12 de set. de 2010

Zodíaco

Zodiac. EUA, 2007, 157 minutos. Suspense.

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Zodíaco é um filme baseado no livro de Robert Graysmith, que também é personagem desse longa-metragem. Quando comprei o livro e o li, há uns quatro anos, fiquei ansioso para ver a produção cinematográfica, pois imaginei quão distorcidos ficariam os arquivos que são mostrados no livro; imaginei que eles se preocupariam principalmente em adotar medidas que induzam o espectador a chegar à conclusão acerca de quem é o Zodíaco e, o que seria mais desesperador, nos revelar quem ele é. Digo isso porque, para aqueles que não sabem, o livro nos traz uma série de evidências, anotações, cartas, etc., mas no final não revela quem é o assassino, até porque ainda hoje não se sabe quem cometeu todos aqueles crimes.

Descobri que o filme não somente é uma boa obra de cinema como também é uma adaptação bastante fiel. Jake Gyllenhall, à frente do elenco, já que interpreta Graysmith, faz jus à sua escolha como protagonista, pois não deixa a desejar durante as cenas; podemos perceber os vários sentimentos e desejos ao mesmo tempo no personagem. Vemo-lo obsessivo, a fim de encontrar respostas que ajudem a completar o quebra-cabeça que levará ao Sodíaco e também o vemos amedrontado, invadindo territórios alheios, os quais ele não conhece e que podem levá-lo a um dano maior. Mark Rufallo, de Ensaio Sobre a Cegueira, interpreta um detetive que investiga os crimes, quase sempre sem chegar a um resultado, prologando muito o processo investigativo. Rufallo não parece muito diferente de com está em outros filmes, numa atuação bastante morna, às vezes repetitiva e o timbre da sua voz, que deveria nos fazer pensar que ela se deve ao desânimo de não encontrar o assassino acaba nos fazendo pensar que é preguiça em demasia do ator, pois realmente parece que ele não estava com vontade de atuar. Chloë Sevigny certamente está presente no filme para fazer um favor a algum amigo que produziu o filme, provavelmente ser receber cachê; em duas horas e trinta e sete minutos de filme, ela aparece em menos de cinco minutos e tem três ou quatro falas. Dado o fato, não me considero apto a analisar tão pífia atuação. Gostei bastante da atuação de Robert Downey Jr, o Homem de Ferro, cujo interpretar se assemelha ao de Gyllenhall; ainda que não participe tanto quanto o seu companheiro de cena, não se deixa limitar facilmente e dá um caráter bastante realista ao seu personagem.

Zodíaco tem o clima certo para um bom thriller investigativo. A fotografia sombria adquire aspecto ameaçador mesmo nos momentos mais simples e o fato de desconhecermos o assassino nos faz pensar que a qualquer momento Graysmith pode estar diante dele sem saber disso. A trilha sonora do filme auxilia, criando bons momentos, mas penso que seja realmente a fotografia interessante e as cenas de mortes que dão uim charme extra. Acreditamos que veremos atitudes extremamente sádicas, como tortura, mas o mais próximo disso que o assassino chega é esfaquear o namorado na frente da namorada. Porém, a cena inicial abre a produção de maneira interessante, numa ótima sequência, muito bem editada, nos permitindo ver vários ângulos e, por fim, os disparos que Zodíaco dá contra o casal. Na minha opinião, não é um filme modinha - aquele tipo que se espalha rapidamente e do qual todo mundo gosta - ; é um filme pra um grupo mais seleto de pessoas que gostam de cinema. Não quero, porém, compará-lo a outros filmes do mesmo gênero como O Silêncio dos Inocentes; diria que se parece mais com Caçadores de Mente, embora poucos conheçam esse filme.

Considerando todos os aspectos, talvez o que único que desagrada seja a duração do filme, que, como especifiquei acima, é bastante longa. Aqueles que lhe assistem por causa de Sevigny se decepcionam; então, eu recomendo o filme se você gosta de uma boa investigação e gosta de finais inconclusivos. Recomendo também que leiam o livro no qual o filme foi inspirado, pois também vale a pena. Logo talvez o comentaremos aqui.

3 opiniões:

pseudo-autor disse...

Também acho a metragem de Zodíaco exagerada, mas pelo menos a narrativa de Fincher garante a atenção do público. E recomendo também o livro que li semanas antes da estreia do filme.

Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com

Hugo disse...

A direção de Fincher sempre merece destaque e aqui principalmente por prender a atenção do espectador mesmo com a longa duração e o final que não traria uma solução para a história.


Abraço

Cristiano Contreiras disse...

Um filme que sempre deixo pra "depois" e acabei não conferindo, bom você ter colocado ele aqui - assim, me lembrei e estou baixando.

Abraço