3 de abr. de 2010

Capitães da Areia

Jorge Amado, 1937, 269 páginas (Editora Companhia das Letras)
Pertence ao Modernismo, faz parte da lista integrada FUVEST/Unicamp - 2010
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Capitães da Areia é o penúltimo livro nacional de leitura obrigatória na FUVEST/Unicamp que traremos aqui no blog. Capitães da Areia traz como tema principal, uma crítica social: os garotos de rua.

Narrador:A história é contada em 3º pessoa por um narrador onisciente, que é aquele que sabe de tudo, pois além de narrar o presente dos garotos, o narrador conhece o passado deles. O tempo é o presente, dando a impressão que as ações estão acontecendo no mesmo momento da leitura.

Espaço: Todas as ações acontecem em Salvador – BA em sua maioria nas ruas das cidades, onde os garotos furtam pra viver, além da rua há outros espaços como as casas que eles analisam antes de roubar ou o trapiche em que eles dormem. A data em que ocorre o romance é imprecisa, mas pesquisando, vi que parece ser algo entre de 1928 e 1932, pois em 1917 eclodiram as greves operárias, na qual o pai de Pedro Bala morreu.

Personagens:
● Pedro Bala: É um jovem loiro de 15 anos que tem como característica física, um corte no rosto. Durante a 90% do livro, ele foi o chefe dos Capitães da Areia, retirando do poder Raimundo, o antigo líder. Ágil, esperto e sabendo respeitar a todos, ele se consolida no poder. Bem no final do livro, depois da morte de Dora sai do grupo para organizar e comandar os Índios Maloqueiros, outro grupo de meninos de rua em Aracaju, deixando Barandão, outro do Capitães da Areia como líder. Depois disso ficou muito conhecido por organizar várias greves inspirado no seu pai, que morreu em uma.

● Dora: Personagem mais importante, depois do Bala. Chega no meio do romance com treze para quatorze anos e era a única mulher do grupo e se adaptou bem a ele. Depois da primeira impressão onde todos queriam estuprá-la; conquistou facilmente o grupo. Seus pais haviam morrido de alastrine (varíola) e ela ficou sozinha no mundo com seu irmão pequeno. Tentou arrumar emprego, mais ninguém queria empregar filha de bexiguento. Aí ela encontrou João Grande e professor que a chamaram para morar no Trapiche, e logo ela já era considerada por todos como uma mãe, irmã e para Bala uma noiva. Ela participava dos roubos com os outros meninos. Morreu queimando de febre, não antes de se entregar para o verdadeiro amor, Pedro Bala

● Professor: O único parcialmente estudado do grupo, pois era o único que sabia ler. Era um garoto magro, inteligente e calmo. No seu tempo como um do grupo ele contava diversas histórias para os garotos divertindo-os, além de ler notícias, principalmente para o Volta Seca. Além disso, ele ajudava a arquitetar os planos de roubo. O professor era quem planejava os roubos dos Capitães da Areia. Depois de muito tempo aceitou um convite e foi pintar no Rio de Janeiro.

● Gato: O mais bonito e o que mais se dava bem com as mulheres mais velhas,em especial Dalva, uma prostituta, que era sua companhia permanente, dando a esse personagem a marca do “malandro”. Na última parte do livro, ele vaipara Ilheús tentar a sorte.

● Volta-Seca: Imitador de pássaros e afilhado de Lampião; era mulato e sertanejo. Na última parte vai em busca do padrinho, onde é recebido e mais tarde tratado como um dos mais impiedosos matadores do grupo.

● Sem Pernas: De longe o melhor personagem do grupo. Seu apelido advém de uma deficiência na perna que o torna coxo, além de ser agressivo e individualista. Ele penetrava nas casas abusando da boa vontade das pessoas para descobrir onde estavam os objetos de valores. Era roubando que se vingava da sociedade. O único caso que ele se sentiu mal foi o de ter roubado Dona Ester que o acolheu como o filho que tinha perdido. Seu final foi suicidar-se quando a polícia corria atrás dele, tendo assim, sua última vingança contra a sociedade.

● João Grande: Negro, mais alto e mais forte do bando, porém o menos dotado de inteligência. Desde o começo foi um dos líderes do grupo e os outros o respeitavam por ele ter a força física e também por ser bom com os outros. Além disso, gostava muito de Querido-de-Deus, com quem, juntamente com outros membros, aprendia capoeira. No final, ele embarcou como marinheiro, num navio de carga do Lloyd.

● Pirulito: Era magro e muito alto, além de ser o único do grupo que tinha vocação religiosa apesar de pertencer aos Capitães da Areia. Quando parou de roubar, para sobreviver vendia jornais, seu destino foi ajudar o padre José Pedro numa paróquia distante.

● Boa Vida: Era o mais malandro do grupo, pois não participava dos roubos e para contribuir, roubava alguns objetos repassando para o líder, Pedro Bala. Seu destino foi virar um malandro da cidade, que vivia a andar pelos morros compondo sambas.

Outros Personagens:
● João-de-Adão: Estivador, negro fortíssimo e antigo grevista, era temido e amado em toda a estiva. Através dele, Pedro Bala soube de seu pai, pois este também era um estivador grevista. Segundo ele, a mãe de Pedro falecera quando ele tinha seis meses.
● Don’Aninha: Mãe de santo, sempre os ajudava em caso de doença ou necessidade.
● Padre José Pedro: Introduzido no grupo pelo Boa-Vida, conhecia o esconderijo dos capitães, além de ajudar Pirulito com a sua vocação.
● Querido-de-Deus: Pescador, juntamente com João- de- Adão tinham a confiança dos meninos, que, por sua vez, não mediam esforços para recompensar esse apoio.

