Australia. EUA/Austrália, 2008, 167 minutos. Drama.
Indicado ao Academy Awards de Melhor Figurino.
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Austrália é decididamente um filme estranho, pois tem diversos pontos positivos, mas na junção de tudo o resultado foi um filme longo que não entretém e nos deixa com a sensação de tempo gasto a toa.
Hugh Jackman com certeza está entre os atores mais carismáticos da atualidade. Depois de sua apresentação no Oscar tive vontade de ver mais filmes com ele. Voltando ao filme, talvez seja ele que mais trabalhe no filme. Drover, seu personagem, é grosseiro e rude, mas por trás dessa máscara, há um homem bom e justo que realmente é capaz de amar Lady Ashley. Concordo com o Luís quando ele disse que o Hugh Jackman merecia uma indicação. O que posso falar de Nicole Kidman ? Ela é a atriz que deu vida a filmes maravilhosos como Moulin Rouge, Os Outros e As Horas. É difícil de acreditar no papel dela em Austrália. Lady Ashley é uma mulher forte e destemida que faz de tudo para dar continuidade a fazenda de seu ex-marido. O grande problema é como isso é mostrado, pois em várias horas temos a impressão que quem dirigiu a cena foi um diretor da Zorra Total e Casseta e Planeta de tão boba e caricata que elas ficam. Assistam a cena do canguru e vejam por si só. Outro problema é a criança aborígine. Não propriamente ela, mas o tom misterioso e sobrenatural que a ronda. Não tenho nenhum problema com filmes que não retratem a realidade, do contrário, adoro ficção e etc, mas misturar um drama épico com supertições não fui uma boa sacada.
Tá, o filme tem algumas coisas boas claro, principalmente quando se nota os cenários. A idéia de uma terra nova é bem passada com enormes extensões de terra vazia com desfiladeiros enormes juntamente com uma fotografia mais tom de terra. O figurino também é belíssimo principalmente o vestuário de Lady Ashley. Por fim, não recomendaria Austrália pelo lado negativo se sobressair ao positivo, pois com as suas quase 3 horas de filme, o tempo parece não passar e sentimos que assistimos umas 5 horas.
Renan
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Ansiei por ver esse filme. Tão logo que estreou, esperei pelo final de semana para ir conferi-lo; para o meu desagrado, antes que pudesse ir, o cinema de onde moro retirou o filme de cartaz e eu tive que esperá-lo entrar para o catálogo das locadoras. Mesmo assim, demorei para vê-lo e somente recentemente pude formar minha opinião a respeito. E minha avaliação final resultou numa nota bastante mediana, isto é, o filme definitivamente não se adequou às minhas expectativas.
Lady Sarah Ashley foi à Austrália depois que seu marido morreu supostamente assassinato por um nativo. Em meio à Segunda Guerra Mundial, ela se vê em dificuldades quando descobre que o contador de seu marido e o capataz da propriedade estão extraviando os bois da família, levando-os para territórios vizinhos, onde os vendem e ficam com o dinheiro. Depois de despedi-lo, ela se desentende com o vaqueiro Drover, já que ele desaprova totalmente a atitude dela de dispensar o outro criado, pois, sem ele, não há como fazer a venda dos animais. Lady Sarah Ashley, incentivada pelo contador que se redimiu, propõe a Drover que ele mesmo leve os animais até Darvin, para vendê-los e acabar com o monopólio de um magnata dos bois. Ao mesmo tempo, ela se vê totalmente envolvida pela cultura da região devido à aproximação com Mullah, uma
encantadora criança aborígene.
O filme tinha tudo para ser uma ótima produção: um diretor capaz, atores bons, paisagem interessante e a possibilidade de transformar o roteiro em algo bem grandioso. Isso, porém, não aconteceu e o que senti após vê-lo foi profundo desapontamento. Antes de começar a explicar os porquês de achar o filme ruim, gostaria de dizer o porquê da minha decepção máxima: em 2001, a junção Luhrmann-Kidman rendeu um filme excelente, que conquista a (quase) todos e que se mostra espetacular não somente na reinvenção do gênero musical, mas também como obra cinematográfica! Eu havia logicamente de esperar que a mesma junção, pelo menos, rendesse um filme bom, que me entretivesse e me fizesse enumerar qualidades - e não
defeitos. Pois bem, uma vez explicado o fato, vamos à análise do filme.
O roteiro é bastante complicado e talvez o maior dos problemas do filme, então prefiro começar por ele. A história provavelmente funcionaria eficientemente se fosse tratada dentro do gênero épico, que inclusive combinaria com a longa duração da obra. Tudo se desenvolveria bem se o enfoque fosse na situação dos personagens e não nos personagens em si: dada a opção do diretor, o romance se torna um elemento forte e problemático, já que é tendencioso e retoma todos os clichês que pensaríamos que foram abandonados por diretores bons como Luhrmann. O fato é a junção de vários gêneros numa única produção fez com que ela ficasse atordoada e desconexa, havendo muitos momentos incoerentes e contrastantes entre si. Vou discorrer sobre eles agora e, aproveitando, comentarei a respeito da direção.
