24 de fev. de 2010

Assassinato no Expresso do Oriente

Murder on the Orient Express. Inglaterra, 1974, 122 minutos. Policial.
Recebeu 6 indicações ao Academy Awards. Ganhou nas categorias Melhor Atriz Coadjuvante (Ingrid Bergman) e Melhor Figurino.
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Embora a década mais recente tenha sido provavelmente aquela em que mais se adaptaram livros e se fizeram remakes, as estórias do livros vem sendo transferidas das páginas para as telas há muito tempo. Muitos autores são chamarizes para diretores, principalmente porque suas narrativas possuem um charme que atrai e conquista a praticamente todos os leitores. Uma vez no cinema, esses mesmos leitores formarão filas para ver seus astros interpretando aqueles personagens fantásticos dos livros que leram pouco antes... Considerando o pensamento, nada mais normal do que os romances de Agatha Christie - que certamente fez parte da adolescência de muitas pessoas - fossem transpostos e ganhassem uma segunda vida (a primeira é em nossa imaginação) no corpo de atores e atrizes de destaque, como Lauren Bacall e Albert Finney.

Depois de resolver um caso, Hercule Poirot pretende ir a Londres. Para isso, faz uso do Expresso do Oriente, que estranhamente estava lotado. Pela manhã, se descobre que um dos passageiros, que na tarde anterior pedira a proteção de Poirot, foi brutalmente assassinado com 12 facadas. Os passageiros alegam diversos fato que podem direcionar ao responsável pelo crime, mas, ao mesmo tempo, muitas de suas afirmações apenas confundem ainda mais. Os suspeitos são não somente os passageiros, mas também uma misteriosa mulher de kimono e um homem que invadiu um dos dormirtórios durante a noite.

Não posso simplesmente ignorar o fato de que, embora seja um filme interessante, boa parte do clima do livro se perde ao longo da projeção dessa obra. Ele, aliás, já não é tão forte como é no livro. Ao final, na conclusão, o suspense deveria estar em seu auge, mas não é exatamente assim que acontece. O roteiro, porém, soube bem como transportar a narrativa de Agatha Christie para o filme: já começamos tendo idéia do que foi o caso Armstrong e quais foram as consequências dele. Posteriormente, fica mais fácil assimilá-lo ao desenrolar da história e isso nos permite tirar boas conclusões acerca do próximo passo do detetive. Como eu já havia lido o livro, percebi que, embora tenha ocorrido algumas mudanças - omissões de momentos e mudança de posicionamento quanto a ordem cronológica -, elas foram necessárias para que fosse possível compreender melhor. A única coisa do roteiro que definitivamente não me agradou foi o encurtamento que deram a alguns argumentos interessantes, que serviram no livro para aumentar o suspense e criar ainda mais mistério.

Sobre as atuações, gostei da maioria. O destaque sem dúvida cabe a Ingrid Bergman, que está simplesmente perfeita como Greta Ohlson. Não sei se merecia o Oscar, pois não assisti a nenhum filme com suas concorrentes, mas eu particularmente a achei extremamente expressiva, mesmo que num papel extremamente curto. Envelhecida trinta anos desde sua participação em Casablanca, a sua beleza permanece ali, um pouco oculta, porém visível. Lauren Bacall está igualmente fabulosa, um pouco mais participativa do que Bergman. Suas falas sempre altivas, seu tom sempre soberbo fazem de sua personagem uma mulher de quem suspeitamos, do começo ao fim. Os outros atores não têm grande destaque, embora também estejam bem em seus personagens. Sean Connery, Vanessa Redgrave, Jaqueline Bisset, etc. Porém, há pra mim um probleminha nesse quesito: Albert Finney. Não se é culpa do ator ou se a culpa é minha, mas o fato é que não fiquei contente com sua atuação. Achei-o deveras exagerado, falando alto demais, gritando muitas vezes, se movimentando como se fosse uma marionete problemática. Não era essa a imagem que eu tinha do detetive Poirot. Imaginava-o teatral, mas não como uma gralha obesa.

