é um dos melhores dramas da década e eu certamente colocaria a interpretação de Naomi Watts por esse filme no meu TOP 10 de atuação de atrizes. A composição do filme é toda excepcional, muito bem criada e consegue chegar de maneira efetiva ao público a que se dedica: os adoradores do drama, como eu. O título original é excelente e faz menção aos diversos acontecimentos que rodeiam o filme e as vidas dos personagens. Não vou explicar o que significa aqui, mas espero que vocês o vejam a fim de conhecer a fantástica obra que esse filme é!