18 de fev. de 2010

As Pontes de Madison

The Bridges from Madison County. EUA, 1995, 138 minutos. Romance / Drama.

Indicado ao Academy Award na categoria Melhor Atriz (Meryl Streep).
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As pessoas que me conhecem sabem que romance é o gênero de filme que dificilmente recomendo às pessoas, pois acho extremamente complicado recomendar boas obras inclusas nessa categoria. Normalmente, elas são muito exageradas, idealizando o amor, tornando qualquer afeto em uma paixão épica e, na maioria das vezes, conseguem ser extremamente apelativas ao sugerir a veloz transformação dos sentimentos, que mudam como da água para o vinho. Considerando o fato, posso contar nos dedos de uma única mão os filmes românticos a que assisti e dos quais gostei. Ao enumerá-los, As Pontes de Madison seria o primeiro filme que me viria à memória, tamanha a sua grandeza dentro da simplicidade que nos é mostrada.

O filme começa com a morte de Francesca Johnson. Seus filhos, já adultos, recebem do advogado os pertences da mãe e as últimas intruções de Francesca, que desejava ser cremada e ter suas cinzas jogadas na Ponte Roseman. Os filhos então encontram os diários que a mãe escreveu a eles a fim de explicar os porquês de suas decisões e aproveitar para fazê-los saber a respeito de um romance que teve com um fotógrafo durante quatro dias enquanto os filhos e o marido estavam viajando.

Lendo a sinopse que fiz, provavelmente a primeira coisa que passará pela cabeça de vocês é que tudo é muito simples. Se pensaram isso, sou obrigado a confirmar o pensamento, pois tudo o que é vemos é de uma sutileza incrível e exatamente por isso nos envolve com tamanha capacidade. Os nomes de Meryl Streep e Clint Eastwood já nos chamam a atenção e foi principalmente por isso que resolvi assistir a esse filme, do qual gostei totalmente. Em dose dupla, Clint dirige e atua, mostrando que tanto em frente às câmeras como atrás delas, ele é muito bom. Já há algum tempo sou fã dele. Seus longos anos no cinema permitiram-no compor obras maduras, sérias e sempre charmosas - mesmo que nelas haja drama suficiente para nos fazer chorar. A direção firme de Eastwood e a presença forte de Meryl Streep fazem com que esse filme seja totalmente apaixonante. Ambos estão tão entrosados, numa sincronia tão perfeita que se torna difícil acreditar que eles realmente não sentissem tudo aquilo que vemos ao longo da projeção. Dou bastante crédito à maturidade dos atores; certamente ela foi grande responsável pelo tom certo que ambos deram aos seus personagens. Não sei deixam perder com olhares equivocados nem com trejeitos exagerados e extremamente sentimentalistas. Quando Meryl Streep ri nas cenas, não pude me conter e ri junto: seu riso é tão sincero, tão convidativo e atraente que não nos resta nenhuma opção senão rir também. As palavras de Robert Kincaid, personagem de Eastwood, não soam pedantes, mas são tão despretensiosas, mesmo quando elogia Francesca, que o espectador consegue compreender caso, a qualquer momento, ela desista de toda a sua vida para ir com ele. Aos 46 anos, Meryl tem uma beleza encantadora e vê-la morena foi igualmente encatador; nem se parece que 15 anos se passaram desde que atuou nessa obra. E Eastwood está como está hoje - como se o tempo não tivesse envelhecido.

Eu dividiria o filme em duas partes. No primeiro ato, temos o romance; no segundo, o drama. Primeiro temos a oportunidade de interagir com os personagens. O verbo mais adequado é "interagir" mesmo: o tempo todo estamos junto com eles, ouvindo-os conversando e rindo, participando das indagações; como voyeurs, estamos no canto escuro do cenário, prestes a entrar no assunto. Como disse, a direção correta de Clint Eastwood é extremamente marcante nesse filme, que consegue nos trazer para dentro dele, envolvendo-nos do começo ao fim. Francesca e Robert se entrosam de tal maneira que podemos depreender inúmeros sentimentos ali, desde profunda amizade - eles conversam como se fossem amigos há anos! - até alívio. Fica bastante claro que Francesca não tem a oportunidade de conversar e quando finalmente o faz, despe-se completamente. Suas palavras, embora curtas e tímidas, a deixam nua diante de Robert, que começa a conhecê-la profundamente. Como ela bem diz, aquele não era exatamente a vida dos sonhos dela. Findo o primeiro ato, entramos na segunda parte e o destaque cabe ao personagem Robert Kincaid; desta vez, é a nossa vez de conhecer o romantismo de um homem que terminou um relacionamento que não dava certo por causa da ausência e que viajava o mundo, sem grandes apegos - até conhecer Francesca. Aqui o enfoque é o drama da escolha: partir rumo a uma aventura pela qual esperava ou permanecer junto à família, abrindo mão dos sonhos? É esse o dilema da personagem. Robert a conduz de maneira excelente, torna-a mulher, reacende aquela chama nela e lhe propõe a consumação dos sonhos. Apenas quatro dias são necessários para que ele saiba o quanto será feliz junto com ela e deseje estar com ela.

