30 de jun. de 2010

Um Crime Americano

An American Crime. EUA, 2007, 94 minutos. Drama.
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Baseado na história real que chocou a nação em 1965, o filme reconstrói um dos crimes mais chocantes já cometidos a uma só vítima. Sylvia e Jennie Fae Likens, as duas filhas de um casal que trabalha com um circo, são deixadas para uma longa estadia em Indianápolis, na casa de Gertrude Baniszewski, uma mãe solteira com sete crianças. Tempos difícies, e as necessidades financeiras de Gertrurde obrigam-na a fazer este arranjo antes de perceber como esta obrigação levará sua natureza instável a um ponto de ruptura. (fonte - cineplayers)

O interesse em ver o filme surgiu a partir dos comentários de uma colega minha, que dizia que queria muito vê-lo. Decidi alugá-lo e conferi-lo a fim de saber se era realmente bom e, ao terminar de assistir, cheguei a conclusão de que é um filme mediano do qual o espectador já não se lembra uma semana depois. Filmes baseados em fatos reais costumam chamar a minha atenção, já que os acho muito interessante, principalmente pelo fato de que os diretores costumam buscar outras perspectivas além das convencionais e somos apresentados a uma faceta diferente do personagem que, na vida real, é visto exclusivamente de outra maneira. Para exemplicar, cito Monster, no qual Aileen Wuornos - a primeira serial killer americana - é mostrada como figura humana e não o monstro que comumente vemos nas fotografias. Por esse motivo, pensei que Um Crime Americano se tratava de um filme legal.

O primeiro ponto de desgate é o fato de o roteiro optar pela narrativa em primeira pessoa, sendo que a narradora é a garota que sofria as torturas. Sabe-se que os narradores-personagens não são sempre confiáveis; sua visão é deturpada pelas suas emoções e às vezes pode ocorrer uma modificação da realidade. Isso é extremamente distoante da proposta que nos é apresentada: embora o roteiro queira que nós acreditemos que tudo aquilo que seja verdade, a pessoa que nos conta é exatamente aquela que pode exagerar ou omitir fatos. Logo, isso interfere na credibilidade da suposta "história real". Ao longo da narrativa, quase toda em flashback, somos apresentados aos depoimentos das pessoas envolvidas nas sessões de tortura que Sylvia sofreu. Outro problema do roteiro. Os trechos mostrados dão um ar renovado às longas sequências (às vezes monótonas) que mostram o relacionamento familiar problemático que Gertrude impõe às meninas Likens, no entanto, eles são curtos demais, mostrando momentos picados das respostas dos réus, e isso irrita o espectador, que quer ver uma cena completa se desenvolver no tribunal sem interrupções desnecessárias. Alguns elementos que eu simplesmente detesto são acrescentados na história num determinado ponto: aquelas costumeiras cenas de "sonho", que servem para induzir o espectador a pensar que o que ocorre é real para em seguida mostrar que não é real e o acréscimo de elementos sobrenaturais, que definitivamente não combinam com histórias narradas com tamanha proximidade aos fatos "palpáveis".

As atuações não são as melhores; não são, porém, totalmente ruins. Catherine Keener está muito bem interpretando Gertrude. Seus trejeitos a definem como uma mulher instável e potencialmente perigosa, o seu jeitod e olhar mostra o quão perturubada a personagem é. Os melhores momentos da personagem - e também da interpretação - é quando Gertie está cada vez mais distante da noção de realidade e ignora os fatos que acontecem ao seu redor, dando desculpas absurdas para justificá-los. Uma cena interessante é aquela na qual Gertie permite que várioz vizinhos entrem no porão e espanquem Sylvia enquanto ela caminha pelo local recolhendo roupas para lavá-las, demonstrando-se extremamente indiferente à situação. Ellen Page nos convence como uma adolescente, mas não tive a impressão de que as constantes agressões surtiram algum efeito psicológico nela, uma vez que tudo que a personagem faz é dar uns gritos - qualquer um pode gritar por qualquer coisa. A atriz tem talento, cabi a Tommy O'Haver, o diretor, complementar mais a situação de sua personagem, tornando-a interativa de alguma coisa em vez de mostrá-la unicamente como um saco de pancadas. Todos os outros atores estão relativamente bem, uma vez que seus personagens não requerem grandes técnicas de interpretação.

Um Crime Americano começa bem, se perde um pouco ao longo de sua projeção e, ao final, sabemos que não nos lembraremos muito dele poucos dias depois de vê-lo. O entretenimento não é máximo, mas ajuda a passar o tempo, principalmente se você estiver entendiado. Ainda a favor do filme, há um trilha sonora simplista e contraditoriamente eficiente, que acrescenta um drama ainda maior às cenas que, por si só, não transmitem o tom certo. Entre os prós e os contras, considero que esse seja apenas mais um filme a ser visto esporadicamente por aqueles que frequentam as locadoras de vídeos.

Luís

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