Up. EUA, 2009, 96 minutos. Animação.
Vencedor de 2 Academy Awards: Melhor Filme de Animação e Melhor Trilha Sonora Original.
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O estúdio Pixar tem mostrado com suas animações que a Academia adora os roteiros dessas obras feitas para entreter singelamente e ainda mostrando um tema moralista. Ano passado, com Wall-E, fomos apresentados à destruição da terra, causados por nós mesmos; esse ano, conhecemos a importância de interagir bem com todos ao nosso redor. Curiosamente, tanto uma obra quanto a obra foram nomeadas na categoria Melhor Roteiro Original.
Carl Fredricksen é um velho rabugento, cuja vida quando moço fora repleta de felicidade ao lado de Ellie, sua esposa falecida há algum tempo. Juntos, planejaram levar a casa deles para o topo de uma montanha, de onde brota uma cachoeira. No entanto, nunca conseguiram isso e somente quando a prefeitura decide retirá-lo de sua casa para ceder o terreno para uma grande empresa que Carl põe em prática o seu plano: ir voando até aquele lugar em sua casa.
Gostei muito de como foi estruturado o começo do filme. Os jovens se conhecendo e tendo um momento de afinidade instantânea – o clubinho viraria um casamento muito feliz. Enquanto casados, ambos eram felizes. Com a morte dela, Carl se torna um homem fechado e antipático, provavelmente tendo essa mudança de comportamento por causa da solidão que sentia. Gostei do modo como esse personagem foi tratado, mas honestamente penso que ele seja redondo demais. Primeiro, é um homem feliz, quando velho se torna rabugento e, de novo, volta a ser feliz. E a sua mudança comportamental no final do filme realmente me deixou incomodado. Nem parecia a mesma pessoa de tão rápida que foi a sua transformação de cara mau em cara bom. Achei a criança um verdadeiro incômodo. Não entendo por que as crianças sempre têm que ser retratadas dessa maneira chata e inconveniente, sempre querendo fazer suas vontades. Eu sei que é assim, mas, como estamos lidando com ficção, poderiam representá-la de um modo mais ficcional, até porque num filme onde cachorros falam, cozinham e limpam a casa e onde uma casa voa, há espaço para qualquer elemento fora da realidade. Odiei aquele menininho gordo chato, odiei.
O roteiro é divertido, consegue reunir uma série curiosa de eventos, que inclui uma casa voando, um homem de provavelmente mais de 100 anos, uma ave exótica e conhecida apenas por três seres humanos, e cachorros sobrenaturais. A viagem de Carl e do gordo chato é bem engraçadinha e em nenhum momento eu me senti entediado ou cansado do que via. Curiosamente, estava até gostando. Ouso dizer que me entretive mais do que quando assisti Wall-E – a diferença é que enquanto Up tem problemas no roteiro e no desenvolvimento, Wall-E não os têm, tornando-se, então, uma obra mais recomendada. Talvez o defeito de Up seja o fato de que é uma obra criada com certa previsibilidade. Enquanto assistia, eu facilmente percebi que Carl e a criança encontrariam o animal que o aventureiro procurava e também tinha certeza de que o velho de repente se tornaria melhor amigo do garotinho. Por ser uma obra também voltada para o público infantil, decerto haveria essa mudança no velho, mas mesmo assim acho que isso poderia ter sido explorado de um modo menos superficial e previsível. E aquela batalha épica travada no final do filme me pareceu desnecessariamente longa e, evidentemente, previsível também.
Sabem o que me fez pensar que esse filme valesse a pena? Os quinze minutos iniciais. A forma sintética como foi mostrado o relacionamento de Ellie e Carl, desde que se conhecemos até a morte dela, me deixou tocado. Achei realmente bela aquela composição e isso me motivou a continuar vendo o filme, já que, como muitos devem saber, eu simplesmente não tenho paciência ou gosto por obras animadas. Embora eu tenha reclamado um pouco do roteiro, creio que tenha sido justa a indicação que o filme recebeu nessa categoria. Só não entendi bem o porquê de ter sido indicado como Melhor Filme, já que essa obra não tem estrutura para tal indicação.
Acho que Up é um filme interessante para se ver. Nenhuma obra-prima, mas ainda assim um filme muito divertido, que rende bons momentos e que, apesar de haver problemas, consegue manter a atenção de quem o confere. Acho que agora poderiam fazer um curta-metragem expandindo aqueles quinze minutos iniciais... eu assistia ao curta-metragem com gosto.
Luís
Crítica | Robô Selvagem (2024)
Há 4 horas
4 opiniões:
Ah, o começo de Up é uma das coisas mais emocionantes que já vi. Sabe, assisti esse filme com minha sobrinha, quando a Ellie morre, ela disse "Acho que vou chorar"... Eu já estava chorando...kkk
Bem, tem uns problemas no roteiro mesmo, e eu até gosto do garotinho... ri muito com ele. Gostei mais ainda do cachorro.
Como você disse, vale a pena só pelo começo do filme.
Abraço!
Quando falei com você sobre Up, o que te falei? Que os primeiros quinze minutos eram um obra-prima. E eu não estava brincando. Eles valem por todo o filme que, pra mim, está entre as melhores animações que assisti.
Abração!
Pretendo ver.
Sobre a indicação de Melhor filme, acho que ele só entrou porque eram 10 indicados ao invés de 5. Um Homem Sério também foi indicado dessa categoria e eu simplesmente não vi qual foi o motivo da obra ser produzida.
Acho que "Up" é um filme que tem pouca história, mas que se sai muito bem como aventura. Não é o melhor da Pixar, mas tem uma cena memorável: aquela sequência em que acompanhamos a vida do casal. Amei aquilo!
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