27 de mar. de 2011

127 Horas

127 Hours. EUA, 2010, 93 minutos, drama. Diretor: Danny Boyle.
Quem gostou de Slumdog Millionaire, decerto gostará dessa obra, que, ao meu ver, é superior.

Danny Boyle surpreendeu a todos com todas as atenções que o seu filme, em 2008m recebeu, fazendo com Quem Quer Ser Um Milionário? Fosse aclamado pela Academia, apreciado por alguns cinéfilos e criticado por outros tantos. O filme acabou recebendo o prêmio máximo na 81ª edição do Oscar e Danny Boyle recebeu a estatueta de Melhor Diretor. Em 2011, isso poderia acontecer novamente com o filme 127 Horas, que fala sobre a história real de um alpinista que teve o seu braço preso por uma rocha numa fenda no solo em Utah.

O título corresponde ao tempo em que o personagem fica preso e se, na teoria, parece muito tempo, na prática – em relação a quem assiste ao filme – parece muito maior! Eu nem sequer posso imaginar o quanto tenha sido doloroso esse tempo para Aron Ralston, alpinista que sofreu o acidente em maio de 2003.A história por si só parece muito mórbida, mas devo dizer que ela é ainda mais mórbida conforme o filme vai sendo exibido e nós vamos acompanhando os momentos de tensão, lucidez e perda de sentidos de Aron. Acho importante ressaltar isso com a afirmação de que somos verdadeiros espectadores de uma luta aparentemente invencível, haja vista que Aron está preso de tal modo que lhe parece impossível escapar. O momento do seu acidente, no filme, corresponde ao décimo quinto minuto de filme – ou seja, temos cerca de uma hora e vinte minutos para vê-lo naquela situação agonizante.

Danny Boyle, ainda que merecesse, não conseguiu uma indicação como Melhor Diretor, mas definitivamente foi capaz de produzir uma obra cuja maturidade parece superior a de Slumdog Millionaire, seu filme anterior. Talvez o seu principal feito tenha sido não se ater numa estrutura rigorosamente dramática, que facilmente descontentaria o espectador, uma vez que ele teria que ver mais de uma hora seguida de puro drama. Essa obra sucede também por ser um retrato bastante realista e cru do acontecimento, mesmo que consideremos os aspectos acrescentados, como as alucinações, recursos para diminuir a agressividade de algumas cenas mostradas. Boyle não tenta esconder o quão ruim o acidente foi, mas também não o enfeita, tornando-o bonito e perfeitamente assistível: honestamente, é incômodo acompanhar as 127 horas nas quais Aron ficou preso. Há momentos de muita agonia, de dor – o simples fato de pensar que não haverá como ele dormir sem quebrar o braço é realmente desesperador para o espectador (e suponho que tenha sido ainda mais para o alpinista).

A edição do filme lhe favorece bastante, pois ela é responsável pela principal motivo da dinâmica dessa produção. Cenas rápidas, entrecortadas, algumas cenas sobrepostas – tudo isso cria um ritmo que é paradoxalmente inverso à situação do alpinista. Não se pode deixar de negar a relevância da fotografia, afinal, as luzes alaranjadas, quase sempre permanentes, acentuam a claustrofobia sugerida; as cenas panorâmicas do cenário são mesmo muito bonitas e, tal como a edição, ajuda a criar um bom clima para essa história. James Franco, o ator principal, presente em praticamente todas as cenas do filme, defende bem o seu personagem, tornando-o absurdamente crível ao longo de todo o tempo em cena. Inquestionável que ele merece elogios, porque conseguiu manter o tom correto do começo ao fim, sendo o maior responsável pela credibilidade que esse filme pode conseguir.

Honestamente, eu penso que essa obra seja superior ao filme anterior de Boyle e penso que tenha havido grande amadurecimento desse na direção desse longa-metragem. Até me surpreende que a sua direção ousada tenha perdido lugar entre os cinco indicados a Melhor Diretor, enquanto obras muito convencionais, como A Rede Social e O Vencedor, tiveram seus diretores nomeados. Acredito que 127 Horas seja um bom filme, que merece ser visto, sendo essa a obra, dentre as dez indicadas na categoria principal, que mais causam alguma emoção no espectador, seja ela positiva, como êxtase, seja ela negativa, como aflição – todas essas sensações, porém, são coerentes em relação à temática do filme. Pode ser um passatempo muito interessante, se você não se incomodar com um braço gangrenando e muito sangue, além de uma terrível luta contra a morte.

5 opiniões:

Alan Raspante disse...

Assim como você, que achei este filme bem melhor e superior a "Quem quer ser um milionário". Tem realmente uma boa direção e uma crível interpretaão de Franco. Demais!

Nelson L. Rodrigues disse...

UM selo para seu blog, parabéns!

http://filocinetica.blogspot.com/2011/04/o-filocinetica-foi-indicado-mais-um.html

Lai Paiva disse...

Muito a fim de ver este filme.

Xxx disse...

Oi,

Gostamos muito da postagem!!

Abraços...

Kleber e Jonathan

Matheus Pannebecker disse...

Acho que quem faz "127 Horas" ser esse excelente filme é Dany Boyle. O tratamento todo diferenciado da história vem das mãos do diretor. Sem ele, não sei se o filme não cairia na banalidade...