25 de ago. de 2010

Terra Rasa

Confira também: O Inverso do Cinema - Terra Rasa.
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Shallow Ground. EUA, 2004, 95 minutos. Terror.
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Mais um da série "Por que diabos eu resolvi assistir a esse filme?". Estava aqui em casa e resolvi vê-lo, pois tinha visto uns pedaços uma vez e, como não gosto de ver parcialmente os filmes, quero vê-lo todo. Logo nas cenas iniciais, há um erro de continuação que me assustou, pois é realmente tenebroso e qualquer um constataria que aquela cena não deveria estar ali. Se começou assim, fiquei imaginando como terminaria.

Eu nem sequer sei resumir o filme. Sei que há uma tentativa de suspense que perdura pelo filme, insistindo em surgir mesmo quando o espectador já está mais do que decidido que o roteiro é um fiasco e nada é capaz de dar uma levantada no astral de Terra Rasa. Há também um assassino misterioso e mascarado cuja finalidade é criar o pânico na cidade - que curiosamente parece ter 15 habitantes (sendo que 5 estão mortos) - e instigar o espectador, que supostamente deveria ficar curioso e gastar bons momentos a pensar a respeito da forma como a trama se solucionará. Enfim, logo no começo nós já compreendemos que veremos muitas coisas e a explicação final será aquém daquilo que imaginávamos. E é exatamente isso que acontece, com especial destaque para a maneira absurdamente tosca com a qual o filme se conclui.

Como não há muito o que falar sobre o filme, segue abaixo uma série de spoilers, então recomendo que quem ainda não viu o filme pare de ler aqui. O roteiro é bem estranho, pois inclui sequências de mau gosto e completamente incoerentes. Quando constatam, por exemplo, que o garoto sujo de sangue é, na verdade, um pouco de cada uma das pessoas mortas desaparecidas na região, nós ficamos de queixo caído ao ver a maneira como chegaram àquela conclusão: vendo cerca de 10 fotos, o policial surtado identificou um pequeno detalhe do garoto em cada uma das fotos. Como se alguém simplesmente pensasse: "Nossa, como o lóbulo da orelha dele é semelhante ao dela!". Pouco a pouco, a história vai se descontruindo e eventos de um passado nem sequer mencionado surgem para que nós pensemos que foi justo o que aconteceu com um ou outro personagem. Nessa mesma cena - a que o policial morre - surge uma imensa incoerência. Ele morre devido ao fato de ter matado um bandido que não lhe passava o dinheiro (propina) e esse mesmo bandido reaparece na forma de "garoto-sujo-de-sangue". No entanto, o primeiro garoto do filme era um misto de várias pessoas "injustiçadas", então, por que o assassino do policial é exatamente o mesmo que ele matou? Seria mais racional, então, pensar que cada uma das pessoas que foram mortas pelo assassino encapuzado resolvessem acertar suas contas com ele.

A conlusão desse filme é simplesmente terrível, porque, quando descobrimos quem é o assassino, temos uma vontade imensa e descontrolada de rir sem parar. É totalmente incoerente! Nada justifica o fato de que aquela pessoa seja a assassina. Nada justifica a inclusão do motivo que levou aquela pessoa a matar - até porque aquilo não é um motivo. Esse filme, apesar de ser escroto, nos ensina algumas lições importantes, às quais vale dar destaque:

  1. Regras mais importante num filme de terror em que o assassino seja um humano (não um espírito): jamais seja incoerente ao relacionar o matador e o método de matar. Por exemplo, crianças de 10 anos e velhinhas de 65 anos podem matar envenenando a comida ou o suco de alguém; elas não matam, no entanto, esfaqueado com brutalidade, não usam serras elétricas e muito menos penduram pessoas que possivelmente pesam o dobro do seu peso em uma árvore! O motivo pelo qual ele mata deve ser claro e, sem sombras de dúvida, deve ser coerente!!
  2. Os personagens que aparecem têm que ter alguma finalidade além de morrer. Não podem simplesmente aparecer como justificativa para matá-los logo em seguida. E acrescentá-los na história para que pensemos que eles sejam o assassino também é ridículo!
  3. Fatos que não foram previamente citados não são argumentos para matar um personagem ou deixá-lo viver. Primeiro, temos que conhecer a personalidade do sujeito e acompanhar sua evolução ao longo da obra. Vale ressaltar que todos os personagens precisam de algum desenvolvimento, até mesmo o assassino.
Enfim, esses são alguns pontos a ser observados a fim de que o desenvolvimento e a conclusão não sejam patéticos como é o caso do que acontece em Terra Rasa. Esse é um daqueles filmes que devem ser evitados. Se vocês considerarem pegá-lo para assistir, desistam! Possivelmente é uma opção a ser acrescentado à categoria "piores filmes de terror já realizados" - essa categoria, aliás, possui um número bem grande de produções!

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