12 de nov. de 2010

Jogos Mortais II

Saw II. EUA, 2005, 93 minutos. Terror.
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Em 2004, surgiu o filme Jogos Mortais. Criado a partir da ideia de um dos roteiristas, Leigh Wannell, que também atuou no primeiro filme como o personagem Adam e que viria a escrever mais duas continuações para a série, o filme tornou-se um grande sucesso. Como arrecadou bastante nas bilheterias, fica óbvio que um novo filme surgiria e cá está ele: a primeira continuação da série.

A identidade de Jigsaw não é mais um mistério: ele é John Kramer, paciente com câncer terminal do dr. Gordon, que participou do jogo no primeiro filme e decepou seu pé para buscar ajuda. Agora, com mais especialistas no caso, os policiais precisam encontrar o esconderijo e possíveis novas vítimas do homem. Para a surpresa do Detetive Mathews, o seu filho foi capturado e está junto com outras pessoas, todas aparentemente sem nenhuma ligação, numa casa qualquer, que ninguém sabe com precisão onde é. Em frente a John, o Detetive deve fazer parte de um jogo para que reveja seu filho vivo: ele tem que conversar com John por duas horas, tempo que uma toxina liberada na casa matará todos que de lá não saírem.

A proposta do filme é interessante. No primeiro, havia apenas duas pessoas num mesmo ambiente; agora, há mais pessoas num ambiente maior, mas isso não faz com que seja menos claustrofóbico do que a primeira situação. E como se não bastasse, há ainda maior dramaticidade porque o personagem interpretado por Donnie Wahlberg tem que ficar conversando com o sujeito, esperando que o outro lhe diga qualquer coisa a respeito do filho. A somar, há a pressão psicológica que a detetive Kerry faz, já que ela tem estudado o perfil de Jigsaw e precisa que Mathews realmente converse com ele, a fim de arrancar tantas informações quanto possível. A casa onde estão aprisionados os jogadores é bem grande, com vários cômodos, bem lacrada - e o pior: uma armadilha para cada personagem. Vale ressaltar que o roteiro foi bastante generoso nas armadilhas, porque elas são realmente complexas e perigosas, nos apresentando no mesmo filme duas cenas bastante cruéis. Primeiro, um personagem é torrado numa máquina de cremação e depois, Amanda, a única sobrevivente do primeiro filme, é arremessada por outro personagem em uma piscina de agulhas. Duas cenas que incomodam bastante o espectador...

Duas coisas que eu definitivamente não gosto. A primeira é a absoluta má explicação dada àquela casa. Como alguém consegue simplesmente criar um sistema de segurança máxima numa casa abandonada? Isso é bastante estranho. Alguns alegam que Jigsaw é super inteligente, mas daí eu devo advertir que, embora ele faça armadilhas realmente impressionantes, ele não pode criar com a mesma facilidade uma casa lacrada como aquela, porque uma casa fica exposta, é muito grande. Soou para mim como se o roteirista tivesse achado a ideia boa e a colocado na história, sem se preocupar em explicá-la porque, talvez, pensasse que nenhum espectador fosse querer saber o porquê daquilo. O outro fator problemático é a caracterização deveras soberba que Tobin Bell deu a Jigsaw. O personagem, que deveria apenas fazer com que a pessoa ficasse frente à morte e soubesse como lidar com ela, tornou-se um sujeito chato, com comportamento de vilão sabe-tudo. Esses dias mesmo, estava conversando com o Jean - que inclusive já participou do blog resenhando o filme A Passagem - e surgiu o assunto a respeito do quão vilão Jigsaw é. E, para mim, não rola essa história de "ele só queria mostrar o quanto a vida é importante". Para mim, ele é vilão e dos mais sórdidos - não tem humor, não tem propósito, não é carismático. Logo eu esperava que ele apanhasse ou que fosse submetido a uma de suas próprias armadilhas... Pelo menos uma parte disse eu consegui.

[SPOILER]Tal como no primeiro, que há um final-surpresa, na primeira continuação da série o mesmo acontece. É com certo espanto que percebemos que o ambiente onde tudo está acontecendo é praticamente o mesmo do primeiro filme. A exceção fica por conta de que no primeiro filme o cenário era limitado a um cômodo. Eu entendi isso como uma tentativa de explicar como a casa havia sido totalmente lacrada: Jigsaw já a havia usado, assim tivera tempo para prepará-la para o seu próximo jogo. E, para surpresa maior, Jigsaw não está mais sozinho: agora ele tem uma companheira e cúmplice, que o ajuda com as suas armadilhas, já que ele está praticamente inválido. [FIM DO SPOILER]

Acredito que Jogos Mortais II seja superior ao filme que o originou - é bem mais interessante, as atuações são um pouco melhores e o entretenimento é bem maior do que o do primeiro filme. Vale ressaltar que alguns defeitos ainda continuam, como a insistente tentativa de tornar John um sujeito simpático, como se ele fosse vítima da situação que cria. Repetindo: para mim, ele é vilão. E por ser chato, mereceu o que aconteceu no final do terceiro filme.

Luís
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2 opiniões:

Hugo disse...

É uma série de filmes que mesmo com seus defeitos, diverte quem gosta do gênero.

Eu ainda considero o primeiro filme melhor de todos, pela originalidade da história e o roteiro inteligente, além do suspense e a agonia a que passam os dois personagens presos.

Abraço

Jean Douglas disse...

Olá Luís! Fazia tempo que não aparecia por aqui, mas nunca me esqueci de seu blog e hoje resolvendo dar uma bisbilhotada, vi meu nome mencionado na resenha e logo me lembrei da conversa que tivemos a respeito deste vilão, que pra mim continua e sempre continuará sendo MAGNÍFICO!

John Kramer é o tipo de vilão que - pelo menos ao meu ver - é marcante. Não só por seus belos diálogos, mas como por sua personalidade única. Muitos dizem que violência gera violência, faz sentido! Mas não vejo a violência como o centro das intenções de John e sim a compreensão (mesmo que através da dor) de que a vida deve ser vista com outros olhos. Esta é a essência! E devemos ser sinceros e perceber que às vezes sem um pouco de dor aplicada, nós seres humanos, não nos sujeitaríamos a compreender certas mensagens e aprendizados. Somos teimosos, egoístas, egocêntricos. Não todos, claro! Mas as vítimas de John sim. E foi sabendo disso que ele teve a ideia dos JOGOS MORTAIS, que só se tornaram MORTAIS devido às limitações de uma maioria, que mesmo tendo limitações, tiveram uma chance. Exceto pelas armadilhas criadas pelos seus aprendizes.

Bom... Jogos Mortais é um filme com uma temática profunda, se formos deixar de lado todo sangue derramado, que aliás, é o que atrai um público que gosta de ver o superficial. Este 2º filme foi fantástico, apesar de que não chega aos pés do brilhantismo do original.

Acho que falei demais... kkkk... um forte abraço e continuarei por aqui, dando minhas humildes opiniões.