14 de jan. de 2010

O Doce Veneno do Escorpião


Brasil, 2005, 168 páginas - Editora Presença.
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Depois de tanta polêmica em relação à garota de programa Bruna Surfistinha, quando vi o livro não resisti e acabei comprando. Eu a havia visto em programas como o SuperPop (bahh!) e logo pensei que em algum momento ela escreveria um livro. Não me enganei, portanto. Confesso que pensei que ali não haveria literatura alguma e depois de lê-lo cheguei à conclusão de que não havia mesmo. Qualquer pessoa que tenha lido alguma revista algum dia seria capaz de escrever um livro como esse.


No entanto, nada disso significa que o livro seja chato. Pelo contrário, é bem divertido. Há, contudo, uma hipocrisia gigante nesse livro. A escritora cita orgias, masoquismos, relações homossexuais, beijos-gregos, felações, fantasias absurdas, mas evita de forma tosca palavras como “pinto”, “buceta” e “cu”, optando por formas escrotas como “p***”, “bu…” e “c…”. Achei isso muito estranho, embora não atrapalhe a leitura do livro mesmo sendo repetitivo e, às vezes, irritante.

O mais interessante do livro é saber que (isto é, se for verdade!) Raquel Pacheco, mais conhecida como a prostituta e personagem Bruna Surfistinha, estudou no Bandeirantes e tinha tudo o que muitas pessoas queriam ter. Todavia, preferiu o mundo das incertezas e se tornou uma putinha de luxo. As narrativas sobre os momentos no colégio Bandeirantes são capazes de te deixar embasbacado, uma vez que pensamos que o colégio é super-rigoroso, mas não é severo o suficiente para perceber e punir uma garota que (praticamente) masturba um garoto durante as aulas. E como se não bastasse, há ainda situações de masturbação e felação (boquete, para os leigos) na rua! Não entendam o meu comentário a respeito do colégio Bandeirantes como algo moralista; devido à classe social de quem estuda no colégio, é incomum pensar que coisas citadas no livro possam realmente ter acontecido. Logo, me surgem na cabeça duas opções: ou é mentira o que tá no livro ou há muitas coisas sob o pano. Sobre as mentiras, fiquei me perguntando: o que é verdade nessa narrativa? Certamente deve haver situações descritas de forma diferente de como aconteceram...

A polêmica Bruna Surfistinha não se limita à personagem criada por Raquel Pacheco; o livro já gerou outros dois, chamados O Que Eu Aprendi com Bruna Surfistinha e Na Cama com Bruna Surfistinha (que me remeteu audaciosamente ao documentário lançado por Madonna em 1990) e também houve um escrito pela garota cujo namorado foi “roubado” pela Surfistinha, chamado Depois do Escorpião. Não posso deixar de negar que achei muito acertada a escolha do nome do livro! Se recomendo? Sim, recomendo. Lê-lo não vai atrapalhar sua vida - não vai, contudo, acrescentar grandes coisa também.

Luís
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Putz…fui le-lo anos depois de ser lançado e ainda assim é um livro muito falado. Seriamente…achei um livro bom. Se foi a própria Bruna Surfistinha que o escreveu, tenho que admitir que pensei que fosse algo muito muito pior.

O estilo do livro é um dos que eu mais gosto: diário. Nele sempre podemos conhecer melhor os personagens e entrar na vida deles. Achei o livro em partes triste, porque mostra todo o lado marcado dela, todas as escolhas erradas e etc. e sempre torcia pra chegar as partes que ela falava da vida pessoal, da infancia, da adolescencia até sair de casa. Acreditem, a pornografia é interassante, mas é o de menos nesse livro. Sobre a pornografia, há partes muito curiosas, como a que ela fala do encontro com dois famosos e a maneira diferente de eles agirem com respeito a sua popularidade, a parte do fetiche do cara com o nº 2, e a do outro que quer “uma mãozinha” dela. Tenho que concordar com o Luís nas partes que ela evita usar pinto, cu e etc…irrita, mas não atrapalha. Vale a pena ler, não na frente da sua mãe, pois sabemos qual a imagem que Bruna Surfistinha traz.

Renan

9 opiniões:

Cristiano Contreiras disse...

Livro que é puro lixo, puro vazio e, ao meu ver, nem instiga sensualidade por ser tão sem graça.

Dizem que ela teve a opção de vida e que devemos respeitá-la, aceitar a sua vida de prostituta.

'Opção de vida', 'entrou pelo prazer' e 'pela satisfação pessoal', tudo bem...tudo bem. Mas, estamos falando, ainda, de PROSTITUIÇÃO, né mesmo?

Independente da escolha ou não, independente da vontade e da opção - estamos falando sobre PROSTITUIÇÃO. E, ao meu ver, será sempre algo sujo, estranho, lamentável e banal!

Não vejo beleza alguma nessa "oção de vida e trabalho ou prazer, ou sei lá o que pode ser chamado", me desculpe: mas quanto a isso, tenho o direito de ser radical sim.

Prostituir-se, em todas suas variadas formas de vida, é algo extremamente lamentável, é observar como um ser humano pode ir rumo ao inverso da progressão moral. Bruna tem sim o direito, a opção, a escolha de ser uma prostituta - ou mesmo uma advogada conceituada - isso é com ela. Mas, eu não tenho que acatar isso como 'normalidade', não mesmo.

Lamento o quão podre se encontra a sociedade imersa neste mundo tão predatório...

E o que esperar do livro? um best seller da mediocridade!

E o filme adaptado com a Débora Secco comprova esta euforia da banalidade. E tenho dito.

Abraço!

Leonardo Marques disse...

