20 de jan. de 2010

Na Mira do Chefe


In Bruges. Bélgica / Reino Unido, 2008, 107 minutos. Comédia.
Indicado ao Academy Award de Melhor Roteiro Original.
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Nem o gênero nem o enredo me fariam querer assistir a esse filme. Eu o conferi apenas por dois básicos motivos, sendo o segundo apenas um pequeno elemento incentivador: o filme foi indicado ao Oscar e tem a presença de Colin Farrell. Caso vocês estejam acompanhando, eu e o Renan estamos analisando um total de 18 filmes, que concorreram ao Oscar 2009 em seis categorias - e Na Mira do Chefe recebeu uma indicação, o que nos obrigou a vê-lo.

Os matadores de aluguel Ray e Ken acabam de realizar um “trabalho” em que tudo deu errado. Para esfriarem a cabeça, seu chefe Harry os envia para Bruges, na Bélgica. Enquanto aguardam o telefonema chamando-os de volta, eles se misturam aos milhares de turistas na cidade medieval e vivem experiências inusitadas. Entram em brigas, saem com prostitutas holandesas, conhecem um anão americano que está rodando um filme, e Ray chega até a se envolver com uma mulher. Mas quando o chefe finalmente liga, o que parecia uma viagem de férias se transforma numa corrida de vida ou morte. (fonte - cineplayers)

A primeira coisa que devo dizer é que o título nacional é enganoso. O enredo do filme se ocupa em mostrar o que acontece com os personagens na cidade de Bruges, Bélgica, e não a perseguição que o chefe dos dois promove. Assim, ao ver esse título o espectador pode se sentir tentado a locar - ou até mesmo trazer embora o filme - pensando que se trata de uma ação cômica e rapidamente se decepcionará se o vir com esse propósito. Para se ter noção, o chefe citado no título apenas entra em cena no terço final da obra, ou seja, uma hora e dez minutos depois que o filme começou. Como disse, o enredo enfoca as situações pelas quais passam Ken e Ray em Bruges. Não posso dizer que seja um filme chato, porque não é. Conta, aliás, com algumas boas cenas cômicas, de humor contido, mas ainda assim engraçadas. E a maioria delas se deve à indignação de Ray em relação ao lugar em que estão e aos seus comentários e atitudes depropositais, que o coloca em confusões o tempo todo. O filme não é cômico o tempo todo. Num determinado momento, o tom humorístico cede lugar a um sutil drama, que, no final, dá espaço a algumas poucas cenas de ação. Embora passe por três gêneros, há predomínio do humor sutil, caracterizando o filme como uma comédia.

Gosto de Colin Farrell, porque vejo no rosto dele certa simpatia. Mesmo que esteja com expressão sério, vejo nele muito carisma. Assim, acho que ele foi uma boa escolha para interpretar Ray, que, ao mesmo tempo, é simpático e divertido e tem picos de humor curiosos. Já Brendam Gleeson, conhecido por viver Alastor "Olho-Tonto" Moody na série Harry Potter, tem uma interpretação menos expressiva, mas isso talvez se deva ao desajuste da personalidade do personagem em relação ao tom do filme. De um modo geral, ambos estão bons, pois encontraram os trejeitos certos e conseguiram compor personagens legaizinhos. O problema, porém, está no terceiro integrante de peso do elenco: Ralph Fiennes. Já comentei várias vezes aqui que o sujeito simplesmente não tem expressão! E, suspresa!, aqui não é diferente. Desde o momento em que aparece em cena até o seu apoteótico fim, Harry Waters, personagem de Fiennes, é conduzido pelo ator no modo automático. A tríade está em desequilíbrio e eu facilmente poderia colocar os atores em ordem crescente de atuação: Fiennes, Gleeson e Farrell.

Na Mira do Chefe é um filme mediano, que garante certo entretenimento e conta com uma bela paisagem. Se Ray não gosta da paisagemd a cidade, eu posso afirmar que gosto e que, sem pensar duas vezes, gostaria de ter a oportunidade de apreciar Bruges. Talvez o auge do filme seja a fotografia e boas cenas que mostra a paisagem local. Não mudará suas vidas se vocês assistirem. Só para constar: acredito que tenha sido válida a indicação que o filme recebeu ao Oscar.