O filme capta boa parte do universo perigoso de Agatha Christie, mas deixa um pouco a desejar quanto ao suspense que nos apresenta. O mistério fica mais por conta da fotografia escura do que pelo roteiro, que falha nesse aspecto - como já disse acima. Eu devo recomendá-lo, pois, como adaptação, é um bom exemplo de sucesso e ver um elenco como esse não é tão comum. Mas recomendo veemente que o livro seja lido antes.

Luís
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Me sinto um ignorante quando digo que nunca li nada de Agatha Cristie. Tentei ler Assassinato no Expresso do Orinte uma vez, mas devido a pouca idade acabei deixando o livro de lado. Sendo assim, obviamente não sei avaliar a adaptação seja ela fiel ou apenas levemente baseada.

O filme começa com um ponto positivo. Somos apresentados ao caso da família Armstorng e só mais tarde entendemos a relação desse caso com o assassinato que acontece no trem. Não pense porém que possa existir alguma dificuldade de compreenão no roteiro pois tudo é explicado claramente guiando o telespectador a compreensão dos motivos desse assassinato. Como o Luís citou, também concordo que o clima do filme se perde ao longo de sua exibição. Por vezes temos a impressão de que se passaram 1 horas de filme quando a barra de rolagem mostra só 30 minutos. Um problema que o filme pode mostrar para os menos atenciosos é a quantidade de personagens envolvidos no caso. Assim como acontece em Assassinato em Gosford Park, quem assiste pode se perder quando alguns personagens estão falando dos outros, mas quando todos estão em cena fica mais fácil pois as caraterísticas físicas, juntamente com suas atuações são marcantes, principalmente Ingrid Bergman que nem parece a mesma de Casablanca. Quanto a Albert Finney, o personagem principal, posso dizer que gostei da atuação, mesmo parecendo, em certos momentos, caricáta demais para um detetive.

Gostei bastante do desfecho final do filme, quando tudo é revelado. Fugiu um pouco do que eu esperava, mas essa, com certeza, foi uma supresa agradável. Com esse final, acho que esqueci um pouco do ritmo lento do filme e dos outros aspectos negativos terminando com uma imagem positiva do longa.

Renan

3 opiniões:

susana disse...

Li o livro e vi o filme, aliás comprei posteriormente o DVD, porque sou fã incondicional de filmes e livros de mistério e suspense.
Tens razão no que dizes sobre a a personagem Poirot, estava exagerada, tanto em gordura como na expressividade! Mas o filme no seu geral resulta, por contar com um bom elenco e por terem conseguido captar de alguma forma, a atmosfera que rodeia sempre, os romances da Agatha Christie.

Já agora podem visitar o meu blog, tenho lá uma crítica sobre " The wolfman" que estreou recentemente em Portugal! Contando nos principais papéis com ba participação de Benicio Del toro e Anthony Hopkins!

Cristiano Contreiras disse...

gritando muitas vezes, se movimentando como se fosse uma marionete problemática. Não era essa a imagem que eu tinha do detetive Poirot. Imaginava-o teatral, mas não como uma gralha obesa.

hauahauahauahauahauaa!
Dei muita risada, não tive como me conter com você! rs

De fato ele exagerou no tom, mas eu sempre acho ele meio insano atuando e tenho dito.

Acho esse filme um tanto irregular na condução do roteiro, há momentos lentos, outros interessantes, há algo na 'imagem' que me desagrada...não sei, preciso revê-lo.

Livros sempre serão melhores!
O bom é quando o roteiro adaptado do filme tenha a verdadeira essência do livro, algo bem condensando e que isso fique bem feito.

Bergman dá todo o brilho, mereceu sim o Oscar!

Caio Coletti disse...

Cara, eu lia Agatha Christie direto até uns dois anos atrás. Esse em especial não cheguei a ler, mas aluguei o filme pelo nome dela e acho que foi graças a ele que boa parte do meu interesse em cinema antigo nasceu. Enfim, um filme que me fez expandir meus horizontes como leitor e como espectador, como cinéfilo e escritor. Mesmo que não seja a maior obra já produzida pela sétima arte, sempre vai ser um filme que eu guardo com carinho na memória.

Hoje não leio tanto Agatha. Estou dando um tempo nos livros dela para conhecer outras facetas do mistério. rs.

Abraço! :D