28 de out. de 2010

A Última Estação


The Last Station. Alemanha / Reino Unido / Rússia, 2009, 112 minutos. Drama.
Indicado a 2 Oscar: Melhor Atriz (Helen Mirren) e Melhor Ator Coadjuvante (Christopher Plummer)
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Cinebiografias são muito comuns e anualmente muitas delas são lançadas; algumas passam despercebidas enquanto outras chamam muito atenção. The Last Station nos conta sobre o último ano de vida de Lev Tolstoi e a forma como a sua doutrina influenciava sua própria vida e a vida de seus familiares, inclusive sua esposa, Sofia. Paralelamente, a história de Valentin contada: a forma como se torna um tolstoiano e como isso interferiu em sua construção psicológica.

A Última Estação parece ser um daqueles filmes em que uma incursão sócio-política acontece em meio às características fílmicas principais de uma produção cinematográfica. E isso de certo modo acontece, mas numa intensidade bem menor do que eu imaginei. Até porque, como filme, A Última Estação não me surpreendeu muito, haja vista que só me atraíram as atuações – as de Hellen Mirren e de James McAvoy –, porque o roteiro, a direção, a fotografia e todo o resto não me agradaram totalmente. Muito do filme está embasado nos pensamentos de Tolstoi e na sua corrente filosófica e isso é discutido do começo ao fim, uma vez que é esse o mote do filme, é esse aspecto do roteiro que interliga todos os eventos. Creio que seja necessário compreender um pouco dessa filosofia para que as coisas façam mais sentido ao longo da obra.

Como cinema, acho difícil dizer que esse filme me agradou. Consegui ver neles alguns bons aspectos, mas não houve nada que me fizesse querer vê-lo de novo ou mesmo querer recomendá-lo a alguém. A história abordada pelo roteiro é muito maçante, poucas coisas parecem acontecer e os acontecimentos sempre são circunstantes às crises de histeria de Sofia. Assim, parece mesmo que as quase duas horas de filme servem apenas para mostrar os dramas (às vezes, aparentemente superficiais) da personagem feminina principal. O filme se torna bastante monótono por causa disso, parece que não há o que mostrar além do que descrevi acima. Se por um lado o roteiro é falho, por outro, as atuações são muito boas. Hellen Mirren, indicada ao Oscar como Lead Actress, realmente concebe uma interpretação elogiável. Como a esposa de Tolstoi, Mirren se mostra exemplar, mesmo que, em alguns momentos, sua atuação pareça um pouco exagerada – isso, no entanto, se deve à direção estranha de Michael Hoffman, que peca um pouco ao dirigir. James McAvoy, que co-protagoniza a obra, também se mostra igualmente eficiente em sua atuação. Quanto a esse ator, devo mesmo dizer que gosto dele e penso que ele seja um potencial grande nome, porque se envolve em boas obras e se revelou um bom ator. Creio que ele apenas não foi tão reconhecido pelo seu desempenho porque dos nomes consideravelmente mais fortes de Mirren e de Plummer. Caso isso não tive acontecido, ele decerto teria conquistado um espaço entre os indicados. Christopher Plummer, como Tolstoi, não me convenceu muito e penso honestamente que sua indicação seja por motivos políticos – a Academia simplesmente queria se sentir bem por nunca tê-lo indicado anteriormente.

De um modo geral, penso que haja pouco que tenha me feito querer assistir a esse filme. Pouco mesmo, confesso. Fora as atuações de Mirren e de McAvoy, o resto é muito mediano. Como eu disse no começo, não tenho vontade de recomendá-lo mesmo, então deixo que vocês decidam se querem ou não vê-lo.

3 opiniões:

Thiago Paulo disse...

Estou com A Última estação aqui pra ver, talvez faça isso hoje mesmo. Sobre o James McAvoy, as vezes gosto dele e as vezes odeio... Assisti uma minissérie britânica que ele me surpreendeu bastante, e tem também Desejo e Reparação [que revi esses dias], mas não gosto dele em Becoming Jane.

Abraço, e ótima analise.

Cristine disse...

Luís, concordo em parte com sua análise. Realmente eu esperava mais do filme, principalmente um arco mais definido para o personagem Valentin. Sua posição como observador e sua dificuldade em definir uma opinião própria é muito interessante e renderia um excelente filme, mas Sofia Tolstoy "roubou" o show sem acrescentar muito à trama.
Ainda assim acho que é um bom filme, mas não espetacular como eu desejava e esperava. Ao menos A "Última Estação" toca em temas interessantes (mesmo que não tão bem explorados) como a idolatria fanática que encara a realidade do ídolo como ser humano, com todas suas falhas. Por isso eu gostaria de não ter visto Valentin sub-utilizado na trama, ainda mais tendo sido o personagem interpretado por um ator do porte de James McAvoy.

James tornou-se meu ator favorito desde que assisti sua atuação em "Inside I'm Dancing" - não tinha a menor idéia de quem era aquele jovem ator tão magnético e carismático. Sua atuação em "Atonement" é magnífica, toda de sutilezas e expressões faciais que contam uma história inteira. Infelizmente, ele não faz parte o star system hollywoodiano, o que significa que ele vai ser sempre preterido nas premiações em favor de atores menos talentosos, mas que sabem fazer caras e bocas e agradar à mídia. Difícil saber se McAvoy um dia vai ser reconhecido como merece.

Tenho um blog sobre cinema também, que infelizmente está totalmente estacionado - só espero que não seja na última estação, e que eu o coloque em seu rumo de novo.

Um abraço!

SexyMachine disse...

Ainda não vi, mas vou ver...

Abração...