10 de set. de 2010

A Vila

The Village. EUA, 2004, 120 minutos. Suspense.
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A Vila é um filme que causa diversos impactos nas pessoas: alguns consideram-no um lixo, outros o admiram. Eu fico on grupo que está em cima do muro: não o acho genial tampouco o deprecio. Penso que é um filme mediano, que tem seus grandes momentos e que, simultaneamente, incomoda um pouco o espectador com o seu desenvolvimento. Mais adiante, eu falarei sobre... vamos a um rápido resumo.

Vários moradores vivem numa pequena vila, sem qualquer contato com a cidade, num lugar bastante isolado. A floresta cerca a vila e todos os moradores têm consciência de que não deve cruzar os limites da floresta, ficando obrigatoriamente delimitados ao lugar onde moram. Depois de muito tempo sem ataques dos que vivem na floresta, os moradores se deparam com um ataque e um aviso, que não sabem exatamente o que significa.

A princípio, pensamos estar diante de um interessante filme de suspense, onde há elementos sobrenaturais e perigosos, que conseguem causar pânico nos moradores e, consequentemente, nos espectadores. Pouco a pouco, percebemos que o suspense existe e que há muitos segredos guardados, o que nos faz pensar que num determinado momento haverá momentos de revelação, que supostamente deve ser o ápice do filme. Não há como dizer que o filme não entretém, porque até metade dele, o desenvolvimento é completamente aceitável e o clima criado é de um suspense interessante, que sempre nos faz perguntar o que exatamente é aquela vila. O roteiro é inteligente ao apresentar um local cravado numa região onde tudo ao redor é floresta. O fato curioso que nos deixa curiosos, e isso é um ponto muito positivo, é a formação da vila. Como ela foi parar ali? Quem veio antes: os moradores - e foram cercados pelos habitantes da floresta - ou os habitantes da floresta, que, por algum motivo, os moradores da vila foram limitados àquele espaço?  Dessa maneira, o foco inicial dos questionamentos do espectador está voltado para essa pergunta.

Com o desenvolvimento do filme e com o acontecimento que dará origem às descobertas - as dos personagens e as de quem assiste à obra -, somos apresentados à explicação de tudo. Conhecemos os motivos pelos quais a vila se encontra ali, o que é aquele lugar, como é possível a existência daquelas pessoas naquela região. Muitos podem discordar de mim, mas eu achei a explicação bastante plausível e coerente, embora, logicamente, seja improbabilíssimo que algo semelhante realmente ocorra. A explicação, no entanto, é coerente demais e contradiz a metade inicial do filme, a qual nos condicionou a esperar por espectros e monstros sobrenaturais. Ressaltando: a explicação é coerente com a trama e com a conclusão proposta pelo filme. O espectador, porém, não esperava exatamente aquele tipo de abordagem e aquela surpresa não é a que todos esperam; como consequência, muitos consideram esse filme como uma obra ruim. O roteiro assinado por M. Night Shyamalan, que também é o diretor dessa produção, possui uma tendência que o separa daquilo que propõe: deveras fantasioso, a explicação é possível e dentro dos padrões - esse talvez seja o erro do filme. Algo semelhante aconteceria alguns anos depois, quando o diretor nos apresentaria Fim dos Tempos: propunha um suspense interessante, mas, afinal, como temer algo tão banal como o vento? A Vila segue a mesma linha e todo o suspense proposto é diluído ao longo do filme.

Dentre as atuações, nenhum grande destaque. O nome de Sigourney Weaver - bastante conhecida e talentosa - me chamou a atenção, mas a atriz tem pouca participação efetiva na história, sendo deixada de lado a maior parte da trama. Adrien Brody, que um ano antes ganhada o prêmio máximo do cinema, nos apresenta uma atuação um pouco forçada, embasada em muitos cacoetes irritantes, sem se decidir se quer fazer de seu personagem um deficiente mental ou se quer torná-lo shakespeariano. Bryce Dallas Howard e Joaquin Phoenix, atores principais, têm um bom desepenho - ela interpreta a moça corajosa, capaz de tudo por amor, e ele, o rapaz tímido, que ama incondicionalmente. É exatamente essa ênfase no amor que faz com que a metade final se desenrole conforme é. Bryce nos motra uma atuação segura, sem exageros, sem maneirismo, logo ela rapidamente conquista nossa simpatia. Eu não sou muito fã de Joaquin Phoenix, mas sua atuação aqui é concisa, o que me agradou. Mas, de um modo geral, atuação não é um grande aspecto desse filme. A Vila, aliás, conta com a presença de Celia Weston, que simplesmente me irrita por suas participações nos filmes, uma vez que suas personagens praticamente não têm finalidade e os diretores a colocam para nos assustar com aquela cara horrível que ela tem.

Por fim, resta-me dizer se recomendo ou não. E acho que essa dica é difícil de dar, porque A Vila não é um filme fácil. Há nele aspectos positivos e negativos e acredito que eles equilibrem a balança - ou, caso ela esteja desequilibrada, certamente há mais qualidades do que defeitos. Ainda assim, não é aquilo que promete ser, mas, de algum modo, causa um impacto em que vê. Portanto, deixo essa decisão a vocês...

Luís
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3 opiniões:

chuck large disse...

"A Vila" era pra mim, um dos piores filmes que eu tinha visto em minha vida, mas não levava em consideração que eu era criança e havia durmido boa parte do filme no cinema, acompanhando meu pai que também durmiu bastante, hahahaha.

Eu tenho que rever o filme, mas também não tenho pressa, ainda mais depois de assistir o 'estranho' "Fim dos Tempos"...

Abs.

thicarvalho disse...

Na minha opinião um dos melhores filmes de Shyamalan, depois de o sexto sentido. Um trabalho que prende, consegue criara um ótimo clima, e no final nos surpeende de maneira poucas vezes antes vista. Uma das mais subestimadas obras da atualidade. Grande abraço.

Cristiano Contreiras disse...

Concordo com Thiago: considero o filme um primor..talvez, acredite, eu prefira ele do que O Sexto Sentido...acho o roteiro denso, a forma como Shyamalan arquiteta e conduz seus atores em cena, a trilha sonora de James Newton Howard que é um primor...muito bom o filme!

abraço