O primeiro tom que vemos no filme é o cômico. Os primeiros 20 minutos nos apresentam cenas totalmente incabíveis para o tema do filme: vemos uma introdução incorreta do personagem Drover; vemos uma luta que poderia ter sido descartada; é mostrado um humor pra lá de dispensável e - como se tudo isso não fosse o bastante - ainda somos apresentados àquela que considero uma das cenas mais humilhantes de toda a década e pela qual senti muita vergonha alheia (pobrezinha da Nicole Kidman!). Pouco depois, o ar cômico é ignorado e nós começamos a perceber os elementos mais sérios; o roteiro finalmente faz com que Lady Ashley pare de ser infantil e torna-a mais adulta, com menos manias. Esse é o momento pelo qual eu ansiava: a correção. Por um momento, pensei que o enfoque fosse se manter naquilo que é realista e que está diretamente ligado à história principal, que é sobrevivência e a volta por cima no continente desconhecido. Porém, as coisas desandam mais uma vez e o que vimos é o acréscimo do misticimo, que definitivamente é outra opção errada. Me senti totalmente angustiado com aquela criança aborígine ridícula cantando para tentar impedir que o pior acontecesse (quem assistiu ao filme, certamente sabe a que cena me refiro). A esse trecho do filme, dou o nome de
road-movie rural, pois inclui trechos bons que mostram a viagem dos personagens que se dá por métodos obviamente rurais e digo que esse foi o pedaço que mais me agradou. O auge do filme se encerra antes que cheguemos à sua metade - justamente quando, contraditoriamente, o entretenimento começa a ser maior - e o que nos resta é assistir a um brusco descontrole por parte do diretor, que perdeu o rumo. Vimos acrescidos os gêneros romance e drama, além de ser mantido o tom místico - e deveras impróprio - que incomodou cenas antes. O roteiro não se contentou em deixar a produção estranha; teve também que estragar os personagens. Lady Ashley é muito mal desenvolvida e o tempo todo nos questionamos quanto às suas atitudes e decisões; ela se mostra tão instável e fora de rumo como a direção do filme e o tom que a ele foi dado. A "encantadora criança aborígine" - como está escrito na sinopse da caixa do DVD - não tem nada de encantadora. É tão irritante com seus trejeitos e não sabe se gosta o suficiente da família que tem a ponto de ficar com elas ou se quer ir para a jornada do descobrimento pela qual tem que passar. Assim como Lady Ashley, a criança tem uma personalidade estranha e inconstante.
Um roteiro ruim faz com que o filme obrigatoriamente seja ruim? Definitivamente, não. Isso significa que Baz Luhrmann poderia ter escolhido melhor a maneira como conduziria o elenco e como os inseriria dentro do lastimável enredo. Porém, mais infeliz do que o roteiro é a direção dele! Poucas vezes vi uma atriz tão talentosa como Nicole Kidman sendo destruída pelas mãos capazes de um diretor. Na meia hora inicial ela está absolutamente monstruosa, com trejeitos desnecessários e exageros em cada gesto, em cada tom de voz. Já disse acima, mas vou reforçar: cabe à sua personagem uma das cenas mais constrangedoras da atualidade. Como a criança aborígine não atua - não sei se por incompetência ou pela má direção -, não escreverei a respeito dela. Meu maior elogio vai a Hugh Jackman, que, pelo primeira vez, me surpreendeu como ator. Antes, nutria por ele simpatia, pois ele é realmente carismático; foi neste filme, que eu facilmente compreenderia se algum ator se revelasse entre o mediano e o insatisfatório, que Jackman mostrou que consegue ir além do cotidiano Wolverine. Achei-o realmente muito à vontade e confiante ao interpretar Drover, o único personagem do qual realmente
pude gostar. Realmente não entendi o porquê de Hugh Jackman ser preterido em função de Robert Downey Jr. pelo péssimo Trovão Tropical. Incontestavelmente, o primeiro está bem melhor e se mostra muito mais capaz que o segundo. A Academia, infelizmente, segue alguns padrões estranhos para indicações e em sua edição mais recentes acrescentou nomes às listas do Coadjuvantes que definitivamente não deveria estar ali. Hugh Jackman, injustamente, perdeu a oportunidade de receber sua primeira indicação...
Se leram todos os aspectos negativos e chegaram aqui com a ideia de que o filme não seja totalmente bom, eu afirmo que há aspectos positivos também. Particularmente gostei bastante da fotografia do filme quanto às paisagens que nos são mostradas. A aridez do deserto australiano é bem mostrado e imprime a beleza que falta a algumas cenas. Infelizmente, algumas cenas foram concebidas erroneamente quanto ao ambiente e os efeitos computadorizados usados fazem com que perdamos um pouco o interesse pelo que é bom no filme. As mais de duas horas não se devem à narrativa lenta, mas sim à opção de contar várias histórias seguidamente: primeiro, a volta por cima de Lady Ashley; depois o relacionamento amoroso entre Drover e a patroa e, simultaneamente, a afeição surgida entre Mullah e Lady Ashley; em terceiro plano, surgem um plano de vingança e as consequências da guerra. O filme, portanto, não é longo pela sua excelência em relação ao tema épico central. Ele se estende tanto pela dificuldade que Lhurmann encontrou em resumir todos os eventos que queria mostrar.
Embora seja errôneo e cheio de clichês, há entretenimento em algumas partes; já em outras, sentimos aquela vontade imensa de apertar
fast-forward e encurtar um pouco o que estamos vendo.
Austrália é basicamente um filme irregular, cheio de altos e baixos e, definitivamente, as adversidades fazem com que queiramos mais não vê-lo do que vê-lo. Por fim, eis o momento em que digo se vale a pena vê-lo ou não. Como não posso dizer isso objetivamente, vão as minhas sugestões: se o trabalho dos atores agradam a vocês, recomendo que assista à Austrália pelo menos para vê-los; se não gostam de ninguém que esteja presente na produção, não veja, pois não é uma obra indispensável.
Luís