O Doce Veneno do escorpião não é um livro que vá da uma cadeira para a Raquel(Beuna Surfistinha) na Academia Brasileira de Letras, mas é legal quando você ja leu todos os clássicos da sua pratileira e esta sem nenhum para se entreter. A respesto da escola, eu acho que pode ser verdade sim. Não é porque é uma escola de pessoas com classe social alta que não vai acontecer. Eles são adolescente e quando o assunto é sexo, são todos iguais.

Unknown disse...

Ainda não li esse livro, mas já li inumeras criticas sobre eles, e acreditem, nunca li uma com a mesma opinião.. hehehe

Abraços

Paulo Alt disse...

Haha, destaque para a parte do "SuperPop (bahh!)" hehe. Sabe, nunca digo "não" lerei tal livro, ou... "não" assistirei tal filme. Mas uma coisa posso contar pra vocês... a vontade de perder meu tempo com esse ai é totalmente nula, pra não dizer que pega a escala do negativo. Mesmo pensando, como o Renan, que seja algo "muito pior".

Mas uma coisa que me revolta sobretudo? Há milhares de escritores fantásticos que ainda não foram descobertos ou não conseguiram nenhum contrato com editora nenhuma. São coisas de um "literário" verdadeiro, jornalístico... enfim... não apenas um relato-de-telefone. Enquanto que ela conseguiu "surgir". Ainda me pergunto o pq disso. Pela "profissão" apenas?

Abraço!

Marcelo A. disse...

Ainda não li o livro e, apesar do Luís falar que em nada mudará minha vida, deu vontade de conferir. Se alguém tiver pra me emprestar, agradeço, já que não tô disposto a gastar meus parcos reais com ele. Mas vamos ao que interessa...

P..., C..., B...?! Que coisa mais escrota! Será que isso foi uma iniciativa da própria Bruna ou foi uma decisão editorial? Aliás, quem é a editora do livro?

Agora, o detalhe delicioso da resenha de vocês ficou por conta do final do Renan: "Vale a pena ler, não na frente da sua mãe, pois sabemos qual a imagem que Bruna Surfistinha traz."

Hilário.

Uahahahhaaaaaaa!!!!

Leonardo Marques disse...

Propaganda Feita!
Boa Sorte no Prêmio PO 2009!

Luís disse...

CRISTIANO Você que diz nos seus posts que devemos aceitar os "diferentes" como os homossexuais, criticando uma escolha de vida? Muitas mulheres devem pagar as contas e cuidar de uma casa com o dinheiro da prostituição. Acho também que há outros meios de ganhar a vida, mas se ela escolheu essa, devemos respeita-la. Por fim, acho que o livro não tem nada de mais, mas pode ser divertido de lê-lo

LEONARDO: Concordo. Não é o nivel social que mudará os instintos humanos que são aguçados quando o tema é sexo. Quem sabe ela não escreva mais alguma coisa e não ganha uma cadeira na ABL? HUAUHAUUHA

RODOLFO: Acho que isso se deve pelo fato do livro causar diferentes impactos nas pessoas, mas acho difícil alguém dizer que ele é uma obra prima.

PAULO: Quando tiver nada pra ler, experimente esse. É realmente triste que autores bons sejam encobertos por livros como esse, mas vivemos num mundo capitalista...nem sempre há qualidade no que nos é exposto.

MARCELO: A editora é a PResença, e realmente...colocar as inicais em vez do nome é extremamente tosco.

LEONARDO: Quando sai o resultado?

Renan

Anônimo disse...

Ainda não li o livro mas tenho curiosidade sim de saber o que leva uma mulher a seguir essa vida e como é na real fazer essa escolha... Acredito que por isso esse livro tenha tido tanta popularidade, por tratar um tema não muito comum de ser exposto no dia a dia. Já li o blog e achei até que ela sabe se expressar legal... Não critico ela, pois cada um faz da sua vida o que quer, apenas tenho minhas opiniões.

Anônimo disse...

Eu sei que essa sua publicação foi feita há muito tempo atrás, mas hoje tive uma vontade de dar um google no nome Raquel Pacheco e eis que me deparo com seu blog.

Caso você ainda não acredite nos trechos do livro referente ao Colégio Bandeirantes, posse informar que as cenas descritas REALMENTE aconteceram.

Eu estudei na mesma sala que a Raquel por dois anos e, embora eu deva admitir que não era muito próximo dela, algumas de suas amigas da epóca faziam parte do meu circulo de amizade.

É digno de nota que contrário ao que muita gente pensa, o colégio bandeirantes (pelo menos na época em que eu estudei lá) era muito liberal em relação aos alunos (do primeiro colegial em diante os alunos podiam sair do colégio durante as aulas, no primeiro ano em que estudei lá *quinta série* ainda era permitido fumar no pátio do colégio, não existia uniforme obrigatório *Apenas nas aulas de educação fisíca*, e eram muito raro as vezes em que o colégio convocava os pais de um aluno *geralmente eles apenas enviavam uma carta quinzenal com as atitudes "inconvenientes dos alunos" por correio e o boletim, e cabia aos pais a decisão de marcar uma hora para ir ao colégio).

Adicione a isso o fato de que muitas das coisas relatadas no livro acontecerem ou fora da propriedade do colégio (como o caso do sexo oral) ou "escondido" (como no caso do laboratorio de quimica). Além disso, durante as aulas a Raquel era uma psoa extremamente "comum", não se destacava muito - tinha um pequeno grupo de amigas de descendencia niponica, notas um pouco abaixo da média, pouco participativa - ou seja, acredito que seria muito dificil alguem do corpo docente perceber um comportamento diferente digno de preocupação por parte dela. Suponho que muitas pessoas do nosso ano (mas que estudavam em outra sala) também não tinham conhecimento do que acontecia na época.

Mas, sim.. os comentário rolavam entre os alunos, mas duvido muito que alguém comunicasse o mesmo aos professores.