10 de jun. de 2011

Bramadero

Bramadero. México, 2007, 22 minutos, drama. Diretor: Julián Hernández.
Sabe quando você percebe a existência de uma boa proposta, mas vê que ela se perde totalmente dentro da criação de uma obra? Pois é exatamente isso que acontece com esse curta-metragem mexicano.

Bramadero é uma obra que conta a história do envolvimento de dois rapazes que estão num lugar deserto, embora estejam no meio da área urbana. O encontro deles num prédio em construção dura um dia todo e lá estão podem fazer o que quiserem, inclusive envolver-se sexualmente sem receios e sem pudores.

Aparentemente se trata de uma obra interessante e válida, mas após conferi-la eu fiquei em dúvida sobre o que eu achei. Encontrei apenas um ponto positivo e opto por falar dele agora, antes de comentar sobre o que há de ruim nessa produção. Há algo encantador no modo como Julián Hernández captou o silêncio dos personagens. Nem Hansen nem Jonás falam, eles apenas se olham, se encaram e então se relacionam. Sem meias-palavras. A somar, há a captura do local onde eles estão. De certo modo, tive a impressão de que os dois têm muito espaço para fazer tudo o que quiserem, ainda assim estão presos naquele espaço, que se torna o mundo deles – se repararmos nas paredes, há pichações registrando cenas sexuais, o que corrobora o domínio deles sobre o lugar, ou melhor, o domínio do lugar sobre eles. Assim, o diretor consegue captar simultaneamente a amplitude e o reduto daquele espaço compartilhado.

Não digo, porém, que o que citei acima seja mérito do filme. Talvez nem seja, talvez só tenha sido uma coincidência, porque o curta-metragem é realmente estranho. Eu entendi qual é o foco dele: mostrar basicamente o envolvimento sexual entre dois homens. Mas há algo incômodo no filme, porque tive a impressão de que ele todo é composto com o único intento de chocar o espectador. Essa obra tem apenas 22 minutos e em mais de metade dele são os homens transando – transando explicitamente, só pra constar. E também as atitudes deles parecem controversas e não encontrei uma explicação aceitável para isso – ou o filme é simplesmente ruim ou ele é simbólico demais para que eu pudesse compreendê-lo.

Acredito que o erro do filme reside no seu excesso – tanto exibicionismo incomoda, porque parece vazio. Não parece haver conteúdo nas cenas de sexo e nas cenas em que não há sexo parece haver algo a ser dito, mas isso nunca se conclui. Infelizmente, acaba por tornar-se um curta-metragem abaixo da média. A parte boa é que não irrita tanto o espectador, haja vista que tem menos de meia hora e a perda de tempo não é tão grande.

1 opiniões:

Luiz Santiago (Plano Crítico) disse...

Cenas de sexo sem justificativa dramática é mesmo estranho, porque te deixa com a sensação de estar vendo um pornô, sem estar vendo. Gato por lebre. Estranho. Ou rui mesmo.

Quero ver esse curta para comentar com mais propriedade.

Agora duas coisas: o curta é argentino ou mexicano? E por último: dá uma olhada na última frase. =)

Abração, amigo