Enredo:
O livro é dividido em quatro partes: “Cartas à redação” constituída de supostas cartas a redação em respostas a uma matéria sobre os capitães da areia. Nas respostas há pessoas que defendem e outras que acusam o grupo. “Sob a lua num velho trapiche abandonado” e “Noite da grande paz, da grande paz dos teus olhos” são os trechos intermediários. “E por final há Canção da Bahia, canção da liberdade”, parte que define o futuro dos personagens.

São aproximadamente quarenta meninos de todas as cores, entre nove e dezesseis anos, maltrapilhos e sujos que dormiam nas ruínas do velho trapiche, e liderados por Pedro Bala eles roubam para sobrevive, e desde muito joves já bebiam e fumavam Além desses pequenos expedientes, os Capitães da Areia praticavam roubos maiores, o que os tornou conhecidos, temidos e procurados pela polícia, que estava em busca do esconderijo e do chefe dos capitães. Esses meninos se pegos, seriam enviados para o Reformatório de Menores, visto pela sociedade como um estabelecimento modelar para a criança em processo de regeneração, com trabalho, comida ótima e direito a lazer. No entanto, esta não era a opinião dos menores infratores. Sabendo que lá estariam sujeitos a todos os tipos de castigo, preferiam as agruras das ruas e da areia à essa falsa instituição.

Um dia, Salvador foi assolada pela epidemia de varíola. Como os pobres não tinham acesso à vacina, muitos morriam, isolados no lazareto. Almiro, o primeiro do grupo a ser infectado, ali morreu. Já Boa-Vida teve outra sorte; saiu de lá, andando. A confusão, causada pela presença de Dora no armazém, foi contornada por Pedro. Os meninos aceitaram-na no grupo e, depois de algum tempo, vestida como um deles, participava de todas as atividades e roubos do bando. Pedro Bala considerava Dora mais que uma irmã; era sua noiva. Ele que não sabia o que era amor, viu-se apaixonado; o que sentia era diferente dos encontros amorosos com as negrinhas ou prostitutas no areal.

Quando roubavam um palacete de um ricaço na ladeira de São Bento, foram presos. Parte do grupo conseguiu fugir da delegacia, graças à intervenção de Bala que acabou sendo levado para o Reformatório. Ali sofreu muito, mas conseguiu fugir. Em liberdade, preparou-se para libertar Dora. Um mês no Reformatório feminino foi o suficiente para acabar com a alegria e saúde da menina que, ardendo em febre, se encontrava na enfermaria. Após invadirem o reformatório, Pedro, Professor e Volta-Seca fugiram, levando Dora consigo. Infelizmente, não resistindo, ela morreu na manhã seguinte. Don’aninha embrulhou-a em uma toalha de renda branca e Querido-de-Deus levou-a em seu saveiro, jogando-a em alto mar. Dali pra frente, cada um seguiu seu rumo na vida.

Tive uma agradável surpresa lendo Capitães da Areia, pois diferente dos outros livros, esse é extremamente agradável de ler, por isso recomendaria para qualquer pessoa, vestibulando ou não, esse livro. Em algumas partes, as comparações com outros livros como Robin Hood e Peter Pan são inevitáveis, mas claro, isso são opiniões pessoais. Gostaria de agradecer também um site que eu pesquisei muitas informações e alguns trechos foram pegos de lá, mas infelizmente não guardei o link para postar aqui.

Renan

8 opiniões:

Joao Carlos disse...

Os personagens de Jorge Amado são mto cativantes e você fica apaixonado pelas pessoas e Capitães de Areia é um marco da obra dele, e o remuso aqui é muito útil... E mais, aproveitando q o blog é sobre literatura e cinema e aproveitando ainda q o post é sobre Jorge Amado, tá pra estrear o filme Quincas Berro D'Água, q é baseado no livro A morte e a morte de QUincas Berro D'Água.

cleberh2006 disse...

Ainda não li Capitães de areia, mas depois dessa fiquei com vontade de ler...

Marcelo A. disse...

Olha, Renan, eu concordo com o cara aí de cima. Jorge Amado é um grande autor! Construía personagens como poucos e é dono de uma prosa coloquial, agradável de se ler. Pra mim, seguramente, um dos maiores autores do mundo!

Sua resenha está muito, muito boa mesmo. Parabéns! Deu até vontade de reler "Capitães de Areia", porque faz muito tempo que o li.

Abração!

=)

Dark Evening disse...

Bom, odeio "leituras obrigatórios" que vestibulares fazem, o índividuo deveria ler por que quer e não porque está sendo obrigada.

Mas, mesmo assim me pareceu interessante depois de ler sua "sinopse" de capitães de areia, embora não seja muito fã da literatura nacional. Mas, certamente tentarei adicionar este livro a minha lista de "leituras".

Obrigado pela dica. =)

Tania Montandon disse...

Não conheço esta história, mas gosto do que pude ler de Jorge Amado, pela simplicidade de estilo, originalidade cativante e inebriante. Um remédio para alma!
Obrigada pelas informações, quero conhecer quando puder.
beijos

Unknown disse...

Li Capitães da Areia duas vezes. Até hoje a história de Dora com Pedro Bala e o fim do Sem-pernas fazem parte de mim. Um livro muito bom que merece ser lido. Parabéns pelo post. Voltarei aqui mais vezes!

Vitor Hugo disse...

Por coincidência caí aqui... Só um adendo o livro se passa na cidade da Bahia, conhecida como a Bahia de todos os santos, na obra... apesar das referências a Salvador, o espaço da obra não carrega o nome da cidade que a inspirou...
Estou dizendo isso, pq o seu resumo da obra é um dos que mais aparece no google e alunos lerão e saírão reproduzindo!
Abraços

Anônimo disse...

Li e adorei o livro , leria de novo e compraria.