16 de fev. de 2010

O Símbolo Perdido

The Lost Symbol - Dan Brown. EUA, 2009, 489 páginas (Editoras Sextante). Ficção.
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Depois de um tempo sem notícias de Dan Brown, o célebre autor dos aclamados e criticados "O Código da Vinci" e "Anjos e Demônios" teve-se notícias que ele lançaria mais um livro: "O Símbolo Perdido". Na primeira oportunidade que tive fui e comprei para saber se ele continuava com o mesmo dom para prender os leitores. Nesse quesito, Dan Brown não mudou nada, mas sua capacidade para criar finais bons evaporou-se.
Assim como nos livros citados acima, esse tem como protagonista o professor-simbologista-chucknorris-imortal Robert Langdon. Não há como negar que o personagem é cativante. Cansado de Paris e do Vaticano, Dan Brown leva Robert para a terra do tio Sam, mais precisamente a capital, Washington já que "revelando segredos" da terra onde há maior número de leitores, o lucro será maior. Como disse acima, o escritor tem a capacidade de fazer o leitor ficar grudado nas páginas para ver as reviravoltas que ocorre na estória. Como nos outros livros, Robert tem uma ajudante para poder deflorar ter uma ajuda já que o personagem não é um gênio (embora pareça em boa parte do livro). A vítima dessa vez é Katherine Solomon, irmã de Peter Solomon que é um grande amigo de Robert e está em perigo já que um maníaco quer desvendar os segredos maçonicos, culto esse que Peter faz parte sendo um importante representante e o vilão não mede esforços para conseguir as respostas de que tanto precisa.

Tudo ocorre bem durante boa parte do romance, a leitura é rápida e se trata de um tema que eu pelo menos tenho bastante curiosidade: os maçons. Sempre tive vontade de entrar em um templo maçon, saber o que eles fazem, se eles sacrificam animais, e a dúvida mais cruel de todas: porque eles são tão ricos ?. Pois é, fora os maçons, Dan Brown fala sobre a ciência Noética que me causou estranhamento e até agora (mesmo estando nas primeira folhas constando como 'fatos') não sei se acredito ainda, há também o CAMS que, pelo narrado, deve ser extremamente interessante e assim por diante. Os personage secundários também são cativantes embora nenhum seja denso a ponto de podermos fazer uma análise psicológica.

No primeiro parágrafo sa resenha, disse que o final não condiz com a qualidade do restante do livro, e é verdade. Acho que o final de "O Símbolo Perdido" está entre os mais brochantes do século. Não que eu ache que a "palavra perdida" não seja importante, mas depois de dizer que Jesus procriou, esperava algo bombástico que fizesse o leitor dizer: "O cara é foda!", mas isso não ocorre. Na verdade, voltei alguns parágrafos para ter certeza que não havia perdido nada, mas infelizmente não. Até agora não sei se "O Símbolo Perdido" é recomendável. Certamente não recomendaria para a compra, mas talvez na biblioteca, quando não tiver mais fila de espera nenhuma e ele esteja lá, é...quem sabe.

Renan
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Dan Brown já mostrou ser um escritor muito eficiente quanto o quesito abordado é o entretenimento do leitor e as mais profundas reflexões a respeito do que pode ou não ser verdadeiro. Os seus quatro livros anteriores já foram resenhados por nós e o seu novo traz como personagem principal Robert Langdon, aquele que liderou as duas maiores - porém não melhores, na minha opinião - aventuras escritas pelo autor.


Não me resta dúvidas de que Dan Brown faz uso de seu personagem para que não soe ainda mais repetitivo. O Código Da Vinci e Anjos e Demônios retratam dois eventos que não são comuns e, como se não bastasse, aconteceu com a mesma pessoa - Robert Langdon. Caso Dan Brown usasse um outro personagem, ficaria muito óbvio que ele não consegue criar situações novas, então, nada melhor do que fazer com o que improvável acontecesse tudo com a mesma pessoa: encontrar o Santo Graal, salvar o Vaticano e ainda conhecer sergedos que apenas os maçons do grau mais alto conhecem. Improvável talvez não seja a palavra certa. Impossível soaria melhor.

Tudo bem, Dan Brown pode não ser a melhor referência como autor criativo. Mas é inegável que suas histórias mantêm o leitor entretido do princípio ao fim, afinal ele consegue criar conectivos interessantíssimos entre um capítulo e outro. Se a sua estrutura narrativa segue sempre o mesmo caminho, chegando ao triste ponto de ser previsível para a maioria dos leitores - ou pelo menos aqueles que atentaram para a formação das obras anteriores do autor -, o contraponto vem na forma da polêmica: o debate proposto por Brown é sempre muito polêmico, fazendo com o que o leitor fique intrigado em relação ao nível de veracidade presente na obra. Eu mesmo estou curiosíssimo para saber se há mesmo tudo aquilo sob o Capitólio. Aliás, o cenário escolhido pelo autor não poderia ser mais propício: como o Renan disse, ao escrever sobre mistérios dentro dos EUA, o autor consegue criar uma aproximação bem maior entre os leitores dos Estados Unidos e o seu livro - isso inquestionavelmente deve ter feito o lucro aumentar bastante.

