26 de fev. de 2010

O Cheiro do Ralo

Brasil, 2006, 112 minutos. Comédia.
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Muitos falavam desse filme e eu ainda não tinha assistido a ele. O tempo passava, a curiosidade aumentava e um belo dia o emprestaram para mim. Comecei a vê-lo receoso, esperando algo de mau gosto, porque sempre tenho extpactativas de que o filme nacional vá me irritar mais do que me entreter. Do começo ao fim, gostei de O Cheiro do Ralo - o que me obrigou a admitir que minha opinião prévia era totalmente preconceituosa.

Lourenço é um homem bastante frio que trabalha comprando objetos de pessoas necessitadas. Na loja, o cheiro do ralo do banheiro começa a perturbá-lo, tornando-o ainda mais esquisito. Criando uma fixação pela bunda da moça da lanchonete em que come, Lourenço começa a criar métodos para poder tocá-la, se aproximar mais efetivamente; paralelamente, seus problemas com o mau cheiro aumentam, pois teme que pensem que o cheiro vem dele.

Logo no começo, já gostei do filme. O tom indiferente e cruel usado por Lourenço fez com que eu simpatizasse com o personagem. Tratar as pessoas com pouco caso, como se seus sentimentos não fossem válidos, é simplesmente uma das atitudes mais cretinas que eu conheço; no cinema, quando bem retratados, os personagens com essas características tornam-se extremamente cômicos e, dada a qualidade da atuação de Selton Mello, é exatamente isso que acontece. Considerando que o filme é uma comédia e que consegue realmente ser engraçado, logo podemos admitir que seu objetivo principal foi cumprido. O espectador se satisfaz com as cenas que vê, pois não há excesso de vulgaridade, nem momentos que possam parecer desnecessários.

A obsessão do personagem pelo ralo é curiosa: ele precisa do cheiro do ralo, pois num determinado momento conclui que é o cheiro que o motiva a ser racional, no entanto, tenta de tudo para esconder o cheiro, uma vez que não quer que niniguém pense que o cheiro vem dele. Já vi Selton Mello de várias maneiras: abobalhado (como Chicó), malandro (como Caramuru), romântico (em Lisbela e o Prisioneiro); nunca o vi, porém, tão frio e desagradável como nesse filme. Na minha opinião, um dos melhores e mais carismáticos atores brasileiros, muito superior a alguns nomes bastantes conhecidos do público - os quais não vou citar para não gerar uma onda de discordâncias. Sua interpretação em O Cheiro do Ralo é realmente interessante e dou a ele credibilidade por eu ter gostado tanto do filme. Suas variações de humor e seu tom de voz - muito condizentes com sua personalidade - provocam risos o tempo todo. Gosto principalmente da cena em que Lourenço desabafa com sua empregada e, já no final da conversa, ela o corrige, falando que seu nome não é como ela a chama. Muito engraçada a cena...

De um modo geral, a única coisa que não senti foi a presença do diretor. Parece que não há nada muito próprio e Heitor Dhalia deve ter sido orientado por Selton Mello, numa clara inversão de papéis. Não gostei muito da escolha de Paula Braun como a Garçonete, porque ela não tem muito talento e suas falas cheias de dengo me irritaram um pouco. Se Dhalia tivesse um punho mais firme, certamente não haveria aquela lenga-lenga boba que permaneve em torno da atriz. Embora haja esses pequenos problemas, o filme é muito válido e eu gostei bastante dele; recomendo, portanto, que vocês o vejam, pois ele realmente entretém, além de ser um dos filmes brasileiros que não se tornam apelativos ao longo de sua exibição.

Luís
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O Cheiro do Ralo é um filme incomum, isso não significa que o longa seja ruim, mas também está bem longe de ser uma obra prima. Sinceramente, eu não saberia descrever o roteiro do filme; por vezes tive a impressão de que não havia um roteiro concreto e para compensar colocaram o Selton Mello para ficar falando com um olho, mas por incrível que pareça, é esse tom que deixa o filme descontraído e o torna agradável.


O filme as vezes passa a impressão de uma obra quase teatral, que pode ser percebida na simplicidade do cenário, principalmente quando se mostra a casa onde Lourenço mora, na qual se sobressai uma mesa com as cadeiras. Esse tom cru realça ainda mais outros aspectos do filme como a atuação. Não se pode negar que Selton Mello faz um ótimo papel, parecendo as vezes psicótico falando do olho ou até mesmo arranjando desculpas para o cheiro que emana do seu banheiro, cheiro esse que vem do ralo. Outros personagens também se destacam, principalmente a bunda da garçonete, que juntamente com Lourenço forma um casal pouco convencional. Falando da garçonete, é bem legal ver como o roteiro fez parecer a paixão do Lourenço pela bunda em quase um sentimento, ou seja, não há machismo ou algo que se possa assemelhar a isso. Além dela, há uma personagem que ficou marcada que é a da viciada que tenta vender qualquer bugiganga para poder arrumar dinheiro e consequentemente comprar drogas; o barraco que ela dá impressionante.

A pouca duração do filme também é um ponto positivo, pois desse modo, o filme se foca no pouco que tem e consegue fazer algo sem muita enrolação o que poderia prejudica-lo ainda mais. Há também o ponto de vista que é bom porque é curto, uma vez que o telespectador sofreria mais vendo muito mais tempo de um filme que tem pouco pra mostrar.

No geral, balanceando os prós e os contras, O Cheiro do Ralo se torna recomendável por entreter quem assiste e se tornar uma boa pedida para quem quer conferir um filme nacional bom.

Renan

4 opiniões:

Levi Ventura disse...

Essa foi pra me deixar com inveja, nunca tive vontade de assistir um filme nacional como eu tenho de assistir a "O Cheiro do Ralo"

Hugo disse...

O longa é no mínimo diferente e a boa atuação de Selton Mello ontrasta com o personagem desagrável que ele interpreta.
O cheiro do ralo que o personagem tanto se preocupa, nada mais é que o "cheiro" de sua personalidade.

Abraço

O Cara da Locadora disse...

Fecho mais com o Luís do que com o Renan nessa peleja, rs... Apesar de ser uma comédia, em sua grande parte, existem momentos bastantes tensos...

PS: Acho que agora voltei de vez..

Anônimo disse...

"O Cheiro do Ralo"...é uma grande obra...Adorei ler esse livro...Lourenço Mutarelli escreve muito bem...o filme ficou rico...com as brilhantes atuações do Selton e do próprio escritor que está ótimo de segurança...e irreconhecível...
Parabéns pelo blog...
vou seguir...
beijos
Leca