22 de fev. de 2012

Deixa Ela Entrar

Låt Den Rätte Komma In. Suécia, 2008, 115 minutos, terror. Diretor: Tomas Alfredson.
Definitivamente, uma das mais recentes obras sobrevalorizadas.

Desde que o filme foi lançado, muito se tem falado sobre ele. Usualmente, vejo elogios muito intensos sobre essa obra, considerada por muitos como uma perspectiva diferente na hora de conceber uma história de vampiro. Eu queria tê-lo visto há algum tempo, pensando tratar-se de um terror dramático, algo que fosse realmente interessante de se ver. Ao terminar de vê-lo, imediatamente pensei que essa se trata de uma obra extremamente supervalorizada pelos espectadores que a viram.

Talvez a principal razão que atraia seja o fato de esse ser um filme dramático, com uma pequena vertente no terror. Assim, não somos apresentados a uma obra cuja função é nos atemorizar. Assistimos a um filme no qual as relações são discutidas, tanto as humanas quanto as não-humanas. É possível dividir o filme em duas vertentes, considerando a divisão que eu já citei: há o momento no qual é discutida a relação entre Oskar, personagem principal, com os garotos da sua escola, que constantemente o agridem; e há o momento no qual se desenvolve o roteiro a partir da relação entre Oskar e a garota Eli, que mais tarde ele descobrirá ser uma vampira. Vale ressaltar que esses dois temas se intercomunicam muito bem, pois Oskar encontra em Eli e ambos são marginalizados pela sociedade, então ela consegue compreendê-lo bem quando ele lhe conta sobre as atitudes do outros garotos da escola em relação a ele.

O enredo do filme parece bem legal, principalmente porque há uma parte fictícia que envolve um suspense potencialmente interessante. No entanto, acho que nada nesse filme se desenvolve dinamicamente, sendo que o seu ritmo – somado a uma superficialidade de elementos discursivos – incomodou a mim extremamente. Honestamente, não entendo o que motivou tanta gente a adorar esse filme, que, para mim, é bastante mediano, sem chegar a mostrar nada muito novo. A única coisa que eu achei bastante válida foi o relacionamento entre Oskar e Eli, já que ambos rapidamente se atraem por participarem de um mesmo grupo, o dos “excluídos”. E pouco a pouco eles percebem que tem bastante afinidade um com o outro, porque ele consegue entendê-la – inclusive diz amá-la – e ela também o entende. A partir do momento que se estabelece entre eles uma relação recíproca de preservação – ela o ajudando, ele a ajudando –, entendemos também que aquela é uma comunhão entre os dois personagens.

Gosto muito da fotografia do filme. O diretor soube bem como captar as cores e fazê-las contrastá-las na medida correta. Vale ressaltar que mesmo nos momentos em que as cores claras se fazem presentes – como na cena na neve e no piscina – elas não representam algo totalmente positivo. Desse modo, o diretor soube como manter um clima de pessimismo do começo ao fim. Aliás, tenho a impressão de que nada funciona otimistamente nesse filme. Todos os personagens sofrem, causam mal, são afrontados de alguma coisa. Além da fotografia, elogio também a atuação do jovem Kåre Hedebrant, intérprete de Oskar, que realiza um trabalho profundo no que diz respeito à composição do seu personagem – consegui ver nele uma boa dose de trabalho psicológico, o que o auxiliou decerto na criação de Oskar. De resto, não creio que haja muito que se dizer sobre esse filme. Já disse e reafirmo: acho que esse filme seja sobrevalorizada por quem o vê. Ele definitivamente não é tão bom assim.

3 opiniões:

Alyson Santos disse...

Vi o filme bem antes do seu lançamento, quando este ganhava todos os festivais pela Europa. O filme é considerado de excelência pela sutilidade em tratar da homossexualidade e da pedofilia de maneira tão pura. 'Deixe ela entrar' é uma história de amor e o terror está longe do filme. Além disso, o filme respeitou toda a tradição clássica vampiresca, seguindo todos os padrões que as vertentes do gênero tinha como característica. No orkut ou em fóruns ainda se encontra grandes discussões acerca do filme, com excelentes análises que realmente viram nas entrelinhas da obra, um grande filme. Lembro que salvei em meu email alguns recortes bem interessantes sobre a obra, caso queira entre em contato.

Está certamente entre os meus dez filmes favoritos, que a cada revisão consigo tirar algo interessante de "Deixe ela entrar"..

Abraço.

Júlio Pereira disse...

Eu adoro Deixa Ela Entra. Mas não é uma obra-prima, de forma alguma. De vampiros, prefiro o Sede de Sangue, lançado mais ou menos na mesma época. Mas não reclamo do ritmo, ele faz parte da narrativa, que pede que seja assim. Acho, no entanto, O Espião que Sabia Demais infinitamente superior à este, e muito, muito, muito mais maduro - tanto na narrativa (brilhante!), quando em sua direção, elenco, e tudo.

Matheus Pannebecker disse...

Gosto de "Deixe Ela Entrar", mas ele está bem longe de ser tudo isso que dizem. O filme é interessante, mas, para mim, falha ao misturar o drama e o suspense. Para falar a verdade, prefiro a refilmagem estado-unidense!