Brasil, 2001, 141 páginas (Editora: Companhia das Letras)
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Devido a um comentário casual do professor de literatura do cursinho sobre essa obra, me interessei por lê-la. O próprio título já sugere uma opção de narrativa diferente das inúmeras publicações que vemos anualmente; o tema abordado nesse livro de contos - catorze, no total - são assuntos não tão comuns, por vezes bastante escatológicos, que aqui são explorados abertamente.
Os contos abragem situações ordinárias, como o ato de defecar, mas as tranformam em curiosos momentos, que rendem uma análise sem julgamentos por parte do narrador. Os títulos são bastante sugestivos, instigando a curiosidade do leitor, como o primeiro, nomeado Copromancia. Tal conto fala sobre a maneira como um homem passou a observar as fezes, analisando-as conforme a forma, a coloração, o cheiro e, inclusive, o peso! A partir daí, cria um catálogo com fotos das duas vezes diárias em que vai ao banheiro. Mais ou menos, todos os contos seguem a linha do incomum, embora muitos deles sejam bastante corriqueiros, como o texto Coincidências, no qual a morte é o resultado de vários encontros sucessivos sem motivos aparentes. Desconexos, cada conto nos mostra um tema diferente, revelando elementos constrangedores que acercam a vida dos personagens.
Na minha opinião, a produtividade dessa obra é meio desigual. Dentre todos os contos, considero três bastante eficientes em suas abordagens; outros são mais normais, apresentando pouca diferença de capacidade linguística em relação a outros autores e com temas mais banais, como o assassinato ou reuniões para discussão de problemas pessoais. Outro fator que me incomodou um pouco - não que eu não seja aberto a diferentes formas de escrita - foi a maneira como o autor conduz os diálogos, sem uso de aspas ou travessão, como se estivesse começando um outro parágrafo normal. É claro que após a primeira página já se está acostumado a isso e a leitura flui, mas a estética é estranha. A respeito da estética, também não gostei da capa do livro. A imagem mostrada certamente não interfere no conteúdo das páginas, mas um leitor que desconhece o tópico discutido em Secreções, Excreções e Outros Desatinos passaria os olhos sem perceber o livro, de tão irrisória que sua capa é. Ainda que o leitor conhecesse sobre o que é falado aqui, ele se sentiria mais atraído por algo chamativo, obviamente.
Não o considerei uma obra significativa. É no máximo uma leitura de transição, que é aquela da qual você se utiliza enquanto não encontra um livro realmente interessante para ler. A quantidade de páginas também não permite que o leitor gaste muito tempo a lê-las; eu, por exemplo, o li praticamente em uma noite. Quanto às excreções, secreções e desatinos, os textos que melhores representam isso são Copromancia, O Estuprador - que atingiu o auge da escatologia -, e Mulheres e Homens Apaixonados. As outras narrativas não são tão interessantes, algumas são bastante chatas. Então, como eu disse, acima, leiam-no, mas não dê prioridade a esse livro, que certamente é apenas um passatempo. Ainda que aborde nojentices, é o tipo de lembrança que após uma semana já desapareceu…
Luís
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