Como disse antes, a simplicidade é o que faz desse filme uma pequena pérola. Como dificilmente se vê hoje em dia, o filme prima pelos diálogos. Não vemos muita ação nem grandes atos de amor; ouvimos as palavras, apenas. Apaixonamo-nos por isso, dedicamos duas agradáveis horas a acompanhar o relacionamento dos dois. Felizmente, não vão de um extremo ao outro - do ódio ao amor - quanto ao que sentem um pelo outro. Eles já se simpatizam desde o princípio e fica claro que há um clima sutil, nem um pouco incorreto. E ainda há um final poético, muito bonito, que é capaz de amolecer até os corações mais duros. Numa determinada cena, o espectador pede para que Francesca siga seu impulso e saia à chuva e grite tão alto quanto puder que o ama. Quem já viu o filme sabe a qual cena me refiro - aqueles que ainda não o viram, quando o virem, saberão!

Não posso deixar de dizer que vocês devem vê-lo. Apreciá-lo é o termo mais adequado. Dentre os romances, este é o número 1 da minha lista e certamente ocupa um lugar especial na minha lista de dez melhores filmes, pois realmente, como eu disse, é uma pequena pérola que merece nosso carinho. Se o virem nas pratelerias da locadora, não deixem de pegá-lo, pois realmente vale a pena assistir a esse filme.

Luís
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7 opiniões:

Fotograma Digital disse...

Luis, é das melhores atuações da vida de Meryl Streep. Tremendo trabalho dela aqui.

Luciana Gomes disse...

Esse filme é realmente excelente!
Tanto que consigo me lembrar de detalhes do dia em que o assisti pela 1ª vez, e de como minha mãe chorou [ela não se emociona muito com filmes].
É incrível como boas histórias nesse gênero estão cada vez mais difíceis de serem encontradas. E como bons atores e diretores conseguem transformar histórias, aparentemente simples, em obras inesquecíveis!

Roberto Simões disse...

Por acaso ainda não o vi, e tantas vezes que me senti tentado a comprar o DVD. A ver se passa na TV e voltarei cá para comentar!

Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema

Marcelo A. disse...

Nossa, esse também é um dos meus dez mais, com certeza!

Sou fâ mesmo do Clint e da Meryl então, nem se fala. E As Pontes de Madison, sem dúvida, é um momento ímpar na carreira deles. Já tive a oportunidade de ver a peça com o Marcos Caruso e repito: o papel é do Clint, não tem jeito! Sei que no teatro, ele também o interpretou - na Europa, se não me engano, ficou a cargo do Delon -, mas a versão definitiva pra mim é a cinematográfica. É um filme simples, mas ao mesmo tempo, de uma grandeza, que não há como não se envolver na história dos dois...

E eu gosto de romances, só pra constar.

Abração!

Madalena disse...

que samba de crioula doida esse blog...
bem infantil...
e eu odeio esse filme...a meryl é feia e so é boa atriz e deveriam ter colocado outra atriz mais linda pq ninguem merece ela viu!!!!!

Thiago Paulo disse...

Nossa, esse filme é lindo demais... Também faz parte da minha lista de melhores. A cena que você citou, do carro é uma das mas marcantes que já vi.

Abraço..

Jean Douglas disse...

"Se o virem nas pratelerias da locadora, não deixem de pegá-lo, pois realmente vale a pena assistir a esse filme."

Acredita que peguei este filme na locadora, só que resolvi deixar para assistí-lo em outra ocasião? Mesmo sabendo da altissíma competência de Meryl e Clint. Após ler sua resenha, vou correndo locá-lo. Tenho certeza que não vou me arrepender!