18 de out. de 2010

Os Embalos de Sábado À Noite

Saturday Night Fever. EUA, 1977, 118 minutos.
Indicado ao Academy Award de Melhor Ator (John Travolta).
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Vamos a um breve resumo: Tony é um rapaz de 19 anos que gosta de ir à discoteca dançar aos sábados. Trabalha numa loja de ferramentas e vive com sua família, que constantemente o irrita ao compará-lo com seu irmão mais velho, que é padre. Considerado o Rei das Pistas, Tony se vê num dilema ao precisar de uma parceira para o concurso de dança que haverá.

Dois tópicos, sempre que abordados, nos remetem diretamente a esse filme. O primeiro é "filmes de discoteca"; o segundo é a banda Bee Gees. Não se pode pensar num sem que o outro nos venha à mente. Assim, a união desses dois assuntos fez surgir Os Embalos de Sábado À Noite - um filme que retrata bem a adolescência daquela época e que, à sua maneira, traz um intenso sentimento de nostalgia.

Duas perguntas podem vir à cabeça de vocês que estão lendo essa resenha: como diabos ele sabe como era a adolescência naquela época e que saudades ele sentiu, se ele nunca vivenciou aquilo? Pois bem, confesso que imagino que fosse daquele jeito que os jovens se portassem e meu pensamento é reforçado pelos vários filmes que retratam seus comportamentos. A sensação nostálgica a que me refiro não é literal: o filme faz com que queiramos vivenciar aquele momento. Tal como o personagem vivido por John Travolta, o espectador também sente aquela vontade quase incontrolável de dançar em torno daquela multidão que o observa. Digo isso porque o filme apresenta algo que já não acontece mais. Hoje as coreografiazinhas de baladas são bem bregas e na maioria das vezes somente pessoas que vivenciaram as épocas áureas das discotecas se arriscam a ir dançá-las, mas é bem interessante quando vemos várias pessoas dançando a mesma coreografia, ao som de uma música legal e de muitas luzes piscantes. Ao som de Bee Gees e da música Disco Inferno, não pude deixar de pensar que nasci na época errada!

Falando assim, vocês pensam que eu tenha o considerado um grande filme. Na verdade, achei-o um pouco acima de mediano. Quando o vi, buscava ver bastantes cenas na discotecas, muitas danças, etc. Gostaria de chamá-lo de dispersivo e afirmar que ele perde tempo nos mostrando informações incoerentes com o tema proposto, mas não é isso que acontece. É importante ressaltar que esse é um filme sobre um rapaz que gosta de dança e não um filme sobre dança. Logo, o enfoque do filme é correto ao mostrar as situações e emoções pelas quais passa e vive Tony Manero - juventude complicada numa família que não aceita bem suas opções e que insiste em fazer comparações; como se não bastasse, há ainda uma garota que não sai de cima e outra que não lhe sai da mente. Assim, misturando algumas cenas na discoteca, que é o templo de Tony, e a sua vida fora dela, Os Embalos de Sábado À Noite nos traz uma obra interessante, mas definitivamente não era aquilo que eu buscava.

A interpretação de John Travolta lhe rendeu uma indicação ao Oscar e não vi nenhuma injustiça em apenas indicá-lo. Sua performance é boa e bastante correta, mas acredito que os seus concorrentes pudessem estar melhores - só para constar, ele competiu com o elogiado Woody Allen no famosíssimo Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. Karen Lynn Gorney está bem num papel de apoio, mas sua personagem é um pouco complicada e acho que a atriz não encontrou o tom ideal ao compô-la e isso fez com que eu simplesmente não simpatizasse totalmente com Stephanie, a paixão de Tony. Só na última cena que senti a densidade da personagem, que deveria ser assim o tempo todo, já que demonstra com afirmações em todas as cenas que ela não é tão fútil como Tony. Talvez fosse necessário que não parecesse haver química entre os atores para que o tom do relacionamento de seus personagens fosse certo e coerente com a cena final; mas também é possível pensar que os atores não tinham mínima vontade de gravarem juntos, porque dá pra perceber que não estão à vontade totalmente em cena - e isso se mostra um ponto negativo para o filme.

De um modo geral, dá pra ver esse filme sem problemas. É uma obra mediana, apenas. Não há grandes picos nas atuações nem no desenvolvimento da história. Começa e termina como imaginávamos que fosse acontecer e não nos surpreendemos como nada nem nos descontentamos a ponto de considerá-lo de menos do que mediano. Se você busca uma boa obra que retrate a dança, não veja essa. Mas se busca apenas diversão ao som de uma boa trilha sonora  -que inclui as famosas e dançantes Night Fever e How Deep is Your Love - , invista seu tempo em conferir essa produção.

3 opiniões:

Hugo disse...

O filme vale como retrato de parte da juventude da época e do tipo de música que estava na moda.

Abraço

Renan disse...

Acho que esse filme é um daqueles que não se pode dizer que são atemporais. Deve ter sido ótimo ver John Travolta dançando quando o filme foi lançado, mas quando assisti não senti nada.

Não me arrependo de assisti-lo, mas com certeza não o assistiria de novo.

Cristiano Contreiras disse...

Um filme que perdeu um pouco do brilho e vigor, com os últimos tempos, infelizmente verdade seja dita. Ao contrário de Grease, que é puro charme ainda!

e eu acho que esse filme tem mais a delicia e embalo mesmo pela força da trilha sonora com hits de Bee Gees. Só isso.

abs