10 de jan. de 2012

Corra, Lola, Corra

Lola Rennt. Alemanha, 1998, 80 minutos, ação. Diretor: Tom Tykwer.
Um filme bastante dinâmico e divertido, decerto uma das melhores produções alemães. Nos responde à seguinte pergunta: e se aquilo não tivesse acontecido daquele jeito, como seria? Vale conferir, com certeza.

Havia muito tempo que eu queria ver esse filme e esse é mais um dos vários que o Pedro me passou e, por isso, eu o agradeço de novo (e ainda há mais para agradecer). Sempre ouvi pessoas fazendo bons comentários e sempre quis vê-lo. Quando finalmente assisti ao filme, pude concluir que é uma das obras mais interessantes que conferi recentemente.

O filme nos conta a mesma história três vezes, modificando alguns eventos-chave e reconstruindo toda a situação a partir da mudança desses acontecimentos. Lola recebe uma ligação do seu namorado desesperado, que precisa arrumar 100 mil dólares em vinte minutos. Então, temendo que ele tome alguma atitude impulsiva e muito errônea, ela decide ajudá-lo, indo ao seu encontro e tentando encontrar um meio de conseguir o dinheiro.

O desenho animado dá um ar especial a essa obra, tornando-a bem mais divertida.

O grande mérito do filme é exatamente recontar a mesma história mais de uma vez, fazendo com o que espectador acompanhe a trajetória de Lola em três situações diferentes. Vale ressaltar que o que há de mais interessante é o modo como o filme incentiva a nossa curiosidade e ao mesmo tempo sacia uma dúvida: e se pudéssemos reviver alguma coisa de um jeito diferente? Lola nos mostra o que aconteceria. Por exemplo, num primeiro momento, ela desce as escadas desesperadamente, encontra um cachorro feroz no caminho, o que lhe faz hesitar e prossegue o seu caminho, colidindo com pessoas, quase sendo atropelada, interagindo com pessoas na rua. No segundo momento, desde as escadas correndo e cai, fazendo com que se atrase um pouco por causa da queda em si e da perna machucada pelo tombo, fazendo-a correr mancandoo que a atrasa em relação aos mesmos eventos mostrados na primeira sequência. No último momento, ela desce extremamente rápido, adiantando-se em relação às duas vezes anteriores. Então, o filme nos mostra como as coisas poderiam acontecer – e as quais seriam as conseqüências delas – se nós pudéssemos viver um acontecimento e depois revivê-lo, para descobrir qual seria o melhor modo de ele ser concebido.

 Características histriônicas ajudam o filme a conquistar a nossa simpatia.

O modo como o filme brinca com o tempo é realmente muito válido. Cada seqüência tem aproximadamente 20 minutos e, ainda que se repita três vezes, não temos a impressão de que esteja tudo repetido. A história se reinventa dentro de si mesma e os time loops utilizados soam positivamente. Entre cada cena, há um momento introspectivo, decerto não pertencente ao plano real, no qual Lola e Manni, seu namorado, dialogam sobre um assunto delicado – como o relacionamento deles e sobre possíveis dissoluções. Outro fator positivo, além das viagens temporais, é também a mistura de realidade com animação, sendo esse um plano que surge no começo de cada nova seqüência e também nos créditos iniciais, que são bem longos e indicam muito do que haverá no filme. A somar, há o conjunto direção-atuação, que resulta num aspecto muito positivo do filme. Tanto Franka Potente quanto Moritz Bleibtreu, respectivos intérpretes de Lola e Manni, compõem personagens críveis e simpáticos – mesmo ele sendo impulsivo e um pouco irracional, ele conquista a nossa simpatia. O mesmo pode ser dito sobre Lola, que nos cativa com o seu desespero e seu jeito desengonçado de correr – e também de gritar! Tom Tykwer, responsável pelo monótono “Perfume – A História de um Assassino” (2006), aqui nos traz uma obra elogiável e muito interessante, com uma dinâmica excelente e com uma série de características que somente fazer aumentar o apreço do espectador pela obra. Assim, não há como negar que o conjunto seja extremamente válido e que exatamente por isso essa seja uma produção extremamente elogiável.

Sei que valeu a pena ter assistido a esse filme. “Corra, Lola, Corra” é uma produção alemã que merece atenção e que parece bastante recente, embora já tenha completado treze anos. Além de proporcionar um entretenimento muito válido, ele ainda possui aspectos com bastante qualidade e um roteiro que nos faz pensar. Após tê-lo visto, me lembrei de um acontecimento importante e pensei comigo mesmo: e se, nessa situação, tal como aconteceu com Lola, eu tivesse torcido o tornozelo e me atrasado? Aposto que vocês pensarão algo semelhante quando conferirem o filme.

6 opiniões:

Luiz Santiago (Plano Crítico) disse...

Uma obra prima do novíssimo cinema alemão, em sua fase "Final do XX". Amo esse filme de paixão. Adorei a tua abordagem! Só discordo fortemente quanto a "O Perfume". Em hipótese alguma acho esse filme monótono.

Um abraço, Luizito!

Kamila disse...

O que eu mais gosto nesse filme é da estrutura narrativa dele, ao colocar diversas versões de uma mesma história, provando a verdadeira casualidade que a vida é. "Corra, Lola, Corra" é um excelente filme.

Unknown disse...

Simplesmente amo esse filme! Um dos que mais assisti na minha vida! Adoro a edição, os cortes, o ritmo frenetico, o exagero. Acho uma pequena obra-prima. Abs e Apareça!

http://espectadorvoraz.blogspot.com/

Rodrigo Mendes disse...

A primeira vez que assisti LOLA fiquei fascinado e desde então, nunca mais, parei de assistir!

Abs.

Júlio Pereira disse...

Faz tempo que venho enrolando pra assistir, por achar que se resume a uma mulher correndo - vi algumas cenas na TV e só vi isso. Bem, sua crítica me prova o contrário. Não conferi ainda, mas aparentemente é Rashomon (uma obra-prima absoluta do Kurosawa) fazendo escola, né. Essa coisa da narrativa dividida em 3, contando a história de pontos de vistas diferentes, vem de lá. Não sei se é o caso, preciso confirmar!

Unknown disse...

Um grande filme.
Esse me surpreendeu, porque o assisti com a menor das expectativas, e quando fui dar conta estava vidrado no filme.

Gostei do blog, parabéns.
Estou seguindo.

Grande abraço.