25 de jun. de 2010

Obrigado por Fumar

Thank you for Smoking. EUA, 2006, 92 minutos. Comédia.
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Assim como Verônica, assisti a esse filme para servir como complemento para uma coletânea a respeito da mais nova lei em vigor no Brasil: aquela que proíbe as pessoas a fumarem em ambientes públicos. A princípio, pensei em vê-lo somente para tirar uma ou outra ideia do filme e usar em minha redação, mas acabei descobrindo se tratar de uma obra muito interessante, a qual merece ser vista pelas pessoas, porque sua temática, embora requeira certo padrão e rigor, é explorada de maneira muito satisfatória e suave, o que não faz do filme um alienador.

Nick Naylor é um lobista que defende de maneira excepcional a venda do cigarro, justificando-a de todas as maneiras possíveis e, na maioria das vezes, usando argumentos tão bons que acaba deixando os outros sem palavras que possam combater as suas. O Senador Firistirre está numa campanha grande a fim de colocar o símbolo de "veneno" nos maçois de cigarros, para que as pessoas parem de consumi-lo. A grande sacada de Nick é colocar nos cinemas o produto que sua empresa vende: deseja que os astros sejam vistos nas telas fumando. Então, começam os problemas...

Achei realmente difícil definir o gênero desse filme, porque ele não tem o principal objetivo de fazer humor da polêmica sobre ser certo ou errado fumar, logo, não o vejo como uma comédia; em contrapartida, sua abordagem é bem leve, o que me impede de classificá-lo como um drama. Por fim, decidi por "comédia/drama", já que ambos estão presentes, cada um à sua maneira. Já disse que ot ema é polêmico, mas o filme não mostra isso como num grande debate ideológico acerca das opções das pessoas. Seu principal objetivo - a que alcança com muito eficiência - é expor as diversas opiniões e as maneiras como elas são defendidas. Assim, sabemos que Nick não é um vilão por defender a causa do cigarro; apenas concluímos que ele dá o melhor de si a fim de que seu trabalho seja valorizado e, para continuar empregado, é necessário que ele continue convencendo as pessoas a fumarem. Acredito que um dos motivos que fazem do filme uma boa produção é o fato de ele se ater às discussões acerca da atitude do personagem Nick - que é abordada durante toda a projeção. Se fosse algo no estilo documentário, mais voltado para o poder destrutivo do cigarro em si, certamente teríamos uma hora e meia de sonolência, a não ser que o diretor conseguisse fazer algo muito criativo. Falando em criatividade, considerei esse um roteiro muito interessante, embora seja, na verdade, baseado num livro de Christopher Buckley. Então, meus parabéns ao escritor e ao roteirista, que também é o diretor.

O elenco é muito bem composto e todos executam seus papéis com muita eficácia. Com exceção de Nick, todos aparecem pouco, mas dentro da história seus personagens não poderiam tornar-se realmente grandes, ainda que, sempre que aparecem, fazem muito bem e acabam equiparando suas atuações a de Aaron Eckheart - que, para quem não se lembra, é o Duas-Caras de O Cavaleiro das Trevas. Katie Holmes traz um ar mais jovem e descontrai mais ainda o filme; sua participação é pequena, mas é interessante, afinal, seu sorriso é bem cativante. Maria Bello, cujos personagens mais conhecidos são Lil em Show em Bar e Amy Rainy em Janela Secreta - recentemente substituiu Rachel Weizs na terceira parte da trilogia A Múmia -, juntamente com David Koechner realizam as cenas com maior subjetividade: três representantes de produtos considerados perigosos - o cigarro, a bedida e as armas de fogo - reunem para debater sobre o cotidiano. Há uma boa amostra do contraste, nos permitindo ver que, mesmo defendendo um lado tido como ruim, os três ainda são tão comuns a ponto de se sentar em torno de uma mesa para comer e falar sobre o dia-a-dia com muita naturalidade enquanto, como são ditos, muitas pessoas morrem por dia consumindo os produtos que as empresas nas que trabalham vendem.

Por fim, digo que gostei bastante desse filme, que se mostrou uma agradável surpresa. Como se não fosse um ótimo filme dentro de seus padrões, ainda conta com boas cenas que demonstram os ensinamentos passados de pai para filho; Nick ensina uma das maiores verdades que uma pessoa pode saber: não importa se a outra pessoa está certa ou errada, o importante é você fazer com que ela não tenha argumentos para embasar uma resposta. Certamente vale a pena vê-lo, pois garante uma hora e meia de entretenimento culto.

Luís
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