18 de nov. de 2010

Pulp Fiction: Tempo de Violência

Pulp Fiction. EUA, 1994, 154 minutos. Drama / Policial.
Ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Original e indicado às categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (John Travolta), Melhor Ator e Atriz Coadjuvantes (Samuel L. Jackson e Uma Thurman) e Melhor Montagem.
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Nessa resenha, vou simplesmente elogiar tanto quanto puder esse filme de Tarantino. Muitos poderão dizer que gostei do filme, porque gosto do diretor, mas o fato é que Pulp Fiction é uma obra extremamente complexa e ampla. Não somente é uma das melhores obras de Tarantino - há, aliás, alguma que não seja boa? -, como também é uma excelente amostra do talento dos atores.

Acredito que a esse filme apresenta situações envolventes dentro de todos os gêneros, não apenas o dramático e o policial. Vemos um pouco de comédia, humor, suspense, ação - tudo numa única obra. Como os mafiosos Vincent e Jules, John Travolta e Samuel L. Jackson - possivelmente na melhor de suas atuações -, compõem uma dupla realmente fabulosa, que choca o espectador com a frieza com a qual lidam com seu trabalho. Ao mesmo tempo, nos surpreendem com momentos incríveis: que matador recitaria passagens da Bíblia antes de dar vários tiros na pessoa que catequizava momentos antes? A somar, há a confusa participação de Mia Wallace, personagem de Uma Thurman. A mulher representa a catarse de Vincent Vega e também o perigo com o qual ele lida. Por sua vez, ele representa certo assombro a ela: tratá-lo como amigo ou como subordinado do seu marido? Bruce Willis é, de certa forma, o intérprete cujo personagem passa por mais problemas: é obrigado a adminstrar os problemas provindos de com o acordo que ele não cumpriu, um relógio pelo qual tem afeição e, mais tarde, com o próprio chefão. Os personagens parecem não ter muita conexão, mas o roteiro brilhante de Tarantino os coloca num ciclo retorcido, conectando-os brilhantemente.

Cada personagem tem seu momento de destaque e todos - principais ou coadjuvantes - são importante para que possamos intricar a trama, compreendo o exato momento em que uma determinada cena aconteceu. O elenco do filme está em perfeita sincronia e na minha opinião o grande destaque vai para Uma Thurman, que está excelente no papel que lhe rendeu, até hoje, sua única indicação ao prêmio. Sua Mia é uma personagem de gestos e expressões, de presença firme e imponente. Em cena, ela atrai os olhares e no episódio entre Vincent e Mia, ela é a personagem principal. Destaque também para John Travolta, extremamente expressivo, certamente num dos melhores papéis de sua carreira. Pulp Fiction ainda conta com a presença do próprio Tarantino, num trecho próximo ao final do filme. Bruce Willis continua com o seu jeito canastrão, mas até dele Tarantino conseguiu tirar o tom certo de seu personagem. Com o seu jeito característico de editar seus filmes, Tarantino obriga o espectador a pensar e encaixar as partes vistas nos lugares a que pertencem. A obra tem uma ordem cronológica não-linear, o que aumenta ainda mais o meu apreço pela produção. Os episódios que são mostrados para nós são fragmentados e cabe a nós enxergá-lo em sua totalidade, conforme acontecerão cronologicamente.

Muitos podem se questionar a respeito do título do filme. É importante ressaltar que o "tempo de violência" é um subtítulo acrescido, não presente no nome original do filme. "Pulp" é um termo que designa o material rudimentar e pouco durável de revistinhas lançadas a partir da década de 20 e eram voltadas para a classe social popular. Como os autores sérios trabalhavam para outro tipo de revistas, as "pulps" eram escritas por homens sem grande cultura literária, de forma que os temas abordados eram aqueles comuns às pessoas daquela classe: sexualidade, violência, crime, etc. Como alcançável um grande público, as "pulps" foram as primeiras revistas a se tornarem filmes e foram sumindo com a aproximação da Segunda Guerra Mundial.

Tudo no filme é muito válido e coerente: o gênero das revistinhas têm tudo a ver com a proposta do filme que, por sua vez, tem tudo a ver com aquilo com que Taratino gosta de trabalhar. Tudo aqui funciona bem e nós presenciamos uma obra extreamente ágil, com ótimos diálogos - destaque especial para aquele entre Mia e Vincent -, boas cenas de violência e outras tantas de humor. As sete nominações que o filme recebeu apenas mostram o quão bom ele é. Vale realmente a pena vê-lo.

1 opiniões:

chuck large disse...

Só tenho a concordar com o excelente texto!