14 de nov. de 2010

Sexta-Feira 13 (2009)

Friday the 13th. EUA, 2009, 103 minutos. Terror.
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Advertência: a resenha a seguir apresenta muitos spoilers.
Todos sabemos que o cinema tem entrado numa grande incursão pelo universo dos remakes. Não quero dizer com isso que regravações não existissem antes, mas atualmente esse tópico se intensificou. Vários filmes que fizeram sucesso anos atrás estão retornando numa versão mais moderna e provavelmente mais ridícula e várias são as obras que já passaram por isso e são várias também aquelas que passarão pelo mesmo processo: Halloween, Violência Gratuita, [•REC], A Névoa, A Hora do Pesadelo, Brinquedo Assassino, etc. Estava óbvio que a série Sexta-Feira 13, já em desgaste com as suas nove continuações e um spin-off (a tosquice nomeada Freddy x Jason), seria transformada em um novo filme, nos mesmos moldes das recentes modernizações.

Para ser sincero, não considero que esse filme seja um remake do original de 1980. Se fôssemos tratá-lo como um remake, deveríamos assumir que Batman Begins, filme de 2005 que marca a nova cronologia da história do Homem-Morcego, seja remake do filme de Tim Burton, de 1989. E todos sabemos que isso não é verdadeiro. Com isso, quero dizer que o novo Sexta-Feira 13 não se trata daquele filme embasado nos eventos de outros. Para se ter uma ideia, ocorre aquele final-surpresa no filme original, quando descobrimos que a pessoa por trás das mortes na verdade é Brenda Vorhees e não Jason, como todos pensávamos. Nesse remake, logo nas primeiras cenas somos apresentadas àquela que correponde a uma das últimas cenas do original: a mocinha desesperada decapta a insana mãe de Jason. Assim, o final do filme original é o início do filme recente, deixando claro que esse não está vinculado aos eventos gerais daquele. Sabemos, então, que o remake mostrará cenas novas e também sabemos que não haverá elementos-surpresa em relação ao assassino, uma vez que logo no começa Brenda foi morta.

Assim, para mim, esse filme marca uma nova cronologia da série. E, logo no primeiro episódio, se mostra bastante ruim. Os que assistiram ao filme original sabem que os jovens perseguidos pela mãe de Jason tinham um motivo real para estar ali: eles eram monitores e, portanto, o lugar mais adequado para o qual deveriam estar. Nessa versão, que conta com uma bizarra introdução de 25 minutos, os jovens são estereotipados e chatos, birrentos e desagradáveis e cabe a nós detestá-los. Eles não vão exatamente ao Crystal Lake, mas numa região próxima a ele. Num filme da cronologia antiga, uma personagem diz que ninguém é morto se não invadir a área do Jason (e pouco depois essa informação se mostra errada). Supondo que a casa não tenha sido construída ali do dia para a noite e, pelo que parece, os pais de um dos jovens tinha aquela casa há um bom tempo, não fica muito claro por que o Jason insiste em persegui-los numa região fora de sua área. Questionamento desse gênero são desnecessários, afinal o personagem matador desse filme já chegou a ir a Nova Iorque atacar as pessoas de lá!

A princípio, os personagens não invadem lugar nenhum. O máximo que fazem é se divertirem no lago Crystal e esse parece ser o mote para que Jason comece a persegui-los sem parar. Dentre os personagens, destacam-se Clay, interpretado por Jared Padalecki, e Jenna, vivida por Danielle Panabaker. Ele é o mocinho que está à procura da irmã desaparecida (que estava presente naquela introdução imensa) e ela é a outra mocinha, que, embora estivesse com os jovens babacas detestáveis, é bem dócil e simpática à causa de Clay. Logo de cara sabemos que são esses os personagens que não irão morrer, afinal eles são os perfeitinhos - não transam, não bebem, são simpáticos, são bonitos e, de certam maneira, estão engajados em uma causa maior. Os outros personagens - os que se masturbam, os que ficam bêbados e os que trepam como coelhinhos - tornam-se os alvos prioritários do matador. Sem nenhum real envolvimento do espectador com a história, os jovens começam a ser mortos de maneiras bastante toscas, desde cozidos até empalados, e nós ficamos observando uma série ridículo de corre-pra-cá e corre-pra-lá. A ânsia por matar é tão compulsiva que o xerife é morto depois de bater na porta da casa, sem nenhum diálogo decente.

Vale ainda ressaltar que não há motivos para que Jason mantenha capturada a irmã de Clay. Não fica claro em momento nenhum o que ele pretende fazer com ela e eu até acredito que não há razões para aquilo. A função básica é fazer com que gostemos da ação salvadora de Clay, que realmente consegue tirar a irmã de lá. Como troca, porém - e para minha surpresa -, a outra mocinha perfeitinha acabou morrendo, numa cena bem porca. O roteiro tenta fazer com que haja uma correlação entre a introdução medíocre e o final e isso obviamente se mostra frustrado.

Considerando todos os prós - que são poucos - e os contras, eu realmente recomendo que, se quiserem ver, fiquem com o filme original, de 1980, que pelo consta com bons efeitos de maquiagem, uma fotografia sombrio mais interessante e um clima bem melhor do que esse, que só mostra gente correndo e morrendo. Na minha opinião, uma obra totalmente descartável, que não se aproxima da produção que a originou.

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