7 de nov. de 2010

Guerra ao Terror

The Hurt Locker. EUA, 2010, 130 minutos. Dirigido por Kathryn Bigelow.
Vencedor de 6 Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor (Kathryn Bigelow).
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Guerra ao Terror foi um dos filmes mais aclamados de 2010 e o seu feito criou toda uma expectativa em torno dele. Indicado a 9 Academy Awards, o filme conseguiu seis estatuetas na cerimônia ocorrida em março, mas o que realmente surpreende em relação às suas conquistas não são exatamente os números de indicações e de vitórias. A surpresa ficou por conta de o filme, de baixíssimo orçamento, vencer um poderoso concorrente, que era Avatar, de James Cameron, cujo orçamento é o maior do cinema (e cuja bilheteria também bateu recordes). Como se a disputa já não servisse para alavancar a curiosidade a respeito desses dois filmes, houve ainda o maior acontecimento da premiação: Kathryn se tornou a primeira mulher a vencer na categoria de direção. Ou seja, em 82 anos de Academy Awards, ele foi apenas a quarta mulher indicada e a única a vencer!

Somente esses acontecimentos já parecem tornar o filme mais interessante. Eu, pelo menos, fiquei curiosíssimo para saber o desempenho dos atores, roteiro, diretora - por outro lado, não me senti tanto incentivado porque filmes dessa temática não são os meus preferidos. Até acho que a sinopse do filme me remeteu a muitos outros filmes do mesmo gênero - um grupo de soldados está cumprindo os seus últimos dias como combatentes na guerra; cada momento parece durar muito, pois eles estão realmente próximos da morte. Poucas vezes, porém, eu vi roteiros que abordam guerras que se aproximam tão bem daquilo que o filme representa. O roteiro de Mark Boal, que ganhou o Oscar como Melhor Roteiro Original, realmente consegue transmitir toda a insegurança e os problemas que os personagens vivem e o espectador, tal como aqueles soldados, compreende facilmente a situação na qual eles estão. Mesmo que o roteiro atinja o seu objetivo - que é trazer o espectador para perto do filme - e seja mesmo elogiável, porque não se limite ao lugar-comum dos filmes com esse tema, ele realmente não consegue ser maior do que os seus concorrentes Bastardos Inglórios e O Mensageiro. Aproveitando que citei O Mensageiro, que foi comentado há dois posts, queria comentar que Guerra ao Terror tem um lado bem mais prático do que The Messenger quando se refere às cenas de guerra. Elas, afinal, estão presentes na maior parte do filme e são basicamente o que se torna mais impactante nessa obra de Bigelow. No entanto, assim como em O Mensageiro, Guerra ao Terror também tem uma vertente mais psicológica, que mostra o resultado da guerra nos personagens.

É evidente para todo mundo que filmes do gênero sempre tem uma boa repercussão no que diz respeito a efeitos sonoros e edição de imagens. Guerra ao Terror não se difere - tanto o som, quanto a fotografia e a edição auxilia muito na criação do impacto do filme. Ainda que a sua fotografia não seja tão forte como a de outros filmes, não deixo de elogiar o trabalho do responsável por ela. A direção de Kathryn Bigelow realmente é boa, não houve praticamente nada no filme que me fizesse crer na ineficiência da dela como diretora. Pelo contrário, achei-a realmente competente - até mesmo mais capaz do que James Cameron em relação ao seu computadorizado Avatar! Talvez seu maior acerto tenha sido captar muitos ângulos possíveis de uma mesma cena, criando assim a impressão de que o espectador podia ver 360º do que acontecia. A respeito das atuações, creio que todas sejam muito corretas, nenhum ator está aquém do outro - todos conseguiram encontrar uma sintonia muito boa e isso resultou num elenco com química notável. Não creio, porém, que alguém do elenco se destaque a ponto de receber uma indicação, logo penso que indicar Jeremy Reener foi apenas uma forma de a Academia sobrevalorizar o filme de Bigelow, que é decerto elogiável, mas não chega a ser essa preciosidade cinematográfica que fazem parecer ser.

Guerra ao Terror tem os seus méritos, mas, como eu disse, o seu tema não é um dos que mais me agradam. Ainda assim, reconheço nele qualidades e eu o recomendo a todos que gostem dessa temática. Com certeza, ele foi um filme sobrevalorizado nessa temporada de premiações, mas fico contente em ver que foi uma obra assim - e não Avatar - que conquistou esse status de queridinha dos críticos.

2 opiniões:

Hugo disse...

Sobre a premiação fica difícil avaliar, sempre haverá opiniões diversas.

O filme é muito bom, a sequências de suspense tem alta voltagem e prendem o espectador. Como você bem escreveu, o elenco é homogêneo, a questão de Jeremy Renner é por ele ser o principal, mas os coadjuvantes não ficam atrás.

Uma ótima diversão para quem gosta do gênero.

Até mais

Matheus Pannebecker disse...

Superestimado! E ainda tenho a opinião de que só recebeu toda esse repercussão porque é dirigido por uma mulher...