10 de dez. de 2010

Cálculo Mortal

Murder by Numbers. EUA, 2002, 120 minutos. Suspense.
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Uma vez, estava passeando pelas prateleiras da locadora e acabei pegando esse filme. Esses dias, decidi revê-lo. Um dos motivos principais por eu gostar desse filme é a presença de Sandra Bullock, que desta vez optou pro atuar num filme que fuja do gênero ao qual ela quase sempre está envolvida: comédias românticas e/ou romances. Não somente atuou como também dirigiu esse thriller, que fala sobre dois adolescentes de comportamentos bastante diferentes que decidem orquestrar um crime incapaz de ser solucionado. O crime começa a ser analisado por Cassie e Sam, ela já experiente e ele novato, e aos poucos eles descobrem que tudo parece realmente complicado demais...

A história não é assim tão nova. Muitos outros filmes já abordaram supostos "crimes perfeitos", mas apesar de não ser supercriativo, Cálculo Mortal é um filme interessante, capaz de render bons momentos de entretenimento. A escolha do elenco foi bem importante, afinal os astores Ryan Gosling e Michael Pitt já tem aparências antagônicas. No filme, estão em sincronia e concebem uma afinidade surpreendente entre os personagens, que cambiam entre a amizade e o romance. Ainda que não seja explícita, fica clara a relação homossexual entre eles, principalmente quando percebemos a maneira gentil e romântica com a qual Richard acaricia o rosto de Justin. Só faltou um beijo pra selar o compromisso dos garotos. Cassie certamente era a pedra no sapato deles. Já li alegações de que o filme peca por ela desconfiar deles sem motivo. Acredito que aquilo que faz com que ela rapidamente desconfie é a experiência que ela tem, não somente como investigadora, mas também como pessoa, uma vez que ela guarda aquele segredo bem mal desenvolvido ao longo do filme.

O que mais empolga no filme é o desenvolver da investigação. Os garotos são realmente espertos e devem ter visto bastante CSI antes de planejar aquele crime. A convicção de Cassie provém primeiramente do fato de o "perfil não se encaixar no perfil", como ela mesma diz. É só uma questão de tempo até ela relacionar os dois, o que acaba acontecendo. Praticamente dura metade do filme a investigação, depois o resto corresponde à tentativa de conectá-los efetivamente à cena do crime, que se mostra bastante complicado. O roteiro se desenvolve lento, intercalando o caso que os policiais tentam desvendar, o desenrolar da vida pessoal dos dois garotos e, a somar, o envolvimento romântico entre Cassie e Sam e ainda os problemas que ela enfrenta. Quanto à atuação, elas certamente são interessantes, com destaque para o complexo Justin, numa interpretação interessante de Micharl Pitt - que já parece estranho sem trejeitos de nenhum personagem. Ryan Gosling faz o típico sedutor - sua presença é notável, sua fala é macia, seu jeito conquista. Sandra Bullock em nada lembra as mocinhas românticas dos seus filmes anteriores. Mesmo que sorria às vezes e que faça algumas piadinhas, sua personagem é essencialmente fechada e distante, caracterizando uma interpretação mais sóbria e séria, mostrando que Bullock é carismática mesmo quando não está digirindo ônibus a 100km/h ou esperando que homens acordem ou ainda vivendo policiais em concursos de beleza. Ben Chaplin dá um bom suporte às cenas, mas é inegável que ele some quando está ao lado de Bulloock.

Cálculo Mortal definitivamente não é melhor filme de suspense que você vai ver, mas vê-lo garante bom entretenimento e uma boa dose de raciocínio, já que o espectador precisa compreender algumas coisas junto com os investigadores. Certamente é um filme válido para se ver numa noite de chuva ou numa noite em que você quer pensar, mas sem se desgastar com teorias complicadíssimas.

1 opiniões:

Cristiano Contreiras disse...

Parabéns pelo texto.

Esse é um filme subestimado, acho muito boa a produção e o elenco. Sandra Bullock envolve, atua muito bem e sai do terreno habitual de comedias e romances, como você pontuou.

Mas, a sutil relação homossexual do afinado talento masculino de Gosling e Pitt dá todo o charme pra esse bom filme!

abraço