Luís
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Na mira do Chefe é vendido como uma comédia no estilo de Queime Depois de Ler, que parece ter o intuito de satirar, de forma inteligente, filmes de ação e espionagem. O filme tem um tom apático que permanece até boa parte deste. Nessa parte, tive vontade de dormir em diversas cenas pois o longa tem um tom meio parado que parece ser mal aproveitado. O que mais chama a atenção, positivamente, é a trilha sonora e o cenário, sendo que ambos continuam bons até o final. É aindanessa parte que somos apresentados a dois dos três personagens mais importantes do filme. Colin Farrel (do filme-sonífero O Novo Mundo) e Brendan Gleeson interpretam, Ray e Ken respectivamente, matadores de aluguel que são mandados para Bruges (daí o título original), uma cidadezinha medieval na Bélgica sendo que lá eles esperarão ordens do seu chefe. O manda-chuva só aparece faltando uns quarenta minutos para o final do filme, e este é Harry, interpretado pelo sem total expressão Ralph Fiennes (de Harry Potter e O Leitor). Dos coadjuvantes, pode-se citar como notáveis a belíssima Clémense Poésy (a Fleur de Harry Potter e o Cálice de Fogo) e o anão.

Pois bem, como ia dizendo, o filme parece não acabar nunca e tudo que foi contado em uma hora e meia poderia ser reduzido pela metade, no mínimo, mas o que me chamou a atenção, tornando-o recomendável, é a meia hora final de extremo bom gosto, fechando uma obra que não parecia ter nada para mostrar com chave de ouro e tornando-a merecedora da indicação de Melhor Roteiro Original no Oscar de 2009. Tudo ali funciona bem. As interpretações se encaixam fazendo o trio principal ficar em sintonia. A atuação de Colin Farrel passa de humor meia-boca para uma comédia dramática. Raplh Fiennes (pois é, até ele) está bem também, e talvez a melhor cena de comédia do filme seja dele que é quando ele quebra o telefone e chama a mulher de objeto inanimado. Brendan Gleeson continua linear durante o filme todo, não há queda, mas também não há ascenção de sua atuação, ou seja, ele fica um pouco acima da média do que considero uma atuação boa.

Para o que acham o filme será chato, ou até para quem não conseguiu seguir em frente, digp para darem uma chance, e Na Mira do Chefe se mostrará um fime bom e até sensível, muito mais que uma pesudo-comédia do que tentam vender.

Renan

5 opiniões:

Vinicius Colares disse...

Pois eu achei um dos melhores roteiros originais do ano!!!! gostei muito mesmo!

bruno knott disse...

Hummm...

Dessa vez não vou concordar com vocês. In Bruges foi pra mim uma experiência excelente. Ele está longe de ser uma comédia. É um thriller que tem algum humor, principalmente humor negro e politicamente incorrente, o que torna o filme extramemento divertido. Collin Farrel está fantástico aqui, sempre com diálogos precisos e bastante presença.

Entra facil no meu top 10 de melhores do ano passado.

Abraços.

Marcelo A. disse...

Rapazes;

Nem a indicação ao Oscar me entusiasmou a assistir esse filme. Não é lá muito o que gosto de ver e, ao contrário do Luís, o Farrell pra mim, nem fede nem cheira. Mas, seguindo o conselho do Renan, de repente eu dê uma chance a ele. Só não sei quando...

Rsrsrsrs!

Abração!

Ciro Hamen disse...

Eu achei esse filme um clássico. Roteiro excelente, atuações incríveis, direção perfeita. A escolha da cidade de Bruges também foi um acerto sensacional.

Ótimo!

Abraços!

Luís disse...

VINICIUS, eu também achei original. Não sei se é um dos melhores do ano, mas gostei bastante do roteiro.

BRUNO, eu acho que é uma comédia. Concordamos a respeito de Colin Farell, afinal também penso que ele esteja muito bem.

MARCELO, também sugiro que dê uma chance ao filme. Não acho que seja essencial, mas decerto é divertido, rende bons momentos. Colin Farell está simpaticíssimo, veja.

CIRO, discordamos a respeito da grandiosidade do filme. Para mim, é apenas mediano.

Luís