20 de jun. de 2010

(500) Dias com Ela

(500) Days of Summer. EUA, 2009, 95 minutos. Comédia / Drama / Romance.
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"Só não me sinto à vontade sendo namorada de alguém. Não me sinto à vontade sendo qualquer coisa de alguém. Eu gosto de ser sozinha. Relacionamentos são complicados, pessoas se machucam. Quem precisa disso? Somos jovens, moramos em uma das mais belas cidades do mundo. Vamos nos divertir enquanto podemos e guardar as coisas sérias para mais tarde. Hoje em dia, casamento dá em divórcio. Essa coisa de amor não existe, é uma fantasia."
Summer Finn.

Esse é um daqueles filmes pequenos que, bem estruturado, consegue fazer com que muitos espectadores - mesmo os cinéfilos mais exigentes - acabem gostando do que tem pra mostrar. Desse modo, (500) Dias com Ela ganhou bastante destaque e graças ao boca a boca (muito positivo) se tornou um dos filmes mais comentados ano passado. Vale ressaltar que houve certa estranheza quando o roteiro desse filme não foi nomeado pela Academia como um dos cinco que concorriam na categoria Melhor Roteiro Original.

Do começo ao fim do filme, nós conhecemos a vida de Tom, que se encanta por Summer tão logo que a vê. A princípio, crê que jamais poderia se aproximar dela, que estão em níveis diferentes, mas descobre que ela nutre por ele certo apreço e que esse sentimento se torna maior e surge entre os dois um relacionamento aparentemente estável. Summer vive como quer e não se deixa aborrecer - sempre que algo lhe desinteressa, ela logo parte para outra, como deixa claro numa passagem que Tom lhe diz que está trabalhando há muito tempo naquela empresa e ela lhe diz que não consegue ficar tanto tempo no mesmo lugar. Tom experimenta, então, 500 dias com Summer, sendo que os primeiros são fantasticamente excepcionais, e então começam os problemas (quando ela começa a demonstrar insatisfação) e, já nos últimos dias, o total desespero de Tom.

Antes de mais nada, quero apontar no filme tudo aquilo que me agradou. Decerto, o roteiro é o melhor: pouco a pouco, acompanhamos sem pressa o envolvimento dos personagens centrais e conseguimos enxergar nos dois as suas características principais sem que eles mesmos se ocupem em dizê-las. Tanto Tom quanto Summer são bem estruturados e, cada um à sua maneira, são personagens completos e densos. Na minha opinião, ela tem muito mais destaque que ele, principalmente pelo seu modo de ser, muito mais interessante do que o modo de ser de Tom. Os diálogos do filme são mesmo muito bons, são delicados e sensíveis, parecem se enquadrar muito bem naquilo que o filme propõe. E as cenas são tratadas com carinho, dando aos personagens a dedicação que eles merecem. A fotografia do filme é igualmente boa e eu gostei muitos das tomadas em áreas abertas, como a cena final, onde Tom e Summer conversam num parque. Eu tinha certa antipatia por Zooey Deschanel, mas depois que a vi como Summer, tive por ela um pouco mais de simpatia: ela sorri de modo muito bonito, muito espontâneo, e seus olhos azuis são tão bonitos!

Eu confesso que não encontrei pontos negativos no filme. Mas, mesmo assim, acho que é um filme que não traz nada novo ao gênero e que é rapidamente esquecível, apesar de sua qualidade. Logo depois de vê-lo, eu já me sentia como se o tivesse visto há muito mais tempo, de que modo que nem me lembrava de algumas passagens. Embora eu seja fã da não-linearidade, eu devo dizer que não me agradou a opção por mostrar começo, meio e fim misturados, mas não creio que isso consista num problema grande - apenas me causou um sutil incômodo. A atuação de Joseph Gordon-Levitt também não me cativou totalmente e percebi uma disparidade entre o personagem e o ator: ficou evidente para mim que o personagem é interessante demais para um ator um pouco limitado e isso o colocou aquém da atuação de Zooey Deschanel, mas, assim como a nã-linearidade, não me impediu de gostar do filme.

Acho que (500) Dias com Ela deveria ter sido lembrado pela Academia, principalmente porque o seu roteiro é grandioso dentro do gênero romance. De um modo geral, creio que seja um filme bom para se assistir acompanhado daquela pessoal especial, numa noite fria. É um filme que agrada, porém não mostra nenhuma super novidade. Infelizmente, o título original se perde na tradução e chega a ser triste quando no filme à uma alusão explícita (a garota chamada Autumn) ao segundo sentido da palavra "Summer" no título. Será que podemos mesmo dizer que os 500 Dias com Summer foram mesmo dias ensolarados? Talvez...

Luís

3 opiniões:

Marcelo A. disse...

Esse aí eu conferi por causa do Thiago. Já tava fazendo muito barulho por aí, quando o "Preá" comentou que havia assistido. Então, marquei com a Cintia de assistí-lo num feriadão. Nós dois - vivendo um momento muito parecido com o Tom, devo salientar - logo nos vimos na tela, afinal, quem nunca se apaixonou por alguém parecido com a Summer? Todo mundo, né?

É um ótimo filme, no conjunto: roteiro, fotografia, direção, atuações e, evidente, a excepecional trilha sonora que não sai da cabeça.

Ei, man, posso fazer um pedido? Faça uma resenha pra Into The Wild, vai...

=)

Abração!

Matheus Pannebecker disse...

Eu adoro "(500) Dias Com Ela". Fica entre os meus cinco favoritos do ano passado!

Verônica disse...

É um dos filmes que mais me encantam pelo seu grau de realidade(principalmente no relacionamento dos dois),que, apesar de clichê em muitos aspectos,não deixa de ser uma história possível e real sem perder a capacidade de cativar o espectador.
Além do roteiro, sou fã do filme pela trilha sonora e por me identificar com a Summer em relação à sua visão sobre várias coisas.
:)