12 de jan. de 2012

Vadias do Sexo Sangrento

Brasil, 2008, 30 minutos, comédia / terror. Diretor: Petter Baiestorf.
Esse curta-metragem traz momentos muito toscos e divertidos e outros muito incômodos, que não permitem ao espectador saber se se trata de uma brincadeira ou de uma tentativa falha de fazer algo sério.

Confesso que eu adoro filmes ruins e filmes “ruins”. Os primeiros são aquelas porcarias que tentaram dar certo, mas acabaram inevitavelmente no lado cômico devido à série de elementos não-funcionais na sua trama - nesse grupo, estão filmes como “Hellraiser - Renascido do Inferno” (1987), cuja história e efeitos são toscos, mas que diverte. No segundo grupo estão filmes como “A Morte do Demônio” (1981) e “A Noite dos Demônios” (1988), cujos aspectos técnicos e artísticos são tão ruins que só podem ser brincadeira e acabam divertindo o espectador por serem engraçados (embora tenha gente aí jurando que são filmes de terror, ui!).

“Vadias do Sexo Sangrento” (2008), uma produção sul-rio-grandense, tem tudo para estar no segundo grupo, já que a história por si só parece não querer nos convencer tampouco as atuações têm essa pretensão, tão ridículas - em ambos os sentidos - que são. Logo no começo do filme conhecemos um maníaco que persegue as mulheres, porque, quando criança, durante uma excursão, foi estuprado por 48 padres, o que gerou nele algum conflito psicológico. Paralelamente, conhecemos um rapaz que está disposto a tudo para voltar com a namorada, que já não lhe quer mais e até já o trocou por outra mulher, pois quer experimentar coisas novas. Num dado momento, a vingança do ex-namorado resulta num encontro de todos com o maníaco - e também com um senhor que pesca tranqüilamente na praia e com o narrador da história.

 Os bastidores: o diretor e dois atores se preparando para a cena final.

Estamos falando de uma produção a qual podemos chamar, no mínimo, de ousada. A obra conta com nudez frontal masculina e feminina num país que já deu muita vazão à sexualidade e ao sexo, inclusive explícito, mas que agora se resguarda numa falsa moralidade que teme mostrar nudez antes das 10 horas da noite; a obra também conta com a criatividade do elenco e da equipe para apresentar uma cena de remoção do intestino - adendo importante: pelo ânus - além de um momento no qual, por vingança, uma personagem invade a barriga de outro, matando-o por dentro; ainda temos uma cena de farta ejaculação, bastante gore, uma cena de estupro e diálogos extremamente ruins que não querem dizer absolutamente nada. Como vemos, o filme tem tudo para dar certo - e não temo ao afirmar isso.

E ele dá certo em algumas cenas. Ele diverte e cativa o espectador com o monte de bobagem a que estamos assistindo, dou destaque a especial à cena do homem que pesca que, ao ver o outro com o intestino pra fora e totalmente nu, decide ir ver o que estava havendo (o ex-namorado estava estuprando a sua ex-namorada na frente da atual namorada dela) e acaba se masturbando em vez de ajudar a moça amarrada. Mas existem outros momentos que colocam em dúvida a seriedade - ou a não-seriedade - do filme, como os vários momentos em que o jovem tenta reconquistar a ex: as cenas parecem ter a função de criar uma veia dramática na história que simplesmente não cabe ali, mesmo que esse tom sério fique meio balançado pela interpretação do ator.

 Definitivamente, não é um filme para espectadores pudicos.

Eu diria que esse é o tipo de filme que nos diverte durante a sua exibição, mas não é certo nem provável que vá divertir, justamente porque lhe falta o elemento x que permitiu ao filme de Sam Raimi ser a grande obra-prima que é. Após o término da obra, fica o elogio à ousadia, mas logo vem o esquecimento, que é uma amostra de falta algum detalhe na história, algo que a fixe em nossas mentes. Mas decerto vale a pena conhecer mais do cinema independente de Petter Baiestorf, que atuou no interessantíssimo “A Noite do Chupacabras” (2011), de Rodrigo Aragão - este, simpaticíssimo - e que produziu outro filme relativamente famoso no circuito independente do cinema nacional, que é “Arrombada: Vou Mijar na Porra do seu Túmulo” (2007) - aliás, Baiestorf faz em “Vadias do Sexo Sangrento” uma ótima referência ao seu filme anterior, numa cena que envolve urina, sangue e raiva por parte de uma vítima do maníaco.

4 opiniões:

Gabriel Monteiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hugo disse...

É no mínimo trash.

O título lembra as pornochanchadas dos anos setenta.

abraço

Luís disse...

Gabriel, nem sequer pude compreender o que você escreveu. O tema está deturpado? Não é mais necessário mostrado o tema?

Hugo, parece pornochanchada mesmo, mas não é, não. Tá bem longe do subgênero, viu - émais um trash erótico mesmo.

Júlio Pereira disse...

Coisa épica. Não sou muito adepto do cinema trash, mas ri com algumas descrições. Só você pra extrair um texto de um curta trash de 30 minutos!