Falando em aumentar... decerto o autor deve ser bastante querido, uma vez que a curiosidade faz com que as pessoas queiram conhecer um pouco daquilo que elas desconheciam até o lançamento dos livros. Assim, os governos europeu e americano devem ter agradecido muito a Dan Brown, que estimula a visitação de pontos turísticos, que serão analisados sob outra perspectiva dessa vez. Voltando a falar sobre o livro e a sua estrutura pobre. Por que será que Langdon sempre consegue uma companhia feminina interessante e superinteligente, sempre disposta a se arriscar o tanto quanto for preciso a fim de ajudá-lo? Por que será que ele consegue passar por missões dificílimas e sobre-humanas sem sofrer quaisquer traumas? Por que será que, com exceção dos personagens que são claramente mocinhos ou vilões, os personagens coadjuvantes inicialmente parecem ser o oposto daquilo que realmente são? Por que será que os direitos para a adaptação desse livro já foram vendidos enquanto os direitos de Fortaleza Digital e Ponto de Impacto, que são bem mais legais, não despertam o interesse dos estúdios cinematográficos?

Dan Brown é o tipo de autor que sabe como trazer o assunto certo com a densidade correta, mas que não sabe como explorá-lo dentro de sua própria narrativa. O suspense fica a cargo do que vamos descobrir adiante; nada tem a ver com as descrições e opções do autor quanto à inovação, de modo que O Símbolo Perdido se torne igual a O Código Da Vinci e a Anjos e Demônios, que recentemente foi adaptado para o cinema. O grande problema de O Símbolo Perdido se encontra na conclusão, já que o objeto revelado no final não traz qualquer surpresa ou emoção, pois, de tão comum, não conseque deixar os leitores afoitos por causa do que acabaram de ler. Infelizmente, é o tipo de obra que perde a força por causa de pouca cena, tal como um filme que se desvaloriza por causa de uma única cena. É difícil mesmo recomendá-lo, porque você sabe que o leitor acabará frustrado no final, uma vez que a dita Palavra Perdida não é nada absurdamente inacessível. Assim, eu digo que se você curte Dan Brown, leia. Se você não curte, abstenha-se de lê-lo - não vai se frustrar, pelo menos.

Luís

4 opiniões:

Thiago Paulo disse...

Nossa, hoje mesmo estava pensando em comprar este livro. Gosto das histórias, mas ele sempre usa a mesma forma... Só muda os personagens (Tirando Robert é claro...rs) Mas não posso negar que os livros prendem a atenção mesmo. De todos, meu preferido é Fortaleza Digital e até hoje não consegui terminar Ponto de Impacto.

Abraço

Luciana Gomes disse...

Excelente resenha, rapazes.
O problema de ela ser tão boa, é que agora fiquei com vontade de ler o dito livro - o que, antes, não estava acontecendo - mesmo acreditando que também ficarei frustrada no final!
Vai entender a curiosidade humana...
Mas tentando responder à algumas de suas questões, Luis, talvez Dan tenha um certo fetiche [ou acredite que os leitores tenham] por mulheres geniais, solícitas e, é claro, gostosas. Robert não sofre qualquer trauma porque, usando as palavras de Renan, ele é o professor-simbologista-chucknorris-imortal, ou seja, o cara [ainda que só pra Dan]. E os direitos desse filme já foram vendidos para a indústria cinematográfica, talvez, quem sabe, porque um tal de Tom Hanks seja o ator que dá vida a Langdom.. rs

Bruno Cunha disse...

Comprei este livro no dia de estreia em Portugal!
Já o comecei a ler e, embora o ache inferior a Código DaVinci, oferece um bom trama/thriller sempre com uma boa história a acompanhar.
O senão deste livro é que o escritor, Dan Brown, escreveu-o já com a ideia de ser adaptado para o Cinema o que, por vezes, notamos com facilidade e transcende partes com subjectividade e não com a minuciosidade que tinham os anteriores...

Abraço
http://nekascw.blogspot.com/

Unknown disse...

"esperava algo bombástico que fizesse o leitor dizer: "O cara é foda!", mas isso não ocorre. Na verdade, voltei alguns parágrafos para ter certeza que não havia perdido nada, mas infelizmente não. "

Querido Renan

Voce nao achar que o bombastico fugiria da probabilidade de relidade de toda fundamentalização religiosa, social e moral do livro?
Não discordo de voce, quando diz que volta as paginas... quase o fiz. Mas antes de faze-lo ele diz - A VERDADE ESTA TÃO PERTO PROXIMA E POR MUITAS VEZES A NOSSA FRENTE E NAO CONSEGUIMOS ENXERGAR.

acho que era isso... rs Não precisava reler só aceitar.
Enfim gostei do seu post.

- O livro realmente foi pra mim, facinante